Usina de Letras
Usina de Letras
11 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->3 últimos poemas eJuvenilia -- 31/05/2003 - 18:38 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TAIGUARA



Parecias um leão de doçura

Com teu penteado comunista.

Eras o último guerreiro

De um ideal antigo.

Senhor de si

Nas notas do piano.

Este mundo não te merecia mais.

Por isso, partiste.









MULHER



Quando amo uma mulher

- Ainda que por uma noite -

Por que será que o sol

Nasce sempre novo

Na manhã seguinte?

Mulher, horizonte

E eternidade.







JUNHO 1994



Numa tarde de Corpus Christi

Meus vizinhos burgueses

Estão trancados nas celas

De seus apartamentos.

Em outra cena, na rua melancólica,

Os mendigos

Na tarde que não se repetirá jamais

Batem nas latas vezias

A aquarela do Brasil.



Prêmio Ação Cultural







USURA



Olho cair do céu

_ Cena intérmina _

O Crepúsculo horizontal.

O Céu me cansa.

O crepúsculo me cansa.



O coração, estagnado,

Se pergunta

_ Por que não cai do céu

Uma afeição sincera,

O único, supremo desejo?`

E tudo que tenho da tarde - ò usura-

è sua tristeza sem beijo.

RESGATE



Resgatar certa maneira

de caminhar na chuva,

Olhar a chuva,

Sentir a chuva.

Um certo gosto sutil

de molhar-se, dar-se,

Perder-se na chuva.

Resgatar

A comunhão antiga

Que eu tinha,

Antes de conhecer

Os olhos ávidos,

Que nunca choram

Nem se consolam

Ao ver a chuva cair

Como uma benção

Sobre a terra.





ENCANTO



O encantamento transforma

A estrada da vida

Num tapete de flores...

Vejo o paraíso: um peixe

Toca flauta no riacho.

Não perguntes meu sorriso.

sou poeta.

Radicalmente poeta.





CHE



Pensar em ti Guevara

Faz-me estremecer de amor.

Teu olhar aberto,

Vivo na eternidade

Não é a de um morto deposto.

Quando morreu Guevara

Nasceu uma estrela na América.





ELEGIA



Quem pode entender

A mágoa que vem de Deus?

A mágoa maior que a mágoa?

Lágrimas, cachoeiras, inutições,

A mágica tempestuosa da vida

È simples como a dor.

- Tortuoso é compreender.







CONFISSÃO



No dia em que fui confessar-me

(Era um sábado de fevereiro),

Ignorando a fumaça

Os prédios defronte

A improbabilidade

Um beija-flor

Veio à minha janela.

_ O perdão estava ali. -

Azul.







DOM



Não sei se entenderão.

Em todo caso, meus olhos são de assombro.

Minha inspiração é livre

Como a janela que abro: Jesus está lá.

Quem compreende?

Então, deixo-me ir, apenas ir

Como as folhas ao vento,

Os peixes ao mar, os pássaros ao céu.







SONHO



Certa Vez sonhei

Com uma moça loura.

Não lembro se conversamos,

Se dispensamos palavras.

Sei que acordei chorando

E a vida já não importava.





CREDO



Eu sempre fui romântico

E apreciava sorrir aos semelhantes.

Cantava como criança ao menor

Espetáculo da vida.

Um aniversário, livros novos, gibis,

Amigos não vistos a algum tempo

(Esses pequenos acontecimentos),

Comoviam-me até as lágrimas.

Cada movimento meu era alegria.

Cada pensamento uma festa.

Descobri, porém, que as pessoas não são românticas.

Ocupam-se com afazeres práticos, não com a vida.

Então, fiquei triste.

Mas romântico.











THE FOOL



Quando nasci, já lia nas entrelinhas.

A primeira palavra que aprendi: contramão.

Já imaginava estar ali meu caminho.

Pus cedo o pé na estrada,

Cantando minhas alucinações.

Segui.

Se o barato era surfar qualquer onda, mereci

Se o barato era ganhar dinheiro, mereci.

Então, descobri um universo simples na goma de mascar.

Hoje sou um mago animado, como nos desenhos.

Hoje, vivo em universos, porque segui a lenda.

E ainda sobrou-me tempo

Para mostrar-te o caminho.

A lição: desde que tenha pernas,

Qualquer caminho te serve.

Agora: magia.

Amanhã: deslumbramento.

Eu sou, eu fui, eu vou.

Não sou menos mágico

Que o coelho da Cartola.

Meu nome é Paulo.

Apóstolo.





ANDORINHA



(Canção de NInar a Lu)



Pouco sei do mundo,

Andorinha. Menos ainda:

Ignoro voar.

Só sei que te amo.



