Não ficamos satisfeitos, nós do “Grupo das Azaléias Multicoloridas”, com as transmissões do irmãozinho Paulo.
Julgávamos que iríamos ocupar muito mais espaço com análises percucientes, de modo a propiciar aos encarnados numerosas apreciações dos fatos sociais relativos à história recente do país.
Jeremias discutiu conosco esse aspecto das decepções, obrigando-nos a aceitar, por força de sólida e irretorquível argumentação, que pretendíamos induzir o mensageiro a realizar obra que estava em nossos planos e não nos dele.
A única desculpa que tivemos para pálida refutação foi o fato de havermos esgotado os recursos de exame da realidade material das personagens, em companhia do autor. No entanto, quando se punha na qualidade de mensageiro diante do médium, buscava justificar os atos e os pensamentos, despreocupado com a ingerência nos temas que poderiam constituir-se em pontos de interesse dos encarnados, notadamente dos que não se dedicam aos estudos espíritas.
A pergunta era a seguinte:
— Se as pessoas de crença espírita receberem críticas de seres que, sabidamente, são muito imperfeitos, não se abalarão para outras obras, deixando de absorver o que desejamos demonstrar-lhes?
Assim, queríamos levar todos os leitores a ponderações impregnadas de fatores culturais do presente, aplicando as noções sociológicas de caráter científico de Kardec, no pressuposto de que a Doutrina deveria receber incrementos valiosos para o crescimento, em função da complexidade da vida moderna. Parecia-nos que, no tempo da Terceira Revelação, o mundo se estruturava segundo valores que se perderam. Foi Kardec, apoiado em seus mentores espirituais, quem insistiu no aspecto evolutivo da ciência espírita, prognosticando, para o século XX, que o Espiritismo se transformaria também em religião, o que, salvo melhor juízo, não está ocorrendo senão nas mentes das pessoas e não como instituição. Inclusive, para muitos chefes setoriais, se assim se podem considerar os presidentes de centros espíritas e os diretores de diversas federações, qualquer tentativa de estabelecer alguma espécie de culto é vista com desagrado e rejeitada “in limine”, ficando os que tentaram a implantação com a pecha de “umbandistas”, para apenas mencionar o melhor.
Em suma, não viemos para perturbar os fiéis discípulos da Doutrina, a não ser quando e se estiverem interessados na aplicação do desenvolvimento científico aos temas espíritas.
Hão de perguntar os amigos como é que um ser tão despreparado para essa discussão de caráter positivo, advogado fracassado, que se confessou desligado justamente das aludidas matérias, como a Física, a Química, a Astronomia, as Matemáticas, iria dar empurrão nesse sentido.
Justamente, queríamos deixar claro que a humanidade não está voltada para o mesmo objetivo de Kardec e que era preciso que os expoentes do Movimento Espírita observassem que são poucos os ramos das Ciências que se adaptam, para reparar as falhas teóricas dos conhecimentos do tempo do Codificador, para tornar mais precisas as conclusões a que ele, com cabedal menos aperfeiçoado, chegou.
Não era para se esperar que nos sentíssemos frustrados?
Esperamos captar vibrações de amigos interessados em suprir as deficiências apontadas, para auxiliá-los na elaboração de trabalhos de caráter científico, modestamente, como incentivadores e não como inspiradores. Não foi bem assim que Kardec procedeu aos estudos que consignou nas obras, notadamente em “A Gênese”, a partir das mensagens do “Espírito Galileu”, pela pena mediúnica de Camille Flammarion?
De qualquer modo, o empreendimento haverá de ser de grande fôlego, para o que incitamos que os ínclitos se reúnam, programando o desenvolvimento de cada tópico, encontrando especialistas capacitados pelas diretrizes metodológicas do saber, em função das leis do amor, da solidariedade, do humanitarismo cristão.
Para que não se suponha que estamos indo muito além das atribuições que nos são delegadas pelos professores, imaginem-se aqui conosco a observar a humanidade sofredora perdendo oportunidades valiosas de soerguimento espiritual, ao passo que nós recebemos total assistência, para cumprirmos os pontos obrigatórios de curso que não se limita à ampliação dos conhecimentos mas que deve afetar o próprio procedimento.
Enfim, corremos o risco de não sermos bem compreendidos, o que não nos tem perturbado, tendo em vista o fato de que não seremos atingidos em nossa integridade, embora possamos pôr a perder as mensagens dos amigos que nos antecederam, pela discriminação que os encarnados possam fazer quanto aos que ocupam lugar junto a esta mesa.
Não há contradita: Kardec precisa ser aperfeiçoado (não negado ou renegado), pelo menos no sentido da atualização dos conhecimentos, para que não acusem o Espiritismo de retrógrado, o que contrariaria o próprio pensamento kardequiano.
Quem pretenda, porém, que realizemos o serviço pelos humanos engana-se, pois essa não é a característica psíquica que desenvolvemos, como se comprovou através do amigo Paulo. Estamos apenas afligindo-nos com a degringolada possível da humanidade, tanto que nos atrevemos a vir trazer mensagens para auxiliar na análise dos fatos sociais e de suas repercussões para a evolução mental e moral de todos os habitantes do Planeta.
Que Deus nos proteja a todos!
Indaiatuba, de 13.06 a 25.07.95.
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