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Artigos-->Quando Lula começou a perder as eleições -- 12/04/2002 - 14:47 (Penfield Espinosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Luis Fernando Veríssimo disse certa vez que de 4 em 4 anos a direita brasileira se reúne para decidir qual é o candidato que vai derrotar Lula...



Deste modo, Lula é no fundo uma pessoa muito poderosa, uma espécie de eleitor dos presidentes brasileiros. Claro que em negativo: sua movimentação mais recente decide quem vai derrotá-lo.



O interesse na eleição ou em Lula não é um interesse meramente fofoqueiro. Lula, pelo bem ou pelo mal, representa uma chance da sociedade brasileira se tornar menos injusta e politicamente conservadora.



Provavelmente Lula é derrotado -- já há 16 anos -- por todo um maciço conjunto de propaganda, acionado pelo chamado "establishment" brasileiro.



Contudo, ainda assim é interessante fixar um gesto, ou uma situação que marcou essa derrota. Por exemplo, no famoso debate contra Collor, quando este disse que Lula tinha um aparelho de som melhor do que o seu, Lula começou a gaguejar, perdeu a compostura. E perdeu o debate.



Na verdade, devem ter pesado mais as pesadas criticas, insinuações e difamação movidas contra Lula e o PT. Por exemplo, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do Bispo Macedo, fez campanha sistemática contra Lula, associando-o a Satanás. E o público da IURD é justamente a parte da população que poderia ter defensores em Lula e no PT.



Mário Amato, à época presidente da FIESP, disse que haveria imigração maciça de empresários brasileiros para os EUA. O grande Luis Fernando Veríssimo não deixou de ironizar essa ameaça, dizendo que os empresários brasileiros não sobreviveriam ao clima de competição e concorrência nos EUA e, mesmo com Lula, voltariam ao Brasil.



É claro que esses ataques maciços, somados à edição dos debates dão a explicação racional para o fato de Lula ter perdido a eleição. Mas mesmo assim, o gaguejar é a imagem mais clara -- e hoje é um tempo de imagens -- do começo da derrota. Por isso, vale a pena manter esse episódio como um indicativo do começo da derrota.



A título de fofoca, jornalistas, esses grandes fofoqueiros, dizem que à época da campanha, Lula mantinha um caso extraconjugal com uma psicóloga, que lhe deu como presente um muito moderno aparelho de som.



Nas eleições seguintes, quando foi derrotado duas vezes por FHC, deve ter havido episódios semelhantes. Talvez FHC tenha se mostrado mais refinado, talvez Lula tenha parecido acachapado com o inegável currículo e a inegável erudição de FHC.



Nesta eleição, se há uma situação que marca bem claro a derrota de Lula, ou o que marcaria se ele se eleger. É o episódio de sucessivas tentativas de aliança com o político mineiro Alencar, senador pelo PL.



A expressão político mineiro leva a pensar em pessoas finas, conciliadoras e cheias de artimanhas. Um bom político mineiro, como Tancredo Neves, seria o máximo sonho que o movimento Politicamente Correto poderia aspirar: Comenta-se que Tancredo Neves era capaz de estar nas situações mais delicadas e conflituosas e, mesmo assim, não ferir nenhum de seus interlocutores.



Uma charge de Millor Fernandes (creio eu), publicada na época de sua morte, marca bem essa caraterística: depois de morto, Tancredo Neves promove intensas negociações e faz de Deus e Diabo, extremos inconciliáveis, virarem grandes amigos.



A charge não é tão exagerada quanto parece: para conseguir sua eleição indireta à presidência, Tancredo Neves fez com que ex-apoiadores do governo militar, como José Sarney, aproximassem-se de comunistas e esquerdistas, torturados pelo próprio regime.



Pois bem, o senador do PL não tem nada de político mineiro nesse sentido. Seu discurso é um discurso grosseiro e arrogante de empresário brasileiro dos mais atrasados.



Lembra, em muitos pontos, o discurso de Antônio Ermírio de Morais. Alguém disse que Antônio Ermírio de Morais não era bom político porque tentava lidar com a sociedade civil, esse saco de muitos gatos, da mesma forma hierarquizada que lidava com os funcionários de suas empresas.



Aparentemente, essa opinião estava errada, pois Alencar vem fazendo carreira política em MG, terra dos políticos de meios tons.



De qualquer modo, o senhor Alencar mostrou sua falta de jogo de cintura e mexeu não apenas em um, mas em quase todos os vespeiros delicados se sua convivência com o PT: da defesa da política monetarista de Fraga no BC, à critica das ações do MST. Ao ponto do diplomático presidente do PT ter de desautorizá-lo em público.



Uma catástrofe política, para dizer o mínimo.



É claro que tudo isso pode ser um tremendo golpe de marketing, pois um dos gênios do marketing político brasileiro, o sr. Duda Mendonça, está comandando a campanha de Lula.



Contudo, parece mais um gesto que vai mesmo contribuir para a derrota de Lula: se seu desejado vice tem opiniões tão divergentes das dele, isso vai passar uma imagem de discórdia ao eleitor não ideológico e vai retirar votos dos eleitorado mais à esquerda, que vai identificar Lula com a parte mais conservadora das classes dominantes.



E, por último, last but not least,.não vai agregar votos dos eleitores mais à direita, que vai preferir alguém exclusivamente direitista, em vez da estranha mistura de Lula e Alencar.



Se fosse dupla caipira, seu nome poderia ser Explorado e Explorador, Proletário e empresário.



Isto tudo, sem falar que o partido do senador Alencar, o PL é, até pelo nome, identificado com o neoliberalismo, uma ideologia que todas as facções políticas do PT mais do que execram.



Na prática, o PL não é ideológico, como quase todos os partidos brasileiros.Inclusive ele agrega os mesmos bispos da IURD que associaram Lula ao Diabo.



Enfim, parece que com este gesto, Lula e o PT não quis esperar que a direita os derrotassem e fizeram um movimento para derrotar a eles mesmo.



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