nestes duros tempos
de faces geladas
e olhares de concreto,
é-me certo que uma imensa corda,
chamada indiferença,
se há estendida entre os homens,
tão inquebrável e infinita
que os torna invisíveis uns aos outros:
eis porque o amor é matéria em extinção
e na amizade o único risco é jamais
termos um único e verdadeiro amigo.
não tenho amigos,
inda que me reste, profunda e dolorida,
a necessidade de uma só amizade.
tenho um amor, somente um.
às vezes quero ter todas
as mulheres do mundo.
questiono-me por que uma amizade
só já me seria suficiente e todos os amores
quiçá me deixassem insatisfeito.
quem sabe seja porque a amizade
e amor se comprem com pagas de naturezas
distintas: aquela não tem preço, este, bem...
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