Vivemos aguçados,
Perseguidos por essas coisas brutas,
Vivemos acorrentados a uma luta...
A de não gemer a dor,
A de não viver o pecado,
A de nos enganar com falsas idéias.
Ha uma certa hora, que falta tudo,
Tudo ao redor dá errado, falta aos olhos um pouco de luz e nos vemos desestimulados.
Haja passado pra nos colocar em pé,
Haja amor próprio pra manter a fé,
Pra semear esperanças.
A vida urbana, aos poucos se torna uma farpa,
Ameaça que nos dilacera a alma.
Esse corre corre, essa vista turva...
Assusta, mata e come.
Tenho medo do futuro, pois a um segundo daqui,
A meio metro dali, o mal se esconde.
Meus filhos cuidado!...
Já não só se vê perigo nas esquinas.
Já não se vê, quem dê, água a quem tem sede.
Os discos, os livros ensinam, libertam, mas deve-se ter prudência, pois a descência perdeu-se no meio de nós.
Ah!...Que bom seria se tivessemos pelo menos direito a paz. O amor não falaria em tom tão frio, quanto o desejo eloquente dessa juventude, que só busca, sob a blusa, a essência do prazer fulgaz.
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