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Artigos-->Entre o dever e o desânimo -- 28/04/2002 - 20:43 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ENTRE O DEVER E O DESÂNIMO



Francisco Miguel de Moura *



Diante da instabilidade social e política, das teorias filosóficas estanques, das religiões encarquilhadas, das instituições que nascem e morrem ao sabor de políticos incompetentes, corruptos e materialistas até a última gota, sinto-me cada vez mais desalentado, sem nenhum estímulo para escrever. Mas vejo-me obrigado, pois todo homem é um animal político, como disse Aristóteles. Já o povo, esse o verdadeiro filósofo, fala hoje um tanto diferente: - “Não adianta você não se incomodar com a política, pois ela está constantemente se incomodando com você.”

A política é quem nos coloca no centro das decisões, no meio do torvelinho, cada um ainda como indivíduo. O indivíduo só se tornará pessoa quando tomar conhecimento e atitudes diante da política. E é dos muitos indivíduos e principalmente das muitas pessoas, suas ações e reações, que se faz a comunidade, a sociedade, as nações, os estados, os governos. Política deveria ser uma atividade nobre. Dirigir o destino dos homens em comunidade, tentar melhorar seu descortínio intelectual com a escola e institutos congêneres, conservar sua saúde com a ciência e a medicina, sua segurança com os melhores guardas e soldados, se possível sem armas, que coisa bonita! Mas a maioria dos profissionais da política busca o poder a qualquer custo, todos os meios justificam os fins. Só contam os objetivos quase sempre pessoais, individuais, imediatos e materialistas como já observou Maquiavel. Assim, os homens de caráter, de moral ilibada, de bons propósitos, que se dispõem a trabalhar pelo bem comum, não se arriscam a entrar na política, no jogo sujo que os outros exigem, ou quando o fazem logo desistem.

A humanidade atravessa um período dos mais perigosos de sua história. Até a década de 80, da última centúria, o mundo era dividido em dois: Estados Unidos de um lado, União Soviética do outro. Havia, é fato, a guerra suja entre os dois blocos, havia também muito desmantelo, mas sempre se vislumbrava uma esperança, de um lado ou do outro. Agora, não. Vivemos a hora de limbo, de falta de perspectivas, só há um mundo, o mundo sujo em qualquer parte. Daí revigorarem-se as fábricas e o comércio de armas, a droga e o terrorismo, que todos têm caráter individual. E não é com esse caráter que está sendo refeito o mundo em que vivemos? Cada um por si. Deus é um mito muito distante, uma pálida lembrança. Embora as religiões contestem. Mas a fé desapareceu do coração da humanidade, pelo menos do lado do Ocidente. Acredita-se apenas na ciência. E quem faz a ciência? O homem. E o homem... Esta é a situação, crua, incrível. Sei que me vão contestar. Tudo bem. Nesta área (pensar é só pensar) ainda se pode contestar. Na área política, não. Falo da política superestrutural, a que manda no mundo, a política de Bush, o presidente dos Estados Unidos da América do Norte, que se quer “o dono do mundo.” Viram, meus leitores, o que aconteceu com o embaixador brasileiro Maurício Bustani, que dirigia a entidade controladora das armas químicas no mundo? Caiu, embora tivesse a maioria de seus pares na entidade e na própria ONU. Foi derrubado por pressão de George W. Bush, porque os Estados Unidos não querem submeter-se a nenhuma inspeção neste sentido. A entidade que Maurício Bustani dirigia chama-se CEPAQ (Organização para Proibição de Armas Químicas), órgão das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda.

Para Bush, democracia, verdade, humanismo e merda (desculpem-me a expressão chula) são a mesma coisa, quando se trata do seu interesse e do interesse – muitas vezes escusos – dos Estados Unidos. Ele não foi eleito pela maioria do povo americano, é filho de George Bush, que foi presidente antes dele, e de uma burocracia tão velha quanto os complexos do filho que quer imitar, superar o pai a qualquer custo, mesmo com a morte da mãe.

Já falei mil vezes que a humanidade sofre uma das piores fases da sua história. Queira Deus isto não acabe mal para o homem, para a espécie. Ou dividimos o poder com a razão e a sabedoria, ou o poder nos destruirá. Já a política deve ser uma atividade da inteireza, sob a inteligência da razão e da crítica, para uma sociedade aberta. Mas se o poder se concentra política, econômica, científica e até artisticamente, a sociedade tende a corromper-se e a desaparecer através de um tremendo desastre.

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* Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL e do Conselho Estadual de Cultura e presidente do Partido dos Aposentados da Nação (PAN). Endereços: Av. Juiz João Almeida, 1750 – Teresina-PI, fone: 233-5218 e 8329, e-mail: franciscomiguelmoura@ig.com.br

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