“é a terra, meu Deus, terra, o que venho buscando
horizonte embaçado, palpitação e sepultura,
é mágoa que se acaba e amor que se consome,
torre de sangue aberta com as mãos queimadas”
Garcia Lorca
se falo por medíocres palavras, satisfaço os medíocres se falo com difíceis termos, sou tido como pedante então, pra gastar meu precioso tempo com falsidades prefiro calar, ou dizer tudo na forma mais silente possível.
não quero que me dêem glória...isso é vento
quero apenas ser reconhecido como alguém que disse
algo de bom, de aproveitável aos demais seres deste mundo.
muitos lutaram em vida por gloria vã
por títulos de acadêmicos pares,
brasões e fardas tão mesquinhos quanto inúteis.
venderam suas almas ao escrutínio alheio
fizeram-se objetos do julgamento de outros,
humilhando-se por cadeiras e títulos,
como se fosse possível julgar a alma de um poeta.
Faustino, poeta de infausta e precoce glória,
asseverou que um mau poeta é um mau homem
com mau homem é um médico sem habilidade para curar ou um advogado sem credenciais para defender.
todos somos poetas na medida em que abrimos
o peito a expor dele suas mais íntimas vísceras
suas dores mais amigas e os gozos mais tiranos
e nos anos que virão, quando todos estivermos mortos,
o que de bom ou ruim nossas palavras semearam
brotarão na mente e coração das novas gerações
e aí teremos a glória e o esquecimento comum
aos loucos que acreditam na insuperável força das palavras.
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