PEDRA BRUTA
Quem são esses que me pisam,
Ofendem-me, me esnobam?
São doutores com diplomas,
De palavras polidas,
Que a escrita dominam.
Chamam-me de pequena,
De mulher na ignorância.
Nada sabem do que sou,
Do que fiz,
Ou que vivi.
Julgam-me pelo que alcançaram,
São esmerados, educados,
Mas do coração,
Muitas vezes, nada sabem.
Dizem que me falta estudo,
Para que eu possa mostrar
Ao mundo o que sinto.
Sou pedra bruta,
Em meio a tantas lapidadas.
Mas no ponto e vírgula,
Eu insisto...
Não está o que eu sinto.
Não tenho diploma de doutora,
Nem tão pouco sou professora,
Apenas nas linhas que escrevo,
Mostro as minhas verdades,
Minhas emoções banais,
Para outros mortais.
Não quero ser grande poeta,
Nem ter nome importante
Na sociedade.
Quero ser apenas
Para poucos,
A lágrima da saudade,
O sorriso da liberdade,
A pureza da alma,
O amor na verdade.
Cleide Yamamoto.
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