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Erotico-->14. PÁGINA DIFERENTE -- 28/02/2003 - 06:42 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

É forçoso que diga o que realmente penso de tudo o que tenho escrito e da atitude condescendente dos amigos do “Grupo das Azaléias Multicoloridas”, incluindo o bondoso Mestre Jeremias, que me tem dado preciosas orientações.

Posso dizer que esteja satisfeito com a forma da escrita, que se traduz em linguajar de bom nível, censurável, contudo, se tivesse o desejo de me ver lido pelo populacho mal alfabetizado ou, mesmo, por irmãos interessados em levar o conhecimento das peças aos desprovidos dessa qualidade social.

Não vou demorar-me a considerar o estilo, trejeito de humano desprecavido quanto ao fundo, que, no meu caso, exigiria léxico mais adequado às narrativas de cunho psicológico. Sou o que sou e transmito o que penso por meio de expressividade ao alcance de intelecto dotado de singulares processos lingüísticos, sem me esmerar no que concerne ao vernáculo clássico, tanto que imiscuo terminologia estranha aos parâmetros cultos e me aproveito de certos termos vulgares ou da moda, aplicando-os na exata acepção, o que significa dizer que não me deixo embalar pelos sentidos figurados, apesar de conhecer os aspectos conotativos adequados para exprimirem da melhor forma a idéia.

Quem tiver acuidade mental para a decifração das charadas e para a hermenêutica dos textos e dos contextos, deve ter verificado que não estou contente é com o fundo, com os temas, porque não descobri nada que pudesse ser original, que fosse vanguardeiro para a literatura espírita.

Comentei já a ajuda que dão os que contam sucessos mais próximos do ambiente dos leitores encarnados. Mas estarei executando esse real serviço de assistência espiritual? Terei sido sagaz o suficiente para apresentar facetas novas dos velhos problemas da humanidade?

Pensei muito nesse aspecto e concluí pela negativa, sem ser o que se poderia chamar de pessimista, de inconformado ou de insatisfeito contumaz com todas as coisas que faço, tendo em vista a série imensa de defeitos que averigüei existirem no caráter, na personalidade.

No tópico anterior, pretendi estender-me a respeito das coisas boas da vida. Bem pensando, poderia fazer lista bem mais alentada dos benefícios que tenho recebido dos amigos do etéreo, mormente depois que fui resgatado das Trevas, onde curti desespero quase inolvidável, que me gerou o terror da repetição dos erros pela incompetência em me tornar melhor.

Quando vivo, sabia que os criminosos não se regeneravam nas cadeias e esse julgamento me levava a subestimar os poderes da Justiça como instituição restritiva dos direitos dos que não souberam coordenar as ações dentro das bandas da moralidade, da civilidade, do urbanismo, da cidadania, do bom senso ou do senso comum. Evidentemente, punha conceitos pejorativos em relação ao desenvolvimento civilizatório a partir dos valores da sociedade, tendo cultura para cotejar com os sistemas dos países desenvolvidos do chamado Primeiro Mundo.

Essas idéias, que, na época, recebiam o apodo de superiores, de avançadas, não se constituíram em ideais de vida ou em filosofia do comportamento ético. Se me pedissem para elaborar textos publicáveis na grande imprensa ou na especializada, não teria fôlego intelectual para manter o tônus elevado do teor científico que deveria impregnar nas dissertações. Eram idéias, simplesmente, que levava comigo para o quartinho em que conversava com os clientes, na tentativa de ver nessas criaturas os “humilhados e ofendidos” de Dostoievski, para a improvável consignação de que o “crime e o castigo” não poderiam estar nas absurdas mãos de justiceiros do tipo dos “irmãos Karamazov”.

Quando me vi envolvido com seres estranhos, cuja atividade criminosa não lhes afetava a consciência, voltando a assassinar mesmo dentro das celas, precisando ser separados dos demais, para não virem a ser executados, acreditei, piamente, que o espírito humano é desvairado, a ponto de criar, de estruturar, de fundar e manter as instituições através de forças policiais legítimas, para ter quem faça o serviço sujo da eliminação dos inimigos que pululam dentro da miséria e que se revoltam, acusando, tacitamente, os que se postam no poder econômico e, por via de conseqüência, político, religioso, administrativo etc.

Quando pensava assim, revoltava-me pelas prósperas condições de vida da minoria, mas não me esforçava para integrar-me (será que posso dizer?) em alguma daquelas quadrilhas ideologicamente propensas a desbaratar, pela violência da guerrilha urbana ou campesina, o regime sob o qual vivíamos, ou seja, a terrível ditadura militar.

Eu me restringi a filosofar. Simpatizei-me com os que se sacrificaram, quer doando as vidas às causas, quer exilando-se para outros países, de onde podiam promanar influenciações subversivas.

Costumava imaginar Mercedes com razão e projetava as almas dos que morriam na espiritualidade, colocando, no Céu, os que eram vítimas das torturas e, no Inferno, os que eram alcançados pelas balas dos iconoclastas. Invariavelmente, eram mártires os representantes das forças subterrâneas, bem como eram sádicos os terríveis seres a soldo das forças armadas.

Não pude aquilatar quantos foram transferidos para as áreas de beatitude da celeste harmonia, entretanto, para surpresa minha, nas Trevas, encontrei diversos que colocara na categoria dos santos, sofrendo os mesmos horrores que eu, endividados e revoltados contra o Senhor, no hábito que se arraigou de desmerecer os que gerenciam a coisa pública, por força das conjunturas existenciais que agrupam os seres na face da Terra. Ali, reuniam-se em conchavos, em “aparelhos” de ideologia alienígena, realizando, em pensamento, as mais tremendas vinditas, não acreditando, muitas vezes, que estavam sob nova formulação corpórea, todos incapazes de perceberem a fluidez perispirítica.

Será que são estas as informações a que devo referir-me quanto ao recente passado desta pátria, quando muitos ainda se encontram na carne e prosseguem estagnados na mentalidade que formularam para si, desejosos de ver restabelecido o antigo estado de direito ou rindo-se da integração dos revoltados veteranos aos ideais burgueses? Será que não estarei, simplesmente, ofendendo as pessoas, pela convicção que firmaram, regendo o procedimento de acordo com normas estatuídas, sobre as quais não têm poder de alteração, não porque desejem e não consigam, mas, especialmente, porque não têm qualquer possibilidade de conceber algo diferente?

Se me tivessem entregue alguma página como a presente, na Terra (vejam bem, no período em que não me via premido pela tragédia), simplesmente a teria rejeitado desde o cabeçalho, incapaz de manter o interesse da leitura até este ponto, quando estou revelando miserável aspecto da personalidade. Diria que não era comigo e preferiria seguir construindo castelos de altas torres com masmorras apinhadas de gente fardada, togada, mitrada, engravatada. Mais tarde, incluiria as sirigaitas do sexo fácil e do desregramento moral, eu, machista e inconseqüente, com certeza porque fora por essa forma que aprendera a conceber a sociedade.

Não tenho poder de transferir para esse universo os ditames da Doutrina Espírita, especificando cada pequenina qualidade moral para suplantar os defeitos de interpretação da vida no orbe terráqueo. Fico devendo, sem promessas de que vá realizar a catarse dos pensamentos mórbidos, desculpando-me, desde já, pelas falhas de conceituação, particularmente daquelas que colocam no mesmo caldeirão os bons e os maus, porque ninguém deve ser considerado totalmente culpado ou inocente.

É como diz Jeremias:

— Se fôssemos perfeitos, não estaríamos aqui.; nem se fôssemos inteiramente malignos. Deus nos criou simples e ignorantes. A simplicidade nos causa medo, enquanto a ignorância nos repugna. Mas não são o medo e a repugnância o contraponto da fé e da esperança?

Aperfeiçoemo-nos nas virtudes e não consideremos despiciendas as informações provindas do etéreo pelo mediunato dos trabalhadores espíritas. Eis o resultado a que cheguei, após ter-me visto encalacrado no dia de ontem.

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