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Artigos-->Justiça, ética e filosofia no julgamento do outro -- 26/05/2017 - 01:40 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


JUSTIÇA, ÉTICA E FILOSOFIA NO JULGAMENTO DO OUTRO



João Ferreira

maio de 2017



É fundamental para o aperfeiçoamento das relações pessoais, sociais e humanas, em qualquer tipo de sociedade, a revisão de alguns fundamentos sem os quais as relações viram falácias de teor hipócrita.

A Humanidade é uma comunidade maior subdividida em comunidades menores. Dentro dessa comunidade maior, existem nacionalidades, fronteiras, línguas, continentes, culturas, religiões, artes, filosofias, comportamentos e ideologias. Em rigor, ninguém pode evitar que um indivíduo, uma comunidade ou um grupo pensem como massa ou como elite. Os pensamentos das pessoas se expandem em circulação livre na sociedade. Isto não quer dizer que a própria sociedade não deva melhorar, estabelecendo princípios educacionais que orientem seus membros para uma harmonia e uma realização individual e social, ao mesmo tempo. Tudo deverá ser feito em proveito da própria sociedade. O que não se pode é perder o rumo nem tão pouco a noção de que somos humanos. Há grandes movimentos orientados para garantir a ordem social e a paz na comunidade. Pena que nem todos os cidadãos trabalhem para a paz e felicidade própria e do outro. Há ainda uma falha grande quando falamos do direito, da justiça e da ética em favor do outro. Mas o que é o outro? Quem é o outro? O outro é todo aquele que não é o sujeito que fala ou que age. O outro é todo aquele que não sou eu. Ora, meus amigos, a Humanidade, se quiser caminhar para sua própria elevação e progresso tem de colocar, inadiavelmente, como base de educação de todas as suas crianças, de todos os seus jovens e de seus adultos alguns princípios básicos válidos para todo o mundo e que passam a ser pontos inegociáveis e absolutos de apoio para a formação do homem do presente e do futuro. O primeiro princípio básico é o seguinte: "que toda a criança descubra e coloque em sua cabeça que no mundo é só ela e o outro, todos os outros". Difícil entender? Tem de ser educada para entender. A base é dizer-lhe e mostrar-lhe, até ela entender, que "o outro" é seu coleguinha, seu pai, sua mãe, sua professora e todos aqueles que ela vê circulando na escola, na rua, em casa, enfim, os próprios atores que ela vê na TV. Após garantirmos que a criança absorveu a noção do "outro", na vida real e na vida do espírito, há que avançar para mostrar-lhe o segundo princípio básico, que tem estreita relação com o primeiro. Esse segundo princípio básico será o de descobrir as diferenças entre ele(ela) e o outro(a) e aprender a respeitá-las. Depois do princípio das diferenças, vem o terceiro princípio fundamental que é a tolerância. Funciona assim: descobertas as diferenças, a criança deverá aprender a tolerá-las, ou seja, a tolerar seu semelhante na diferença de cor, de raça, de nacionalidade, de religião ou de igreja, de clube ou de time de futebol, de classe social, de cultura. Será mais fácil de acreditar que, apaziguado o espírito no que toca à tolerância das diferenças, educada a alma para a prática da diferença e da tolerância, entraremos com maior facilidade na etapa seguinte que é a convivência. Será muito bom uma pessoa descobrir um dia que "saber conviver respeitando", é, por si só, uma etapa superior de evolução. A nossa sociedade está muito atrasada neste ponto. Ainda é difícil para certas pessoas conviver com outra pessoa que tem uma visão política diferente ou que é de classe social diferente. Como ainda é difícil para a maioria conviver com uma pessoa que escolheu um clube de futebol ou de basquetebol diferente ou que tem uma religião e uma igreja diferente ou que é de cor e que tem um filho também de cor na mesma escola de seu filho.

Achamos que se estes fundamentos forem colocados em nossas escolas infantis de zero a seis anos, assim como em todas as escolas de ensino básico, médio e superior, a sociedade dará um salto em sua evolução humana. Quando em nossos clubes, em nossos restaurantes e em nossas academias, virmos a tolerância, a convivência e a confraternização, isso será um sinal concreto de que a comunidade em que vivemos está progredindo e subindo em cidadania. Um dia, nós próprios poderemos ver os frutos nascerem graças a esta nova educação e a esta nova visão de mundo. A melhor prova de nosso avanço será quando contarmos a história de nossos pais e de nossos tios, que na sociedade velha só falava em "nós" e "eles" e desconhecia a realidade da "pluralidade política" e a realidade "multicultural" de nosso país. A título de recordação, lembraremos quando já estivermos avançados na consciência e no respeito das diferenças, da tolerância e da convivência, como era limitado, arrogante e atrasado esse tipo de sociedade que fazia seu número de orgulho quando falava em "nós" e "eles" como se alguém fosse dono do mundo ou da cabeça do outro. Todo esse comportamento que chocava e choca com a Constituição brasileira que garante os direitos humanos a cada pessoa em sua identidade, em suas crenças e em sua ideologia e não tolera discriminação entre cidadãos brasileiros.

Hoje, mais avançados, sabemos que santos e pecadores fazem parte da mesma igreja e que "uns" e "outros" são brasileiros. Que o país reúne numa comunidade nacional maior as várias diferenças. Que as diferenças convivem na tolerância. E que a convivência deve ser percebida pela inteligência e treinada para acontecer. Que a presunção, a mentira e a arrogância dividem. E que só temos um caminho: o caminho da fraternidade e da solidariedade cívica. Um grande lance da cidadania brasileira moderna. Uma cidadania que jura elevar-se através da combinação da justiça para todos, da ética como reconhecimento e tolerância do direito do outro, da filosofia como socorro para a elevação da mente e da arte como sublimação existencial.



João Ferreira

25 de maio de 2017

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