Não sei aonde vais,

Andorinha, quando dormes.

Me chamava outrora

Aos teus sonhos.

Nâo mais agora?



Quem és tu, andorinha,

Que me trouxeste de volta

Para meu sudeste

E Não mais retorna?

Quem és tu, andorinha?









O ANJO DO AMOR



O anjo do amor

Veio à minha casa.

Com jeitinho serelepe

E bolsinha preta nas costas,

Veio trazer-me a poesia

Que eu pensava esquecida

No cemitério dos velhos amores.

O anjo do amor

Tem cabelos vermelhos,

Corpo esbelto

E um rosto

Que me faz pensar em Deus.

Fora isso tudo, é meio louco:

Ri de coisas estranhas

E zanga de coisas tolas.

O anjo do amor é meu anjo.

Sempre foi e sempre será

Inconfudivelmente

Eternidade afora,

Além das estrelas ainda.



SUL DE MINAS



Gosto de ti

Do tamanho do sol

E da lua.



Gosto de ti

Antes e depois

Da chuva.



Gosto tanto de ti

Que se mais gostasse

No mundo nao caberia.



Vendo uma estrela,

Fugitivode ti,

Na alma veio

Palavras cadentes

Nas frias Minas Gerais.



Carmo da Cachoeira, Sul de Minas.



junho de 1999







BEM



A pureza de menino

Que ainda nao perdi

Chora comigo

O mundo nao ser sempre azul.

O anjo que me vela

Sabe que preciso

Muitas vezes ser sozinho

Para nao ferir

Por estar ferido.

Por isso, minha menina,

Ainda que o mundo acabe,

Ainda que eu esteja aflito,

Profundamente abatido

Ou quase morto,

Deixes de ser meu brinquedo,

Meu vale lindo de sonhos...

Pois so Voce e meu bem.

So por ti parto ou regresso,

Seja qual for a viagem,

Pois so meu bem e eterno.



14.09.1999







INTUIÇÃO



Desce a tarde tristonha.

Infância, mocidade, velhice morte.

O eterno girar do mundo!

De onde vem a esperança,

Se não a vemos no que temos?

Ò crepúsculo ancestral!

A angústia do eterno, que não vemos,

Porém pressentimos como uma necessidade.

E chega a noite, serena.









LIRA



Quis o destino

Fosse eu o cantor

Desse momento suave

(Como se a alma voasse,

Cantando como ave.)

Não sei se sonhei o passarinho

Que não vi, aqui, passando.

Há horas que não sei se caminho

Ou se ando voando.







O EXILADO



Olho a Praça

Afonso Pena

Como se não fosse

Desse mundo.

De onde vim,

Vim exilado

Pra breve

Escala

no mundo.

E aqui estou:

Solitário,

Alheio a tudo.







A NOIVA



Bebo a morte no café.

Leio-a nos jornais. Vou com ela ao desemprego.

Encontro-a nos trabalhos. Assisto-a na televisão.

Durmo com ela nos sonhos.

Somente, quando morrer,

Quero casar-me definitivamente

Com a fiél companheira de vida.





HABITAT



Caminho sob o sol tórrido de São Cristovão.

Faz décadas e tantos

Que desfilo por aqui minha melhor poesia

E a mais tiste (canção silente da rotina).

Também foi por essas ruas

Que aprendi a persistência.

E hoje, sob este sol,

Percebo que sou deste chão

Como um lagarto nativo.











A MOSCA



Numa manha de domingo

Em que eu contemplava

Coisa alguma pela janela,

Absolutamente icomunicável,

Um mosca pousou perto de mim.

Cri que aquela mosca era sinal

De Raul Seixas ou Valéria.

Então, decidi tentar o diálogo.

Desafiei a mosca de olhos benignos a falar-me.

Indaguei se ficaria sozinho:

_ Não, disse a mosca,

Com sua maneira de dizer,

Pousando em meu punho.

Depois, fiquei vagando a poesia...

A mosca? Foi-se embora, com Deus!







OS LÍRIOS DO CAMPO



Marcelino nada faz.

Marcelino nada espera.

Recebe o que o vento traz,

Aceita o que o vento leva.

Profissão: Observador de Pardais.











RICHARD BACH



Porque tenho

O dom de voar,

Sei que o paraíso

È uma questão pessoal.

Sei que ilusão

È viver fora do céu.

Para mim, no entanto,

Que vivo na ponte para o sempre

Longe é um lugar que não existe.





ETERNO MENINO



Cato a poesia

Como o menino

Que brinca

Com pedras no rio.

Na verdade,

È dentro de mim

Que o rio nasce.







PRANTO



Vejo passar a juventude

Em dias de tédio doloroso,

Onde o sonho mais glorioso,

A esperança mais alentada,

Seria a alma partir da estrada

Que não acolhe sua virtude.



