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Humor-->O Caipira, o Cavalo e suas tijelas -- 02/11/2002 - 17:33 (José Roberto S Câmara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O CAIPIRA, O CAVALO E SUAS TIJELAS.

Um comerciante paulista muito erudito mas também muito oportunista espertalhão, viajava de carro.
Parou numa cidadezinha do interior de Minas, entrou num bar para tomar uma água.
Ao sair observou um caipira, meio que molambento, de cócoras e com um cavalo ao seu lado.
O cavalo era muito velho, estava péssimo, magro, desdentado, cheio de feridas, pata quebrada - enfim - mais morto que vivo!
Frente ao cavalo duas tigelas enormes, uma com água outra com milho.
O comerciante olhou e pensou estupefato:

“Não acredito no que vejo: são duas tigelas da mais legítima porcelana chinesa do primeiro período da dinastia Ming. Vermelhas e brancas, as mais raras. Têm pelo menos 600 anos e estão perfeitas. Por certo renderão fácil, fácil, uns U$ 100,000.00 em qualquer leilão em Londres.”

Aproximou-se do capiau e puxou conversa.
- Boa tarde!
- Boa, moço.
- Bonita cidade, não?
- É sim, moço. Pequenininha mas arranjadinha né?
- É verdade! Muito arrumada - replicou o comerciante, sorriso de agrada-bobo no rosto.
- Já foi mió, moço. Hoje tá mei sem movimento...
- Mas é bem agradável... – bajulou.
- A gente agradece, moço.
- Escuta! estou procurando um cavalo pra comprar, sabe quem tem um por aqui que esteja à venda?
- Sei não moço - respondeu o caipira, coçando as canelas - Aqui cada um tem um cavalo pra condução e só.
- E este aí é o seu?
- É sim, moço.
- E você vende?
- Vendo não, moço.
- Olha! Estou disposto a pagar um ótimo preço neste cavalo, gostei demais dele.
- Que isso moço! Um pobre de um cavalinho véio, mei perrengue...
- Mas mesmo assim gostei. Coloca preço.
- Moço, num tem preço, é de muita estima.
- Mas e se eu lhe pagasse uns 4.000,00?
- Que isso moço! Com esse cobre o senhor compra um potro novo e de raça boa, na premera cidade em frente uma meia légua...
- Mas gostei foi deste e pago com prazer, aceita?
- Quero não, moço.
- Olha, e se eu pagar 6.000,00? É muito dinheiro!
- Moço, ô ocê tá doido ô ocê bebeu muita pinga! mas num vendo tamém não.
- Alguma coisa neste animal mexeu comigo – comentou coçando a cabeça o comerciante
– Pago é 10.000,00 pronto. Você não vai perder esta ocasião, vai?
- Pió que vô...
- Não acredito! - Exclamou o comerciante já se exasperando.
- Pois pode aquerditá, moço.
- E 12.000,00?
- Ái moço! Agora danou-se. Mas gosto tanto deste animal...
O comerciante farejou a fraqueza e sem dar ao capiau tempo pra pensar apertou o cerco:
- 15.000,00 – falou quase gritando.
- Baum moço... se eu vender como cê me paga?
- Agora, na hora, dinheiro vivo. Pego ali no carro. Fechado?
- Baum... num tem jeito né moço? Vou ter de aceitar...
- Vou buscar o dinheiro – disse o comerciante saindo apressadamente em direção ao carro. Voltou, pagou e ficou esperando o caipira conferir.
O caipira contou todo o dinheiro lentamente, recontou – o que quase levou o comerciante à loucura – e falou:
- Pronto, o cavalo é do senhor, moço.
Ligeirinho, o comerciante levou o cavalo para junto do carro. Voltou para o lado do caipira e perguntou com cara de satisfação fingida:
- Então, contente? Fez um ótimo negócio, pode acreditar.
- Uai moço – retrucou o caipira – e eu num sei disso? Mas meu cavalinho que eu gostava tanto...
- Deixa disto. Você está quase rico agora.
- Verdade moço. O senhor é pessoa muito generosa.
- Realmente sou – disse o comerciante fazendo cara de falsa modéstia
- Por falar em generoso – emendou o espertalhão - ía me esquecendo...
- De que, moço?
- Olha vou levar as vasilhas de alimentar aquele querido cavalinho. Você não tem mais cavalo e eu tenho. Agora, quem precisa das vasilhas sou eu, não é?
- Neeeeeeeeeeemm!!!!! As vasilhas o moço num leva não!
- Que isto? Vão lhe servir pra nada e, de certa forma, são do cavalo. Comprei o cavalo e me acho no direito de levar estas porcarias de tigelas!!
- Moço, se ocê tivesse direito pegava e num tava pedindo. Já falei, moço. Tira isto da cabeça.
- Mas, - já em desespero, o espertalhão indagou - porque não posso leva-las?
- Porque elas num entraro no negócio, uai!
- Concordo...concordo...mas não vão servir a você – retrucou o esperto, em tom súplica...
- Quem sabe pode servi?
- Olha aqui, seu roceiro besta – apelou o comerciante – larga mão de ser mesquinho e deixa eu levar estas merdas de...
- Moço, cê tá me agravando...
- É pra ofender mesmo pois você quer me irritar. Não tem razão alguma pra ficar com estas porras de tigelas.
- Óia que tem....
- Tem? Então fala!
- Baum, é o senhor que está pedindo, então vou falar...
- Fala, seu caipira muquirana!
- Óia moço! Num pode porque com estas porcelanas do premero período da Dinastia Ming, só neste ano já vendi 34 cavalos véios....







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