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Poesias-->Reflexo -- 10/09/2003 - 00:30 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) |
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Olhar fixo no verde terreno
Capturo o vórtice alado
Que meus ombros assustam
Justo agora, quão próximo estava
De eternizar seu movimento
Num piscar de mecânicos olhos
Passa por mim a borboleta
Volto atenção para outro lado
Por onde andará aquela flor alada
Que bate palmas ao vento?
Insisto em minha humilde utopia
Disparo a correr pelo campo sem fim
Em trôpegos passos afoitos
Sem ligar para os galhos no rosto
Divago com o meu outro encoberto
Por que empreendo tão tola jornada
Cujos motivos me são vedados à razão?
Melhor buscar algo útil, garantir meu futuro
Amarrar em meios fios pragmáticos fins
E do meu outro vem a irônica resposta
“Afinal, amanhã é o mesmo dia!”
Num piscar de olhos metafóricos
Percebo o quão errado estamos nós dois
Eu, arrependido de um nobre rapto estético
Ele, meu espelho, irônico e ingênuo
Por não percebermos o óbvio (aviltante)
Eu não sou o espectador nem ele é o crítico
Nem a borboleta é uma revelação kodak
Lá estou cá eu novamente a correr
De braços abertos e sem câmeras
Pelo campo da reflexão realizada
Não mais objetivo capturar o movimento
Nem tampouco amarrar o futuro
Sei apenas que somos, eu, ele e a borboleta,
Fugazes aparições para os estetas desse mundo
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