(À Profa. Dinalva Teles)
"Quantas saudades que tenho
Da aurora de minha vida
que os anjos não trazem mais "
Meus Oitos Anos - Casimiro de Abreu
Terminada a avaliação, eu era o derradeiro a me retirar. Detive-me, ob-servei a sala de aula vazia que não estava mais vazia, pois minhas lembranças fluíam, desfilavam neste instante deveras mágico, assaz onírico, que era o último dia de aula.
Guerras de giz, brincadeiras, testes, alegria quando aconteciam aulas va-gas, resmungos ao ter de repo-las, tudo isto desfilava em minha memória. Nas carteiras havia fantasmas, "recuerdos" dos colegas que conversavam, "colavam" nas provas, estudavam, namoravam, praticando toda a sorte de atos próprios aos estudantes (sejam eles do ginásio, primário, secundarista ou universitário).
À mesa do professor, pareceu-me ver alguns colegas sentados, em meio aos livros, apagador, atlas, revistas especializadas e outros materiais típicos das mesas de professores.
O quadro-negro (ou quadro verde???) outrora carregados de desenhos, esquemas, conceitos, agora repousa sem marcas de giz.
Desliguei o ventilador. Todavia, na minha mente ecoavam os pedidos, os gritos dos meus colegas para que o deixasse ligado, pois fazia calor neste verão tropical do Brasil.
Apaguei as luzes e as lembranças (que agora foram para as calendas gregas), diluíram-se no ar, deixando-me só, com uma lágrima solitária a es-correr pela face, obsecrando, suplicando, implorando ao tempo para que ele parasse e revivesse todas aquelas emoções de novo...
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