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Artigos-->CAO 2015: reencontro, aperfeiçoamento e despedida -- 25/11/2015 - 18:27 (LEANDRO TAVARES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



Fonte: Site do Exército Brasileiro



 



No início do século XXI, saíam pelos portões da Academia Militar das Agulhas Negras as seguintes Turmas: Voluntários da Pátria (2002), Antônio Dias Cardozo (2003), Brasil 500 anos (2004), Tenente-General Napion (2005) e Compromisso Imortal de 1645 (2006). Naquele momento, começava uma nova fase de nossas vidas. Cada um de nós foi enviado para um diferente rincão do País. Desde então, passaram-se mais de dez anos. Nesse período, fomos amadurecidos pela vida. Ganhamos experiências, dentro e fora de nosso território. Conhecemos a amazônia, o cerrado, o pantanal, os pampas, os mares de morros, o sertão e as belas praias do nordeste. Vimos de perto a realidade de cada região de nossa Pátria, e de cada povo que nela habita, do Oiapoque ao Chuí.  Descobrimos as suas belezas, bem como as suas imperfeições. Por tudo isto, talvez sejamos a classe que melhor conhece o Brasil. Temos plena ciência de suas virtudes e disfunções. Sabemos as diferenças culturais e sociais que permeiam nosso território. E conhecemos por um motivo: porque fazemos parte da Instituição que melhor representa a Nação, com todas as suas diferenças, desigualdades, encantos e potenciais, e que carrega consigo o espírito da universalidade nacional e a representatividade que é inerente à democracia. Refiro-me à coluna vertebral da nossa nacionalidade: o Exército Brasileiro. 



Neste ano de 2015, o nosso Exército nos proporcionou a oportunidade de realizar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. De início, parecia desconfortável ter de abandonar nossas unidades de origem e mudar para o Rio de Janeiro, muitas vezes a contragosto da família. Todavia, em regra, é fora da zona de conforto que as grandes mudanças ocorrem e que as portas da oportunidade se abrem. Nesse sentido, a EsAO provocou em cada de nós muitas transformações e experiências; além do reencontro, do aperfeiçoamento e das despedidas que duraram quase um ano.



O reencontro que o curso de aperfeiçoamento de oficiais proporciona é enriquecedor. Depois de quase uma década, somos as mesmas pessoas, mas pessoas diferentes, posto que o tempo, aliado à inexorável marcha dos ponteiros do relógio, tudo transforma, moldando corpos, mentes e corações. Para quem chega à Vila Verde, nada surpreende mais do que ver um companheiro de turma caminhando com seus filhos, ou carregando-os no colo, ou então caminhando com a esposa que leva em seu corpo uma criança que está por nascer. É o poder do tempo. Já somos pais, e não mais jovens de vinte e poucos anos. Uns quilos a mais, alguns cabelos a menos, algumas rugas a mais e alguns anos a menos para viver. A vida é uma contagem regressiva. Cada dia é menos um. Toda hora é preciosa, uma vez que tempo não é dinheiro, como afirmam os mais gananciosos. Ele é muito mais do que isto: tempo é vida.



Nas áreas de recreação da Vila Verde nossos filhos se divertem, nossas esposas se conhecem, e desse convívio salutar surgem grandes amizades que, no futuro, farão toda a diferença. Trocamos experiências com os oficiais da Marinha do Brasil, o que nos permitiu adquirir uma visão mais ampla acerca de nossa Força Naval. Aprendemos um pouco de medicina com nossos colegas do Serviço de Saúde. Hablamos con nuestros amigos, with our friends, avec nous amis. O intercâmbio cultural com os oficiais das Nações Amigas em muito nos acrescentou, cultural e intelectualmente.



