HORIZONTES DE SONHOS
J.B.Xavier
Em cetíneos horizontes
De cinzentos sonhos
Repousava eu minhas aspirações
E no fluir sinuoso da vida,
Eu depositava esparsas esperanças...
Mas seguia cantando canções tristes,
Permeadas por dispersas alegrias...
Seguia por clareiras ensombrecidas,
Tentando viver de só vez
As muitas vidas que em mim habitam...
Algumas lágrimas rolavam tristemente,
Contidas sempre, cuidadosamente,
Para que ninguém me visse chorar...
Risos fátuos insistiam em aflorar
De um coração vazio e sem destino...
Então te vi, caminhando a mesma estrada...
Seguias triste, com a alma machucada,
Mas seguias teu caminho distribuindo sorrisos
A quem contigo cruzasse no caminho,
E aos que eram ainda mais tristes do que tu...
Entre estes vinha eu, peregrinando pela vida,
E te detivestes para te informar sobre minha andança...
Não sei como conseguiste descobrir a criança
Que tão bem penso esconder das agruras do mundo...
E a ela deste amparo e mitigaste a sede...
Depois me contaste sobre teus sonhos desfeitos,
Até que uma tênue esperança nasceu em nossos peitos,
E nossas mãos se tocaram pela primeira vez...
Foi então que percebi que eras o fio de minha vida,
E que, enfim, cessara minha caminhada...
E desde então seguimos pela mesma estrada
Tu, fazendo de minha vida a continuação da tua
Eu, fazendo da tua vida a extensão da minha...
Para trás ficaram as lágrimas, nossos passados tristonhos
E à frente o horizonte cetíneo de esperançosos sonhos...
* * *
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