Com o binóculo hoje fiquei a observar daqui da casa de minha mãe uma chácara próxima.
Devagarzinho percorri com os olhos cada pedacinho.
Vi o bambual. É o mesmo da minha infància e as taboas sempre estiveram ali naquele mesmo lugar, se me recordo bem.
Vi o gramado banhado de luz e recordei meus pés descalços a percorrer todo aquele território.
Algumas árvores resistiram ao tempo, e outras só guardo na memória.
Recordei o canto das cigarras e a paixão que sempre senti pelo canto delas. Achava-o nostálgico e necessitava ficar sob a árvore a escutar.
Outras vezes estava com o espírito mais sapeca e subia na árvore para buscá-la. Com a mão em concha eu me aproximava e que alegria quando a pegava!
Recordando fui caminhando com meu olhar. Buscando talvez a menina cheia de sonhos que corria por aquelas terras.
Fiquei olhando o cafezal. Está acabado. E as laranjeiras também estão morrendo.
Depois... bem depois meus olhos pararam nos casarões, belas mansões! Estas não fazem parte de minha infància.
Foram construídas num tempo em que eu já não vivia mais aqui.
É uma bela paisagem que vejo daqui. O sol da manhã a deixa encantadora mesmo.
Mas ela está com o destino traçado. Vai se acabar. O proprietário já mandou lotear.