Vai ser um glorioso dia
Se conseguirmos fazer
Alguns versos mais perfeitos,
P’ra nosso gáudio e prazer.
Eis por que nós declaramos
Ser hoje dia de treino.;
Por isso, preste atenção,
Ao adentrar nosso reino.
Se buscarmos novas rimas,
Deixe a mente liberada.;
Quem sabe nos adiantemos,
Segundo a data aprazada.
Reunimos uns versinhos
Já prontos para o ditado,
Mas é preciso saber
Que nem tudo está formado.
Veja que dificuldade
Tivemos na quadra acima.;
Eis que de novo falhamos
No controle desta rima.
Vamos pedir ao irmão
Não se impressionar com nada.;
Deixe livre a sua mão
E a mente desocupada.
Eis que tivemos sucesso
Em bem mais duma quadrinha.;
Esperamos, pois, o ingresso
De mais uma pobre linha.
É claro que reclamamos
Da falta de inspiração.;
Mas que fazer, amiguinho,
Se é fraca nossa razão?
Não era isso que nós tínhamos
A intenção de discorrer.;
Queira, numa outra ocasião,
A vibração atender.
Por pouco, não entregávamos
Nosso bom ouro ao bandido,
Fazendo com que este irmão
Ficasse desatendido.
Cremos que o dia vai indo
— Navio de vento na popa —,
Pois estamos prosseguindo,
A deglutir nossa sopa.
Claro que muito devemos
À ousadia deste irmão,
Pois jamais redigiremos,
Com tão pouca confusão.
Os versos no alto ditados
Não se encontram entre os nossos,
Pois todos que preparamos
São magros: estão nos ossos
Chegou o momento azado
P’ra despertar o leitor:
Oremos, contritamente,
Formosa prece ao Senhor.
Chegou a hora, parece,
De resumir, finalmente,
Tudo que acima dissemos
E que jazia na mente.
É mui belo o fim do dia,
Quando o trabalho se finda.;
Louvemos com alegria,
Pois não há coisa mais linda!
Se tivermos a coragem
De enfrentar o desafio,
Moveremos a engrenagem:
O verso sairá sadio.
Tudo o que acima dissemos
É a mais completa verdade.;
Só que nós não conseguimos
Rimar com propriedade.
Não importa, bom amigo,
Se não estamos contente.;
O importante é o desafio
Ao coração do valente.
Estamos chegando agora
À metade do caminho.;
Em breve, vamos embora:
Você vai ficar sozinho.
Que festa será no dia
De acabar o treinamento.;
Por certo, estarei pensando:
— “Chegou ao fim o tormento!”
Vamos adiantar um pouco,
P’ra ficar perto do fim,
Porquanto estamos cansados
De tanto sofrer assim.
Quem me dera conseguisse
Uma só quadra perfeita,
Pois a turma ficaria
Muito alegre e satisfeita
Nós vamos deixar o posto,
Nesta horinha derradeira,
Com um sorriso no rosto,
Erguendo nossa bandeira.
Vamos, por certo, deixar
Nossa marca por aqui,
Embora nem sempre ouvíssemos
Elogios do Wladimir.
Como se pode saber
O que virá logo após,
Se o bondoso do escrevente
Não nos cala nossa voz?
Pois chega de sofrimento!
Dos dedos nos doem as pontas,
De tanto medir a métrica:
Tantas são as nossas contas.
Perdoe-nos a brincadeira,
Já que ficamos cansado.;
Não tanto aqueles do etéreo
Mas os que estão ao seu lado.
Não queira continuar
Forçando esta barra, amigo,
Pois nossa boa intenção
Vem de tempo bem antigo.
Hoje, não damos vazão:
Estamos fora do abrigo.;
Já não temos contenção:
Bem aí mora o perigo.
Iremos continuar
Só mais um pouco contigo
Para bem determinar
Quem é realmente amigo.
Pois não parece contente:
Está bravo, está furioso
O nosso caro escrevente,
Que não vê nada glorioso.
Só lhe damos esta trela,
Por julgarmos que progride.;
Perdoe-nos, todavia,
Se esta nossa fala agride.
Veja que temos segredos,
P’ra continuar rimando.;
Nem sempre somos tacanhos:
Basta atenção ir prestando.
Se aumentarmos este ritmo
Será que conseguiremos
Tornar as coisas mais fáceis?
Pois será o que tentaremos.
Não hoje, mas outro dia,
Já que o fôlego acabou.;
Seria patifaria:
O mundo não desabou.
Não queremos terminar
De forma muito inferior.;
Vamos, então, registrar,
Mais um pouquinho de amor.
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