vivo, o ar, morto, respiro o pó
na morte tenho a honra de ser nada
na vida, tão fugaz, tão desgraçada,
o gozo de ter sido jovem, e só...
e quando a juventude, louca e perturbada,
parece encontrar a essência de tudo no prazer,
vem essa enorme e escura praga nos dizer
que a vida é sopro, é vento, dissimulada
em fantasia, em sonho, em transes juvenis,
que fazem-nos julgar que a glória passageira
é fruto de estarmos nesse mundo feliz,
cercado de mulheres, com distinta carreira,
um status perene de sucesso que não condiz
com a terrível foice nas mãos duma caveira!
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