Aperfeiçoamos nossas ideias e nossa de visão de mundo. Aprimoramos nossa capacidade de visualização tática. Percorremos todas as regiões do País para a realização de exercícios no terreno. Adquirimos conhecimentos importantes nas palestras com personalidades renomadas de nosso Exército e de nosso País. Nas conversas de intervalo e de corredor, tivemos a oportunidade de dialogar com nossos companheiros de turma. Nessas prosas, aprendemos muito acerca das especificidades de cada guarnição do País, compartilhamos experiências vividas: boas ou não. E percebemos que nenhuma pós-graduação, mestrado ou doutorado substitui as experiências que a vida nos apresenta. E a EsAO, neste contexto, contribuiu sobremaneira para que estas vivências pudessem ser compartilhadas e difundidas entre nós. Nossas esposas também puderam se aperfeiçoar: em ser nossas companheiras, mães e amigas, haja vista os desafios do curso, os quais demandam muitos sacrifícios para a família  e para o capitão-aluno. 



Tivemos que superar nossos limites, tal qual nos anos de Academia. Os testes de aptidão física nos exigiram espírito de superação. As provas formais, dedicação e disciplina intelectual. Tivemos que lutar por gaivotas que não voam, mas que são capazes de mudar nossos destinos.  Na EsAO, redescobrimos nossos potenciais, e aprendemos com nossas limitações. Nesse sentido, esta Escola nos lapidou ainda mais, elevando nossos patamares de conhecimento e de autoconhecimento, os quais são imprescindíveis para o exercício do comando, em qualquer nível ou situação.  Convivemos, ainda, com a diversidade que permeia nossa sociedade, haja vista que nossa estimada Instituição constitui uma amostragem perfeita do que somos como povo e como Nação. Em meio a nossos companheiros, descobrimos que um homem pode ter mil defeitos, e apenas uma qualidade. E é justamente esta qualidade que o líder deve valorizar, de modo que seja bem empregada e  potencializada.



A Pátria brasileira, desde os tempos de Caxias e do Barão do Rio Branco, tem se mostrado uma Nação de tendências universais. Nossa Constituição estabelece como princípios de nossas relações internacionais a cooperação dos povos para o progresso da humanidade e a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Nesse sentido, a presença de nossos vizinhos da America do Sul em nossos bancos escolares materializa essa filosofia de paz e harmonia que deve reinar em nosso continente. Ou, nas palavras de um capitão-aluno venezuelano: “Na EsAO, entende-se que o Brasil não é famoso apenas por suas belas paisagens, mas sobretudo por sua gente que está sempre disposta a ajudar com sua mão amiga”. Ademais, a presença de nossos amigos da Namíbia e do Senegal  exaltam os fortes laços étnicos, históricos e culturais que nos ligam ao continente africano. O Brasil é, também, uma extensão da África.



Vivemos um tempo de despedida, visto que, nos anos vindouros, talvez não tenhamos mais a oportunidade de rever os companheiros de turma. Pode ser que isto ocorra em encontros do acaso, mas não mais na condição de alunos. Isso talvez não ocorrerá, nem mesmo na ECEME, haja vista a natureza voluntária e seletiva do curso daquela escola.  



O futuro sempre foi e sempre será, uma incerteza. A única certeza que temos, e que esta Escola nos deixou, é a de que nossos destinos estão condicionados às verdadeiras amizades que fazemos ao longo da vida. E a Casa do Capitão, nesta acepção, permitiu fortalecer ainda mais tais laços, de forma a expandi-los para as mais diversas regiões do País e do mundo. Isto explica o fato de a EsAO ser considerada a melhor Escola do Exército Brasileiro:  as amizades que ela nos proporciona fazer e consagrar!



Muito Obrigado.



Por Leandro Tavares



Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2015



*Texto lido na cerimônia de diplomação do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) de 2015



  Colaboraram com sugestões para o enriquecimento deste texto os seguintes capitães:



  Daniel, Freitas, Franco, Ramon, Jhonatan Luz, Alex, Rezende, Carrasco (Argentina), Chaparro (Venezuela) e De La Cruz (Peru).



 



  Desde já, agradeço a todos os camaradas pelos elogios recebidos. Fiz o melhor que pude para proporcionar a voces  uma mensagem rica e pertinente.



  Forte abraço e felicidades a todos na nova fase de nossas vidas que se inicia!



   Leandro Tavares (Almeida)



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 

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