Procura-se, pra alugar
Um imóvel conjugado
Pra casal de fino trato
Que está apaixonado
Que seja de frente pro mar
E com vistas par o luar
Num lugar bem sossegado
Com todas as dependências
Inclusive de empregada
Com varanda e corredor
Elevador na entrada
Bem perto da padaria
Com pão quente todo dia
Pra agradar minha amada
Pode ser mobiliado
De frente para o nascente
De modo que bem de manhã
O sol acorde a gente
Devagar e com carinho
Esquentando o nosso ninho
Com seu brilho incandescente
Preferência, sem vizinho
Pra não ser incomodado
Dar palpite em nossa vida
A menos que educado
Não pode é ser solteiro
Rapaz novo e festeiro
Que vive embriagado
Tem que ter mais de um quarto
Com um berço instalado
Nunca se sabe o futuro
Nunca se esquece o passado
Numa emergência qualquer
Homem que adora a mulher
Sempre um filho é esperado
Mas o berço não tem pressa
Não está em nosso plano
Estamos em lua de mel
Não pode haver desengano
Pois assim termina a festa
Muda-se o tom da seresta
Não se ouve o piano
Não se vê luar bonito
Não se tem tempo pra nada
Passa-se noites em claro
Trocando sempre de fralda
À cada hora um choro
Interrompendo o namoro
No meio da madrugada
Faz esquecer o conselho
Do médico previdente
Pra usar a camisinha
De borracha consistente
Mas esse foi nosso apuro
Foi quando surgiu o furo
Da qualidade aparente
Foi isso que aconteceu
A fraca camisa furou
Agora o vizinho reclama
Do barulho que lhe restou
Está tudo esculhambado
O aluguel atrasado
E nosso sossego acabou
Pra encurtar a conversa
Fiquei só, desempregado
O meu amor foi embora
O menino abandonado
Já procuro outra mulher
Que venha de onde vier
Pra deixar tudo arrumado
Não prometo mais conforto
Fica tudo por combinar
Comida, roupa e trabalho
E, de noite, me namorar
Arrumar bem a cozinha
Tomar banho, bem limpinha
Pro nosso menino cuidar