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Cronicas-->Barrada em Woodstock -- 13/11/2002 - 21:06 (Fatima Dannemann) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Barrada em Woodstock

Fatima Dannemann

- Em primeiro lugar, senhora é minha mãe, pode me chamar de Fatima ou até me colocar apelidos... É assim que respondo quem ousa me chamar de senhora só porque dobrei o Cabo da Boa Esperança, mais de 30, e se for pelo gosto dos cultuadores
da eterna juventude já estou fazendo a viagem de volta, 40 e uns. Puxa, como posso ser "velha"? Só não fui a Woodstock porque era menor e seria barrada na portaria... Não me sinto velha, nem idosa, nem pré-idosa, nem envelhecescente e mais: já vivi situações em que mais parecia bebê de berçario. E na night. Ah, claro, noites fora do Brasil, claro, mas noites. E em lugares onde há menos preconceito contra quem passa dos 25 e usa manequim G. Pois é, todos podemos ser "fashion", "up to date" ou qualquer anglicismo que inventem para dizer que "fulano é o melhorzinho". Ainda mais que nada disso depende de idade. E se dependesse, ainda assim, eu estaria mais pra bebê de berçario.
Olha só meus ídolos. Eric Clapton está um venerando senhor. BBKing, mais venerando ainda, e tocando guitarra barbaramente bem, sem falar naquela voz sensualíssima cantando "stormy monday". Produtos nacionais? Vamos lá. Chico Buarque tá cinquentão e melhor que nunca. Caetano e Gil são agora venerandos tropicalistas. Roberto Carlos - tá, eu não gosto de Roberto Carlos - deve estar pintando o cabelo, porque está muito bem. E nada mais antenado do que algumas Cronicas que lemos por ai em livros ou jornais escrito por venerandos senhores e senhoras mais velhos que eu. Donde se conclui: sou um bebê e não sabia...
Mas, esse pessoal 10 anos mais velho que eu, ou mais um tiquinho, viveu e vive muito mais do que a maioria da geração sarada que come em Mc Donald s e malha em academia. Primeiro, Woodstock e todo aquele rock acontecendo sem patrocinio de marca de cigarro. Depois, noites e mais noites saculejando nas discotecas imitando John Travolta. Mas, isso já foi mais do meu tempo. Tardes preguiçosas ouvindo Pink Floyd no tempo que o disco do Prisma acabava de ser lançado e era chique ter o disco do Prisma. Expressão Corporal. Descobrir quem lia tarot num tempo em que ninguém lia tarot, hoje todo mundo lê, ou diz que lê, o que dá no mesmo. Sorvete de casquinha naquela casquinha que parece isopor. E o melhor de tudo: praia antes do buraco de ozónio ou antes dos médicos afirmarem que sol de meio dia faz mal (embora os médicos estejam sempre na praia ao meio dia).
E a molecada se espanta ao ver meus CDs aqui em casa: "ooorraaaaaaaaaaa, Joe Satriani? Esse cara é iradoooo!!! Sinistro, caraaaaa, Santana??? E ai no mp3??? Decente, Steve Vai é o ouro. Caracaaaaa, você gosta do Jota Quest? Mermão, não acredito, que iradooooooooo!!!"
Bom, a diferença entre eu e a molecada não é duas décadas a mais de idade, mas a qualidade dos professores de português. Os deles são mais legais, mas não corrigem nada e nem ensinam a usar o dicionário para conferir o significado de irado, sinistro e as outras palavras. Os meus eram mais chatos. Mas, como eu não gostava da megera que no ginásio insistia em me colocar na final de português, deixa pra lá...
Não dá para me sentir velha, envelhescente ou seja lá o que querem que eu me ache, especialmente os magar...er, os médicos (preciso parar com a mania de chamar os médicos de magarefes... de repente, posso precisar deles), malhando duas horas por dia, ouvindo rock, ultimamente (mas bota ultimamente nisso) dando preferencia a comidinhas saudáveis, ainda capaz de passar muitas horas na disco - ou a versão pos-moderna da disco, desculpe a defasagem ai - saculejando na pista ao som de música bate-estaca. Sim, bate-estaca e absolutamente pós-moderna, pois eu, como geração imediatamente pós-woodstock (não fui porque era de menor e seria barrada, repito...), não curto as músicas do pessoal com mais de 55. Bolero, é um saco; tango, algo tão velho que me lembra um tiranossauro; dou o braço a torcer que sei decorado monte de músicas bem velhas, mas a culpa é dos meus tempos de punk, onde tinha violão eu parava, tocava, e a galera cantava. Mas isso, é outra história... E aliás, eu jamais poderei ser velha justamente por ter sido punk.

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