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Humor-->Merka Dante e a República de Pongo-Pongo -- 26/11/2002 - 15:18 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muito brasileiro (vale dizer, a companheirada petista) ficou de alma lavada ao ouvir Merka Dante engrossar a voz e torcer os bigodes, ao falar com um enviado de George W. Bush, Otto Reich, dizendo que o “Brasil iria endurecer o jogo com os EUA”. E, fazendo uma comparação lúdico-atlética com o esporte preferido dos americanos, Merka disse que nosso País iria utilizar um bastão de beisebol, não para bater na bolinha, mas para dar vergastadas na canela de Uncle Sam...

A fanfarronada de Merka me fez lembrar a República de Pongo-Pongo (1), citada no romance satírico do embaixador José Osvaldo de Meira Penna, “Cândido Pafúncio”. Pongo-Pongo é uma republiqueta formada por um arquipélago de ilhotas, localizada no sudeste asiático, próximo das Filipinas, e governado por um tiranete esquerdizóide de meia tigela, Shushufindi – o Shushu –, que teve seu cérebro lavado e reformatado em Paris, mais precisamente na rive gauche, onde teve mestres como Jean-Paul Sartre, o “filósofo da geleca” (2). Em guerrilha contra tribos locais, pela emancipação do país contra o imperialismo do cassino de Monte Carlo, Shushu, em seu primeiro discurso na Assembléia da ONU, utilizando palavras de baixo calão só ouvidas em alguns guetos do Brooklin, aproveitou para vilipendiar todos os imperialistas do mundo, que com muita Coca Cola e Sprite promovem a fome no mundo. Os EUA foram os mais atacados por Shushu, especialmente Ike (presidente Eisenhower). Porém, ao final do discurso, Shushu aproveitou para pedir um empréstimo de verdinhas a Ike, por intermédio da USAID, para promover o desenvolvimento e a autodeterminação de Pongo-Pongo – no que foi atendido de imediato...

Merka Dante tem alguma razão ao chiar que os EUA taxam produtos brasileiros, como a laranja e o aço. Melhor seria se baixassem as taxas, venderíamos mais para Tio Sam, criaríamos mais empregos em nosso País. Porém, Merka quer o quê, que Mr. Bush beneficie nossos plantadores de laranja em São Paulo, como Émerson Fittipaldi, e deixe que os plantadores da Flórida vão à bancarrota? Cada país tem o dever de defender o interesse nacional, antes do interesse estrangeiro. Além do mais, a vantagem brasileira, em relação ao preço da laranja, dá-se em função, principalmente, da baixa remuneração de nossos bóias-frias, que ganham um salário de miséria, para não dizer de escravo. Situação semelhante ocorre na China, que paga salários de fome a seus empregados – incluindo aí crianças, e até presos, que nada recebem –, conseguindo colocar produtos no comércio internacional a preços ínfimos. No início dos anos 90, com a escancarada abertura brasileira a produtos estrangeiros, muitas de nossas indústrias de calçado e de tecido faliram, como se verificou no Vale do Rio dos Sinos, no RS, e em Franca, SP. Depois da besteira realizada, em que torrou bilhões de dólares, o Brasil voltou a taxar produtos estrangeiros, para defender suas indústrias, e, aos poucos, com moderna tecnologia, passamos a competir em pé de igualdade com muitas nações, muitas vezes em condição superior.

Jogar duro com Uncle Sam, Merka Dante? Bela bravata para encorajar a companheirada! Deve-se, porém, dar um desconto na fanfarronada de Merka, pois ele anda ainda um tanto zonzo depois de se empanturrar com Gula Geleka (3) na festança da Avenida Paulista, para comemorar a vitória de Lula-laite, o futuro Grande Piloto da República de Pindorama. Para “jogar duro”, Merka poderia ter se referido a um esporte menos violento, por exemplo, o futebol, cujas regras ao menos conhecemos, e para o qual temos um gingado melhor que os americanos. “Jogar duro” num jogo que só os gringos conhecem, há o problema de Merka cair com o bumbum sentando em cima de um duro taco de beisebol. É a única “dureza” possível de ocorrer...


Notas pongo-ponganas:

(1) O nome completo da República de Pongo-Pongo é “República Democrática Popular Progressista, Científica e Revolucionária de Pongo-Pongo – RDPPCRPP”.

(2) Sartre pode ser chamado de “filósofo da geleca” por um de seus enunciados em “O Ser e o Nada”: “Tudo que é duro, sólido, consistente simboliza o em-si: duro como o mármore, a pedra etc. O para-si variável, frágil, que ‘não é o que é’ faz pensar no rio, na cascata, no mar. O liqüido, portanto, representa a nossa consciência móvel” (in “Introdução ao Mundo do Romance”, de Temístocles Linhares, Livraria José Olympio Editores, Rio, 1953 – pg. 403 e 404). Já que os seres humanos não são “consistentes”, “sólidos”, “duros como o mármore”, nem “frágeis”, “líqüidos” como um “rio” ou um “mar”, só podem ser uma grudenta e nojenta combinação de geléia com meleca, ou seja, “geleca”. Ou ainda “merdeka” – nome que certamente teria a aprovação do embaixador Meira Penna, que utiliza tal termo em “Cândido Pafúncio”. Pois, como conclui Sartre, “o viscoso é a vingança do em-si”. Fácil, não?

(3) Gula Geleka – prato suculento de Pongo-Pongo, misturado com algum tipo de psicotrópico estupefaciente, que serve para engordar os prisioneiros antes de serem comidos.


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