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Cartas-->A Carta II -- 11/12/2002 - 18:51 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Certamente quando receberes esta carta não estarei mais aqui, pois vou seguir no caminho das estrelas, morrendo de saudades de você que conheci tão pouco. Embora longe, os meus olhinhos estarão fixos em você. Só prá não esquecer aquele domingo foi tão bom te ver.
Apesar de não saber o quanto representei prá você, quis inventar um mundo onde a lua está sempre pura e a minha alegria supostamente alegre te faz rir, porque descobri que dentro de você, mora um anjo bom. Na verdade sou um cão solitário, como meu dono, branquinho, de olhos negros e uma cara de Vira-Lata; um grito emperrado, um alerquim, que desceu nesse planeta, com a finalidade de avisar ao dono da casa, que viver a vida não basta, talvez, ainda que em rápida passagem ser ou tornar-se significativo, mudar o rumo de algo ou alguém; marcar de forma definida e concisa os pés na areia da realidade, ser importante um segundo, vale mais que ser anônimo a vida toda. E você, além de perceber uma certa amabilidade, deixou crescer em seu coração o meu nome.
Sabe posso não ter nascido belo, quem sabe Ótelo; tão pouco fui grande, tão pouco romântico; quem sabe terno. O fato é que quando pousei os meus olhos em você e senti sobre mim aquela luz, vi quão sensível é tua alma, aflora como o botão sob o relento do orvalho na noite negra, a tingir-lhes às pétalas, a molhá-las o colo e a deixar sair do segredo da terra, em brados de emoção o que a simplicidade da vida tem com o amor.
De legado aos que ficam, deixo a minha última noite, que estava tão silenciosa, uns vaga-lumes, uma brisa fina, misturada ao sereno cru e o meu sorriso gritado, o meu pulo na calça cinza do meu dono. Ah! Que festa, quando o vejo chegar parece que tudo ficou bem. Aquele carro vermelho parado na subida da rampa, o portão que se abre e nós que corremos todos pá lá... um instante; os maiores amarrados e nós, eu, Léo e Bia ficamos a rodeá-lo, ele nos enxota e entra com o carro. Entre o mato em sua escura porção, um gemido calado, um vocativo incurso no vazio, pois ninguém responde ao chamado. Ricardo! Cadê o Ricardo ? O corpo que responde ao solo, o corpo que em segundo pulsa o último sinal de vida. Momentos de não se saber o que fazer prá salvar o que não pode ser salvo, o que não pode mudar de rumo, o que não pode mais ser, o que não estanca, além do doce tempo em que em convívio trouxe só felicidade.
Adeus!
Ricardo.
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