A madrugada entrou em meu quarto fazendo brisa em meus pensamentos, a cortina num manso vai e vem ameaça atirar-se pela janela sem acreditar que o outono insiste continuar verão, o som das ondas sussurra saudades doídas dentro de minha alma encantando os meus pensares que desenham o perfume do seu corpo. Saio hipnotizado pelo encantamento do inexplicado repleto de poesia, o silêncio das coisas humanas se faz pauta pra melodia que orquestra a inspiração vinda do mar, sei que você não estará bebendo a lua sentada na areia, mesmo assim algo me atrai. Meu pensamento quer mudar de rumo, voltar e entornar a garrafa de vinho no tapete do quarto ao lado da sua boca que ficou batom no cálice vazio, não posso; os pés seguem o vulto das lembranças.
A areia se faz leito pro meu corpo sedento de ti, as ondas vêm fazer poemas em minhas lágrimas que se confundem com a estrela cadente desprendida do firmamento, o céu feito papel negro escreve estrelas que ouvem meus gritos calados a repetir o seu nome. Desejo que das ondas surja você estendendo-me os braços como a tomar-me querendo beijar, a imensidão das águas beijando a praia apaga os rabiscos escritos com os dedos, olho no horizonte a curva do mundo escondendo meus medos que assistem a lua sorriso a brincar de incendiar meus desejos dançando o cálice nos teus lábios insinuantes.
A sinfonia do mar cantando poesias de ti em mim traz o sono que me toma.
Sonho você.