Usina de Letras
Usina de Letras
159 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50615)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->PERNA PRA QUE TE QUERO -- 15/04/2003 - 23:07 (Sardemberg Guabyroba) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não tenho dúvidas de que o preconceito é inerente a natureza humana. Por isto que a sociedade fica nessa eterna troca de imprecações, um acusando o outro de tê-lo chamado disso daquilo e aquilo mais e o outro xingando e dizendo que quem foi discriminado foi ele e não o seu interlocutor. A verdade é que basta você existir para ser rotulado.

"Huum! Que bebê sebento esse que nasceu!"

"Nossa, é muito burro mesmo"

"Você é feio e eu não gosto de você!"

"Dá-lhe, gordo!"

Se fosse só esse tipo de coisa, tudo bem, mas quando entra no mérito do racismo etc e tal, aí a coisa fede!

Por tudo isto e muito mais, resolvi contar o caso de uma conhecida, pobre sofredora, que carregava mil preconceitos no lombo (alguns até a levavam ao orgasmo, mas tudo bem), mas cheia, absolutamente cheia de amor para dar.

Cláudia Pocotó. É assim que a chamavam. Manquitolava com a perna esquerda, porque, quando tinha 18 anos, teve relações sexuais com um barbeiro em plena barbearia e, na hora do gozo, a navalha acabou rasgando-lhe o Tendão de Aquiles e, dali pra frente, nunca mais conseguiu andar com passos firmes e simétricos. Mas todo o amor que tinha para dar na flor da idade continuava explodindo-lhe pelos poros e pelas tetas murchas de quem já tem 38 anos e não tem dinheiro para colocar uma próteses de silicone.

Se ela estava sentada num café ou num restaurante, ainda apareciam uns antropófagos de meia pataca que arriscavam uma cantada naquela carne de segunda. Porém, quando eles se levantavam para ir para algum lugar mais sossegado e ele percebia o problema da Claudinha Pocotó, simulava um ataque cardíaco ou um mal intestinal súbito, saindo, tal qual o velho Leão da Montanha, pela direita (os reacionários) ou pela esquerda (os simpatizantes de Mao, Fidel Lenin e Sunda. Como, você não conhce o Sunda? Bah, tchê!).

Mas para toda ação temos uma reação e para toda regra tem de haver uma exceção, nem que for na porrada! E um dia apareceu um fariseu que, mesmo vendo o andar claudicante da Cláudia, manteve-se tranqüilo e determinado na empreitada a que se propos desde o início.

-Você não deixou de gostar de mim porque sou aleijada?

-Que isso menina! O importante é o que temos por dentro e não por fora...

Hummmm! Aquilo era papo de paquerador de sexagésima segunda categoria, mas para Cláudia que já estava pré-disposta a fazer sexo até com gargalo de garrafa de água sanitária, aquela situação era absolutamente soberba. Foram para um motel daqueles que cobram dez reais por 12 horas e ainda oferecem um prato de sopa. Foi só o sujeito entrar no banheiro, que Claudinha tirou seu trapos e ficou peladinha da cabeça ao pé e meio. Foi para a cama pulando (não havia escolha devido à sua condição) e ficou esperando pelo seu pretenso algoz sexual.

Quando o cara abriu a porta e acendeu a luz, Cláudia deu um grito tão alto que os outros casais que estavam nos quartos vizinhos começaram a dar socos na parede pedindo para eles gozarem mais baixo. E o que a nossa menina viu? Hã?! Hã? Nada, mas nada mesmo, entre as pernas daquele que lhe prometeu amor.

-Mas você não tem pinto...

Ele, chegando mas perto dela, falou:

-Não meu bem. Eu não tenho a perna esquerda.

Foi aí que ela pôs mais atenção na situação e viu que o que o deveria ser a perna esquerda do sujeito, na verdade tinha saco e um cabresto de glande na parte que encostava o chão.

"Acho que ainda estou no lucro" - Pensou Cláudinha Pocotó, ao tempo em que se enroscava no pescoço do seu par.

Uma graça de casal. Eles se identificaram tanto que casaram e estão juntos até hoje. A única coisa que chateia Claudinha no sua cara metade é quando tem aqueles acessos de espirros alérgicos e a perna esquerda da calça começa a tremular tal qual flâmula de clube estendida ao vento.

Ele, diante do defeito (ou virtude) que tinha, estava pouco se lixando para a falta de um tendão na perna esquerda do seu claudicante amor.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Vocês ouviram a história
Da Claudinha Pocotó
Jararaca no porrete
Transa numa perna só

Pocotó, Pocotó, Pocotó, Pocotó
A Claudinha Pocotó

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

"O amor é lindo", "só o amor constrói" ou "perna pra que te quero"? Francamente, fiquei sem saber que velho deitado, digo, velho ditado usar para fechar essa linda história de perseverança, compreensão, tolerância e consolo (e que consolo!).
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui