Cordel... Folheto pendente
Na velha feira da vida
Antigo sobrevivente
Da palavra assaz sentida
Que alimenta a batida
Ao exausto coração
Dos poetas... Povo-chão
A florir verso a verso
Nas trovas do universo
De corpo e alma em razão...
O corpo... É o caixão
Depois do berço e da cama
O receptor da emoção
Ao longo de toda a trama
Palco... Cenário e drama
No teatro permanente
Onde passa toda a gente
Até que enfim a morte
Carimbe o passaporte
Infeliz ou felizmente...
A alma... Deusa latente
E dona do pensamento
É a bruxa deprimente
Ou a fada do alento
Qu´impulsiona o contento
Ou determina a tristeza
E até transforma beleza
Em passagem de horror
Quando o ódio sem amor
Trai a própria natureza...
A razão... É a grandeza
Que estabelece a função
Espécie de chama acesa
Que doseia a combustão
Consoante a condição
Da fogueira inclemente
Que tenaz e indiferente
Nunca cessa de arder
Até a cinza escrever
Cordel... Folheto pendente...