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Poesias-->DESAMPARO -- 25/06/2003 - 14:32 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESAMPARO

J.B.Xavier





Minha homenagem a todas as pessoas simples,

que, como disse Chico Buarque, "vão em frente sem nem ter com quem contar".



Me diga lá o sinhô

Que parece inteligente,

Do que adianta a gente

Tê diploma de dotô?



Prá que cursá facurdade,

Aprendê tanta equação,

Se por dentro o coração

Se rói de tanta mardade?



Prá que conhecê História,

Medicina, coisa e tar,

Se desaprende de amar

Correndo atrás de uma glória?



Pois eu, que aqui sô chegado

Lá do mato, pé no chão,

Eu tenho mais coração

Que muito dotô formado!



Com estas mão calejada,

Acaricio as crianças,

Que quase sem esperanças

Sente fome, nas carçada...



Já aquelas mão refinada,

De veludo, como as rosa

Gesticulam toda prosa

Dando a maior esnobada...



Seu dotô me exprique então

Por que que depois que estuda,

E se elege, esquece a ajuda

Que teve aqui do povão?



Eu sô cabra que não minto,

Digo na cara e no ato

Não me disfarço de rato,

E vô dizendo o que sinto!



Mas mesmo sendo assim rude,

Sô sincero cas pessoa,

Não gosto de quem magôa

De quem mente ou quem ilude.



Eu acho é que morrerei

Dizendo aqui pro sinhô

Que se formô em dotô

Mas não aprendeu o que sei.



Sei nada do tar de juro!

Sei nada de economia!

Só sei que no fim do dia

Continuo o mesmo duro!



Sei que não tenho emprego

Mas sei que prá trabaiá

Só sendo intelectuá,

Prá consegui um arrêgo!



Também sei que vou morrê

De fome, frio e sem teto

E carecendo do afeto

Que esperei de vósmecê.



Vou subi na construção

De ferro frio, de cimento,

E lá vô senti o vento

A me tocá o coração.



Cos otros colegas seus,

Lá embaixo tá o sinhô,

Mas eu lá no arto, dotô,

Tô mais pertinho de Deus!



* * *

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