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Artigos-->PRÓ-ATIVOS E PRÓ-REATIVOS, UMA QUESTÃO DE IVP -- 05/05/2002 - 11:31 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRÓ-ATIVOS E PRÓ-REATIVOS, UMA QUESTÃO DE IVP

J.B.Xavier







Das muitas histórias que se creditam ao grande poeta Olavo Bilac, há uma que acho particularmente interessante e que se presta muito bem à essência deste artigo:



Contam que o dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o um dia, na rua, e lhe pediu:



- Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o anúncio para o jornal?



Bilac apanhou imediatamente um papel e escreveu:



"Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e murmurejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranqüila das ardes, na varanda".



Meses depois, o poeta torna a encontrar-se com o amigo, e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.



- Nem pensei mais nisso - disse o homem. Quando li o anúncio que o sr. redigiu é que percebi a maravilha que eu tenho !!!”



Este homem é um reflexo acabado da maioria de nós, que vivemos a nos queixar de tudo e de todos.



Percebo que não há o que faça nos sentirmos satisfeitos. Se estamos desempregados, reclamamos contra o país, e acusamos – dedos em riste – o sistema, os políticos, e o governo de maneira geral. Se estamos empregados, reclamamos do empregador, do tipo de trabalho que executamos, do horário, do trânsito, do amigos de profissão etc. Se vamos a um clube, costumamos apontar não as coisas boas que tantos se esforçaram tanto para que estejam ali, à nossa disposição, mas os defeitos e erros, que - sabemos nós - sempre estarão em tudo o que for feito pela mão humana.



Se vamos ao cinema, reclamamos do ar condicionado, se vamos ao teatro, reclamamos da acústica, ou da organização, se vamos ao parque, reclamamos do abandono, se saímos de férias reclamamos do hotel...



E assim vamos nos conduzindo pela vida como pessoas cujos olhos parecem servir apenas para ver defeitos.



Quando os defeitos estão restritos às generalidades, como as descritas acima, os prejuízos diretos são também apenas genéricos, e não lhes sentimos o efeito senão a longo prazo, quando teremos constatado que nos transformamos em pessoas amargas, rodeados de pessoas também ácidas – as únicas que nos suportam e às quais suportamos.



Mas quando esse pessimismo irracional se estende à esfera familiar, por exemplo, ou a um nível pessoal mais fechado, então o estrago que produzimos em nossa vida e às de outrem, pode, às vezes, ser irreparável.



Lembro-me de uma amiga, cujo comportamento era o de “reclamadora” nata. Ela reclamava dos filhos, que nunca deixavam a casa em ordem, reclamava do marido que não a auxiliava a educá-los, etc.



Um dia, ela recebeu do colégio onde seus filhos estudavam, um bilhete, de sua professora, cujo teor era o seguinte:



“Numa enquete feita em sala de aula, foi perguntado às crianças o que as tornava mais infelizes e mais felizes em seu dia-a-dia. Seus filhos responderam que o que mais os deixava felizes era a chegada do pai, ao fim do dia. Elas disseram que podiam brincar pela casa toda sem medo. Disseram ainda que o que mais os deixavam infelizes, era perceber que, para a senhora, tudo é mais importante que eles. Tal como a senhora, também sou mãe, por isso estou lhe escrevendo este bilhete, como um alerta. Desejo lembrar-lhe que dentro de alguns anos sua casa estará silenciosa e em ordem, como a senhora deseja, mas seus filhos já não estarão aí, para espalhar alegria. É uma questão de tempo. De pouco tempo. Aproveite-o. Seja feliz e torne seus filhos felizes.”



Minha amiga teve um choque ao ler o bilhete da professora, e veio a mim, juntamente com o marido, para que os orientasse sobre o que fazer para seguir os conselhos da professora.



Quisera eu que existissem mais professoras assim! Mas são pouquíssimas as que olham para as virtudes. Elas, na maioria, também fazem parte da legião dos que reclamam. Os professores dos colégios – públicos ou privados, reclamam das condições de trabalho, dos salários, etc. Os das universidades, idem, de maneira que tenho a impressão de que não há quase ninguém satisfeito pela maneira como vive!



Creio que não seja necessário frisar que não sou ingênuo ou visionário a ponto de pensar que não existem adversidades na vida. Obviamente que existem. Mas o que estou tentando ressaltar é a visão trágica e cataclísmica que insistimos em desenvolver sobre elas.



Não há noticiário, praticamente, sobre o que o país constrói. Mas, sobre desgraças, há até mídias especializadas. E, com o tempo, de tanto massificar os defeitos, vamos tendo a impressão de que somos um país de derrotados.



Aos poucos, no seio de cada família onde se cultiva o hábito de reclamar, as crianças vão se tornando pró-reativas, ou seja, vai morrendo nelas, aos poucos, a coragem de tentar, e como um câncer, em seu lugar vai se instalando o medo de errar.



Crianças assim tornam-se adultos inseguros, que tendem a transferir para outros a responsabilidade pelas suas dificuldades.



Ora, não se constrói adultos bem sucedidos a partir de crianças inseguras.



O contrário também é verdadeiro. Em famílias cujo ambiente é de alegria e liberdade – não confundir com libertinagem – crescem crianças que se animam com o tentar. São crianças pró-ativas, que não temem admoestações pelos erros, e assim, tornam-se criativas e sadias psicologicamente.



A diferença entre as pessoas pró-reativas e as pró-ativas, é que, para as primeiras, os erros são tragédias que atestam sua incompetência, e para as segundas, os erros são acidentes de percurso que as motivam a continuar.



Diante de uma situação qualquer da vida, e dos seus aspectos positivos e negativos, o pró-ativo, que tem olhar amplo, vê ambos. O pró-reativo, eu tem olhar focado em erros, pensa que viu.



Costumo dizer em minhas palestras, para simplificar, que a diferença entre pessoas pró-ativas e pró-reativas, é o nível de IVP, ou seja, o Índice de Viração Própria (antigo termo científico que acabo de inventar).

Nas segundas, esse nível é sempre baixo, ao ponto de, às vezes, afetar a auto-estima. Nas primeiras ele é sempre alto, tornado-as capazes de enfrentar situações adversas e ainda assim, tirar vantagens delas.



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