Mais vasta que a vida, a alma

Não cabe na estreita terra.

E na solidão que aterra

Quer tornar-se mais leve, voante.

Este seu sonho incessante.

Estando presa faz pena.











A PALAVRA



Na noite sem ti,

Perto da morte,

Procuro no silêncio

A palavra de ouro.

Sem asas, sem abrigo,

Tanto do sul

Quanto do norte

Só faz frio,

Muito frio.

Eu só queria dizer-te

A palavra sussurrada

Que vem da eternidade

_ Além da morte_

Para meu peito

Tão longo, tão forte.

No dicionário não há,

No corpo só não cabe

A palavra definitiva.

E para dizê-la certo

(bem de perto o que é de longe)

Melhor fora que chorasse,

Porque dizer com os olhos

È mais dizer, sem mentira.











CANÇÃO DO NENÉM



Eu ia pela cidade, na tarde brasileira,

Com acobracias na mente,

Pensando uma declaração inacreditável

Para te impressionar

Definitivamente.

Chamá-la de anjo, pássaro, andorinha,

Já não seria original. Nem de doidinha.

Somos cúmplices da loucura.

Pensei falar de prédios, países, constelações,

E pela mente atordoava-me escrever

O maior poema da literatura.

Quanta loucura, meu bem!

Quanta loucura, Neném.

Eu atravesando princesa,

A Avenida Rio Branco tão perdido

Na inspiração inacreditável

Quanto fico quando cantas

Aquela canção francesa.

Cantas pra mim, meu bem?

Cantas pra mim, neném?

E pesquisei na livraria, tentei de tudo,

Tentando me inspirar... tentando me perder...

Tentando me encontrar...

Vi os pobres na calçada, pensei no presidente,

Sonhei uma revolução individual

(Tudo tinha que caber no maior poema

de amor da literatura universal.)

Quando dei por mim, estava perdido,

Completamente perdido

Sem encontrar a palavra, a elegia,

A ode, o soneto, que equivalesse

Ao sonho que me trazs, namorada,

A sonhar tanta loucura

Que me deixas, quando partes

E que curas, quando regressas.

Quando dei por mim, já era...

Estava tão perdido de amor

Quem nem percebi que a primavera

Chegara com setembro entre tuas mãos.

E sinto muito, minha querida,

Nesse êxtase de vida

O maior poema da literatura

Fica para outro poeta,

Ou para outra vida.











O SOBREVIVENTE



A cidade passou por mim,

Ficou atrás

Como a fumaça da locomotiva.

A memória carrega no ombro

A mágoa do último combate.

Não mais sorrio, não mais choro.



Dois ou três amigos

Sabem que sobrevivi

E não me denunciarão.



Logo que descer do trem,

Subirei a montanha

Na escalada interminável,

Porém não cansativa,

Que me levará ao meu rebanho,

Onde sou mais uma ovelha.

Os anjos estarão conosco

E nunca mais permitirão

Que nos cheguem rumores da guerra.

E logo o ombro estará livre

do fardo das lembranças.











INICIAÇÃO



Alto quero o pensamento,

Que são minhas asas.

Minha alma pede estrada

Que leve ao firmamento.



Tenho em mim lágrimas

De estranho contentamento.

Os que amo estão comigo:

Coração e pensamento.



E se conheço a viagem

Para o vôo infinito,

É que os mestres deixaram

Os atalhos escritos.









LIÇÃO



Até aqui,

Tenho sobrevivido

Entre a palavra,

Palavra que silencia,

A solidão, o suplício.

Poeta, irmão do mito,

Minha vida

Me ultrapassa.



Sofrer é meu ofício.



Porém, já me conformo

De ser o homem um equívoco

E a vida não ser

Um sol extraordinário.













PÃO E VINHO



Tenho pedido à divindade

Que, ao deitar-me, logo adormeça.

Eu nunca quis a guerra:

Sou poeta.

No entanto, ela estava

Onde quer que eu virasse o rosto.

Queria amor: guerra.

Queria amizade: guerra.

Queria meu pão, meu vinho,

E o que recebia?

Guerra. Guerra. Guerras...

Ganhei batalhas

Inimagináveis.

Nunca, porém,

Senti-me vitorioso por vencer,

Cantar a rosa.

Na verdade, perdi.

Sou apenas um moço triste,

Humilhado, cansado de covardias.

Senhor, vos imploro

Um colo de mulher para chorar,

Sem que ela me pergunte o motivo.

Numa guerra não há vencedor

Nem vencidos, mas equivocados.

Um colo de mulher:

Eis todo meu desejo.

tre últimos poemas de Juvenília

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui