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Artigos-->A MEU TIO JOSÉ CLÉOBULO GOMES DE MOURA -- 07/05/2016 - 11:44 (HENRIQUE CESAR PINHEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pacoti está de luto. No último dia 14 de abril faleceu um de seus mais ilustres filhos: José Cleóbulo Gomes de Moura. Verdadeiro baluarte de nossa querida cidade. Servidor público exemplar que durante seis décadas trabalhou ineturruptamente na prefeitura local. Passou por inúmeros administradores das mais diferentes matizes político-ideológica, jamais tendo se indisposto com qualquer um deles, e sempre elogiado por todos, por sua dedicação, sua discrição, sua honradez e sua honestidade. E discrição era a maior característica do meu tio.



José Cleóbulo é mais um da antiga Pacoti que nos deixa. Com ele se foi parte de nossa história, pois conhecedor profundo de todos os acontecimentos ocorridos nas últimas oito décadas na cidade. Deixa um vazio inestimável, assim como deixaram Carne Assada e Luisinho Teotônio, somente para citar as mais recentes perdas da história de Pacoti - tanto para nós familiares, como para muitos e muitos conterrâneos que tiveram oportunidade de conviver com ele.



De fala mansa e sempre falando baixa, José Cleóbulo nos contava histórias do passado de nossa cidade, assim como conhecia todos os moradores do município de décadas passadas. Hoje isso é praticamente impossível, pois a cidade, além de ter um contigente de habitantes muito grande, está cheia de forasteiros.



Muito culto, homem que nunca frequentou os bancos universitários, mas se fez sábio pela leitura de tudo quanto lhe caía às mãos. Nunca se formou em nada. Prático de muita capacidade, respondeu pela contabilidade das prefeituras de Pacoti, Mulungu e Aratuba por muitos e muitos anos.



Seu falecimento foi motivo de tristeza para muitos na cidade. Entretanto, os políticos sempre mostram o que são. Durante sessenta anos, tendo inclusive sido homenageado pela Câmara Municipal há algum tempo pelos relevantes serviços prestados não só à Prefeitura de Pacoti, mas à toda comunicade, no dia do seu sepultamento o único ex-prefeito presente, já que servira a tantos, foi Dr. Pedro, ex-prefeito da década de noventa. Prefeitos mais recentes com quem trabalhou por três legislaturas e de quem sempre ouvi elogios a meu tio por sua seriedade no trabalho, honradez e honestidade, não teve nem a gentileza de enviar um ramalhete de rosas. Um ramalhete qualquer: podia ter sido um cravo de defunto. Mas não, omitiu-se totalmente.



Mas também de certas pessoas não se pode esperar nada. Já que na vida nunca foram nada, a não ser um eterno sangue-suga da nossa cidade, pois a não ser ter exercido o cargo de prefeito jamais deu um prego numa barra de sabão, passando tempo todo, quando não está prefeito, a conversar besteiras nas esquinas da cidade.



Lamento atitudes tão mesquinhas, mas fico feliz com o reconhecimento do povo. Principalmente, pelo depoimento dado a mim por duas senhoras sobre o caráter de meu tio.



Encontrava-me no pátio da igreja no dia do enterro e duas senhoras que nunca haviam me visto vieram conversar comigo e dar depoimento sobre ele, seu caráter e principalmente sua parte humanista. Fiquei ouvido e quando elas terminaram me apresentei e em nome da família agradeci. Isso me deixou muito feliz. Pois mais vale o reconhecimento público do povo, do que a hipocrisia de políticos demagogos que eleitos para servir à comunidade dela fazem cabide de emprego para si e seus apaniguados.



Ao caminharmos hoje pela rua – digo no singular pois a cidade basicamente tem uma rua – da cidade sentimos um vazio: a falta de velhos pacotienses que nos davam o prazer de parar para um gostoso bate-papo. Não veremos mais o caminhar tranquilo de Cléobulo, sempre elegante com seu inseparáel chapéu Panamá a proteger-lhe a careca do sol escaldante, embora nossa cidade tenha um clima ameno.



Meu velho e querido tio, vá em paz. As saudades serão eternas, pois sempre que for à Vilão São João lembrar-me-ei daquela figura esbelta, sentada numa velha cadeira de madeira, remanescente da época de meus avos: Alfredo Gomes de Moura e Agnez Maria de Jesus, sempre com um livro entre as mãos a ler.



Fico mais triste ainda, pois naquela maravilhosa cidade onde fui criança e pré-adolescente em breve não restarão mais os Gomes de Mouras, pois minha querida tia Nilce, com idade bastante avançada, encontra-se muito doente. Minhas três únicas primas que ainda residem na cidade não têm filho. E os Gomes de Mouras muito provavelmente lá não deixaram descentes.



Adeus, Ti Zé,.como carinhosamente nos o chamava, vá em paz





HENRIQUE CÉSA PINHEIRO

FORTALEZA, 15 DE ABRIL DE 2016

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