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Erotico-->19. PERIGO IMINENTE -- 05/03/2003 - 10:24 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nestes últimos tempos, enquanto vou descrevendo as reações mentais a respeito da jornada existencial, tenho estado absolutamente concentrado em mim mesmo, realizando a pesquisa do inconsciente, alheado das tarefas rotineiras que o alunado desta “Escolinha de Evangelização” pratica, no auxílio dos necessitados, conforme a disposição e a competência de cada um.

Antes, integrava conjunto de socorristas, na qualidade de ajudante geral, fazendo serviços de quinta categoria, inconformado sempre pela sujeição a seres simples, que não reconhecia como superiores a mim, tanto em facilidade de compreensão das diretrizes científicas, como em cultura geral aplicada aos fatos relativos ao mundo da matéria. Falando francamente, sem ferir a ninguém porque me desfiz dessa impressão, julgava-me muito mais inteligente e apto a levar avante os trabalhos de explicação aos infortunados e sofredores, para convencê-los de que o melhor para eles mesmos seria submeterem-se aos roteiros de assistência que a colônia oferece.

Mas esse sentimento de superioridade acabou no dia em que me deram a incumbência de levar avante a excursão dos beneméritos. Fui incapaz de concentrar-me para a obtenção dos fluidos astrais dos seres que nos assistem das esferas mais adiantadas, porque me preocupei apenas em demonstrar que era tão bom ou melhor que os outros. O egoísmo me derrotou.

Sei que o fracasso era prognosticado pelos mentores, constituindo-se em lição que deveria assimilar e introjetar, definitivamente, no âmago da personalidade.

Ao referir-me, na dissertação precedente, aos elementos “físicos” com que os seres envolvem os amigos e inimigos, como extensão energética irradiada, procedi a ato de irresponsabilidade, porque registrei impressões minhas, particulares, sem qualquer fundamento nas pesquisas dos mentores da instituição, querendo fazer crer em que possuo conhecimentos avançados na área.

O importante é que, de imediato, asseverei que necessitava ser orientado pelos mestres, reconhecendo fragílimas as observações, ainda mais porque não se trata de matéria de meu interesse, estagnado que estou nos conceitos jurídicos, a preconizar que me dou melhor no campo dos silogismos do que no da pesquisa científica.

Peço, pois, aos amigos que, se tiverem sentido vontade de estudar o campo para o qual chamei a atenção, que busquem bibliografia adequada dentre as obras mediúnicas, as quais, segundo me informam, se encontram à disposição dos mortais pela gloriosa pena de Francisco Cândido Xavier.

Todo este entrecho foi ditado de forma acentuadamente penosa, porque me senti obrigado a dissertar sobre algo que não tem, essencialmente, de ver com a minha pessoa, com os problemas que me têm agitado.

Devo referir-me, de novo, aos dias que passei trabalhando no etéreo, preocupado em executar os serviços de forma perfeita, para transmitir que estou tremendo de emoção, desequilibrado para a confecção de simples página de referência, sem a facilidade dos pensamentos cristalizados, os quais se derramam por folhas e folhas, espargindo sensações, contando casos, anotando referências a fatos e a pessoas, comentando atitudes, censurando, criticando, amesquinhando, denegrindo.

Suspeitei de mim mesmo quanto às reações psíquicas de Fabrício e de Anacleto. Disse estar, talvez, impedido de receber deles o auxílio moral que me devem por consangüinidade, porque estou predisposto a emitir ondas de maldade contra eles, por força de não ter lembranças agradáveis. Mas esse pensamento estava eivado de pertinaz rejeição à recente descoberta quanto a ser eu quem devera merecer a justa repreensão, por jamais haver realizado nada com satisfação, relativamente aos dois.

É a tábua em que me agarro, náufrago, ou seja, para não me afogar no oceano dos defeitos, desejei ver, na ausência de patrocínios de intervenções por parte dos gêmeos, motivo para me estender neste escrito, preenchendo alguns tópicos sobre outrem, para arrazoar, em seguida, que as pessoas se encontram sob influenciações as mais diversas, capazes de arrastamentos perniciosos. Dessa forma, poderia concluir que o acidente com os filhos estaria diretamente vinculado aos desaforos de Criseide e que o tiro na cabeça proviera da arma que matou meu pai, ou seja, os desaforos que sofreu da parte de Mercedes.

À vista de tão graves acontecimentos, o fato de não me apegar aos irmãos mais novos seria mera curiosidade sem importância, na reciprocidade que assinalei da antipatia. Sabemos que, irmão mais velho cinco anos, deveria tê-los protegido contra os eventos decorrentes da falta do pai. Ao contrário, aproveitei-me da tragédia para pespegar-lhes safanões, a princípio físicos e, depois, morais, culminando com a notícia que fiz questão de lhes passar maliciosamente do suicídio e da existência de outras mulheres. Desejava arruinar a figura paterna mais ou menos heróica ou legendária que conservavam por força das lições espíritas de Mercedes, que pedira aos quatro que rezássemos pela alma do homem transformado em protetor doméstico.

Capítulo especial a ser escrito nestas desconjuntadas memórias é o passamento de mamãe, dois anos depois do fatídico acidente com meus filhos. Para ele, porém, preciso preparar-me psicologicamente ou estarei arriscado a extrair conclusões precipitadas, conspurcando-lhe a memória, por falta de sensibilidade para as ocorrências no campo “neurovegetativo”, por imposição psíquica, o que se conhece como “psicossomatologia”.

Tenho recorrido ao Professor Jeremias para que me faça entender a razão de não estar impregnando-me, “profissionalmente”, com os problemas alheios, desde que me crescem os sofrimentos pela rememoração pormenorizada da vida e da passagem pelos crematórios conscienciais.

— Meu filho, disse-me ele, se é verdade que só o que você fizer pelos irmãos daqui por diante é que lhe irá propiciar a superação dos males antigos, também não há negar que existem, presentemente, pontos obscuros nos relacionamentos com diversos familiares. Tais obstáculos à normalização dos laços entre os seres demonstram sinistros sentimentos, dentre os quais a inveja, o ciúme, o ódio, a intemperança... Permita-me suspender o rol dos defeitos, porque não desejo constituir-me em libelo acusatório, pois reconheço que você tem realizado esforços consideráveis para a percepção da origem dos maus procedimentos e a melhor maneira de sublimá-los. Ora, como se poderá chegar a resultados verdadeiros, sem o escrutínio rigoroso de cada pequenina sensação de apego ou de desapego?

— Mas, aparteei, teria necessidade de levar aos mortais a descrição de cada faceta do caráter? Realizar os exames, compreendo, executo e aplaudo, quando me encaminho para as soluções. Transmitir nas sessões mediúnicas é que me tem sobrecarregado, especialmente porque exerço sobre a escritura o controle da inteligência, quando meu pensamento se imiscui na realidade, com o descontrole das emoções.

— Paulo, retorquiu-me, afagando-me os cabelos, o seu pedido para voltar ao trabalho de assistência aos sofredores não está sendo atendido pela realização em pauta?

Tive de reconhecer que me arriscava a imergir, tendo à disposição não apenas a bóia do serviço benemerente mas o melhor dos salva-vidas. Mas continuo apreensivo com as narrativas subseqüentes.

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