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Artigos-->PEDRO XISTO E O DIA DA BANDEIRA -- 19/11/2015 - 09:55 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

                                                                                                                  PEDRO XISTO E O DIA DA BANDEIRA                                                                                                                                                                                                                                                                          L. C. Vinholes



 Embora vivendo na antípoda do Japão, certo dia do final de 1971, recebi em Pedro Juan Caballero, Paraguai, cópia do Boletim Informativo da Embaixada do Brasil em Tóquio, reproduzindo o texto da saudação à Bandeira Nacional, em 19 de novembro daquele ano, da lavra do poeta e haicaista Pedro Xisto Pereira de Carvalho ou, simplesmente, Pedro Xisto, como gostava de ser tratado e como era conhecido.  



O cabeçalho do Boletim, o mesmo usado desde 1961, época da gestão do embaixador Décio de Moura, mostrando o layout de autoria do arquiteto paulista João Rodolfo Stroeter, na época bolsista do Governo japonês, exibia, à esquerda, sobre fundo verde, desenho da silhueta das duas torres e das duas calotas do Congresso Nacional e, à direita, as colunas altivas e concêntricas da Catedral de Brasília.  



Pedro Xisto, além de ser o amigo dos tempos da Escola Livre de Música da Pró Arte, na década de 1950, e um dos quatro que me acompanharam até o cais do porto de Santos quando deixei São Paulo a caminho de Tóquio onde usufrui da bolsa de estudos oferecida pelo Ministério da Educação japonês, foi adido, encarregado do Setor Cultural da Embaixada do Brasil, no interstício entre minha partida de Tóquio, em 1968, para Assunção, no Paraguai, e meu retorno àquele posto em abril de 1974.  



Agora, encontrado entre outros papéis, reli o texto enviado pelo amigo e decidi que ele não poderia continuar a ser conhecido apenas por quem, há mais de quarenta anos, teve o privilégio de estar presente ao evento no aconchego da representação diplomática ou pelos que, como eu, tiveram, na época, oportunidade de manusear exemplar do citado boletim. A maneira que encontrei para, no presente, compartilhar seu conteúdo e, ao mesmo tempo, prestar modesta e sempre merecida homenagem ao seu autor, foi disponibilizá-lo por meio de veículo de comunicação contemporâneo ao alcance público leitor.  



Intitulado Oração pelo Adido Cultural Pedro Xisto de Carvalho – discurso ou reza – o texto em apreço, com toda a arte e sensibilidade de quem, sempre, foi artesão singular da palavra, começa com recomendável formalidade:  



“Excelência. Senhoras e Senhores.  



Sua Excelência o Embaixador Paulo Leão de Moura dignou-se determinar que, hoje, Dia da Bandeira, a saudação a ela, na Embaixada do Brasil em Tóquio, fosse formulada pelo Adido Cultural. Este, ao longo do encadeamento de símbolos da presente data, é, simplesmente, um elo ocasional. Um traço de união entre os brasileiros em geral e os responsáveis, especialmente, pela cultura política, inclusive a política cultural, do país, enquanto projetada, ou seja, desfraldada no exterior.  



A Bandeira! Por todas as terras. Sobre todos os mares. A todos os ventos.  



Um tecido – extensão do humano – que apela além da pele, acena sem maior encenação e envolve para melhor desenvolver.  



Pavilhão Nacional, torna-se igualmente, cobertura e abertura. De quantos nascem, vivem e morrem como brasileiros. Cobertos contra enganos e desenganos. Abertos em prol das aproximações e realizações.  



Pendão Nacional, nele pendem os panos e os planos da nossa paisagem cívica, desde os mastros de arraial até o mastro da Praça dos Três Poderes.  



Lábaro – “o lábaro estrelado” – comanda a ascensão “per aspera ad astra”. Enxuga, em sendo o caso, “sangue, suor e lágrimas”. Ou tais e tantas gotas recolhe, cristalinas, no seu manto de estrelas. Abstração literária? Abstração e letras, sim, mas a letra e o espírito da lei – o decreto de 19 de novembro de 89. Em vez de manto da mera fantasia, o manto da vera estesia.  



Estandarte: és tão de arte. Da arte desdobrada em ciência – a astronomia que, de alturas filosóficas, orientou a composição: “As constelações que aparecem na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu na cidade do Rio de Janeiro às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1899 (12 horas siderais)”. E, então, não se produziu apenas um documentário científico: o texto legal refere-se, explicidamente, à “disposição estética do desenho”.  



A Bandeira atraindo a imaginação criadora: ainda por virtude do texto e do contexto, cada um de nos, “observador” participante, volta o olhar, a mente e o gesto para “a esfera celeste”. A esfera das velhíssimas visões e das novíssimas ações, por onde, ao desafio cósmico, o homem supera suas limitações terrenas e se universaliza.  



Brasileiros no Japão, deste outro lado do mundo, mas lado a lado com japoneses, reencontremo-nos sob dados signos comuns ao pensamento e à sensibilidade.  



Um dos paradigmas visuais da cultura nipônica revela-se na simetria “Céu – Homem - Terra” (SHIN – SAI –TAI) da arte floral (IKEBANA). A Bandeira Brasileira poderia ser, aqui, apresentada, também assim: o céu, como acima se viu; a terra (além das cores dinásticas) pelo colorido popular “no verde das matas e no amarelo do ouro”; e o homem através da força específica da palavra – “Ordem e Progresso”. O Extremo Oriente comportaria até a visão extrema de uma das mandalas: o círculo inscrito em quadrilátero (embora não o quadrado), integradas as formas do infinito e da terra. Não precisa ir tão longe. Não precisa continuar.  



O que é bastante ou preciso é ser preciso ou exato, em tempo e lugar certos, frente à Bandeira. O Dia – o tempo da Bandeira. A Embaixada – o lugar da Bandeira. BRASIL! ”.  


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