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Artigos-->ciência, poesia e prática -- 02/05/2002 - 09:44 (Clóvis Luz da Silva) |
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O ser é social...Homem animal?
Razão irracional...Bicho!
Em agregação esse “Homo Sapiens”,
Na sociedade dos seres vivos,
Biologicamente ativos,
São objetos de que ciência?
Ciência social?
Biologia animal?
Controle pré-natal
Controle anti-social
Contorcer a idéia de ciência...
Condorcet tem idéia de ciência?
Ciência humanóide
Que analisa o asteróide
Homem e macaco e o planeta dos macacos
São todos iguais
Todos são animais?
“Ordem e Progresso!”
É tudo o que eu peço!
Não contem com o Comte
Prá mudar o mundo
Tudo é natural, fruto de norma legal
A lei naturalmente regula o social
E quem não “regula” querendo subverter
Essa ordem vai ser tratado como anormal?
E quem é o tolo que vai lutar
Contra a força do Império?
Então, Sr. Revolucionário, fala sério...
Seja sábio e se convença:
A pobreza no mundo
A miséria e o mal profundo
São leis naturais...
Seja natural e morra
De velhice legal!
Ó cientistas social
Veja o mundo sem preconceitos
Não deixe a ideologia tirar tua razão
Pra que contaminar tua ciência
Com essas visões de mundo viciadas?
Siga a receita que o Positivismo ensina
Siga a fórmula e o resultado será imparcial
A sociedade, Sr. cientista, é regida por leis imutáveis
Esquece revoluções...insurreições
Como podes crer em milagres:
Podes mudar a trajetória do sol
E diminuir o brilho das estrelas?
Como queres compreender o mundo
Os homens do mundo se usas
Lentes ideológicas, utópicas e míopes?
Segue a receita, homem,
Segue a ordem e obterás progresso!
A realidade é infinita?
E é tão imensa que não se pode conhecê-la plenamente?
Um conjunto de coisas
Seres coisificados
Cada qual com seu número de série
Homens, mulheres, crianças, cavalos...
Nascem, crescem e morrem
E quem se importará com a morte do João?
Quem se importará com as torres que tombaram?
Que método aborda aquela morte
Que método, essas?
Homens são gotas do mar?
E o oceano é feito de sangue e cérebro?
O que é mais importante:
A maçã colhida ou o corpo do soldado em Waterloo?
A mãe que vê o filho morrer de fome
Importa-se com os corpos despedaçados das batalhas?
É lógico ver o céu e não senti-lo azul?
Ou ver o sol e não sentir seu calor?
Quis dizer Weber: “O fato e o valor são
Imparissílabos, intocantes, díspares...”?
Um soco na face pode suscitar-me a ira
Contudo não posso deduzir do fato
Que o meu agressor é vil?
Que sua mãe o abandonou criança?
Que sua mulher o traiu?
Eis aí juízos de valor
Oriundos de um fato?
Uns se explicam pelo outro?
O meu rosto dói
E o coração dói
Que coração: do agredido ou do agressor?
Devo dar a outra face
Ou retribuir o feito?
Nenhuma coisa nem outra
Devo saber que minha reação ao fato
Não pode estar submissa à minha têmpera!
Que engano é esse?!
Como posse ver um mendigo morto
E não questionar: por quê?
Seria ela qual uma árvore cuja morte
Pouco me angustia?
Como pode minha ciência ser isenta
De minhas convicções?
O corpo que cai ao lado
As lágrimas que abundam no mundo
Fruto de tantos assombros sociais
Chagas que enfeiam a vida
Nada me dizem?
Sou eu uma fria máquina que calcula os fatos
Contabiliza as tragédias e diz:
“Nada posso fazer”?
A indiferença aos caos social
Às evidentes violações da humanidade
São amostras de uma imparcialidade científica?
Ou evidência de uma hipócrita e fútil ciência,
Que foge do horror por covardia?
Toda ciência é parcial
Na medida em que a razão
É manipulada por forças históricas?
Ser imune às pressões ideológicas
Estar livre de suas próprias convicções
E por isso não imprimir nos atos
Nenhum desvio que lhe exponha a parcialidade
É tão impossível quanto olhar o fogo
E não ponderar como tal elemento
Age contraditoriamente à mercê de quem o manipula:
Aquece do frio
Mas em excesso mata...
Cozinha o alimento
Mas em excesso o torna impróprio...
Tanto quanto ao abrir os olhos o recém-nascido
Estranha a luz, rejeitando-a reflexamente,
A mesma que o guiará no restante dos dias...
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