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Erotico-->4. SEM DEVANEIOS -- 18/02/2003 - 07:05 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Os poucos leitores que se atrevem a perfilhar a leitura destas páginas, haverão de perceber a luta do autor espiritual por tornar todas as exposições o mais próximas possível da realidade. Se não for capaz de fazê-lo integralmente, será por exclusiva culpa de deficiência moral, intelectual e cultural, uma vez que não passei pelos sagrados cursos desta casa de ensino superior.

Dizem-me os mentores que deverei freqüentar as aulas de catecismo ou de evangelização, para adquirir o domínio exato dos pensamentos espíritas fundamentados nas leis superiores do Universo, como norma cósmica estabelecida por Deus. E dizem que esse procedimento, uma vez iniciado e assimilado pela mente incorpórea da entidade em paz consigo mesma, jamais se encerrará, a não ser por obra e graça do Senhor, segundo critérios absolutamente desconhecidos por esses mesmos instrutores, que me auxiliam a transpor os umbrais da ignorância.

O que sei, então, para que se determinem os conceitos a meu respeito, no interesse de me situar entre as diferentes categorias dos espíritos que têm acesso aos meios de comunicação com os encarnados? Li todas as obras de Kardec. Li, como se lêem os romances, ou seja, ao correr dos interesses imediatistas, para o verniz teórico de quem não pretende discutir mas impor dogmaticamente os ideais superiores do Espiritismo, dado que me apercebi influenciado de modo positivo pelos seres que me trouxeram até este patamar de relativa felicidade e paz.

Portanto, tenho a possibilidade de citar passagens inteiras, o que não deve ser levado à conta de vantagem alguma, dado, principalmente, que o meu leitor tem total liberdade para conferir a Doutrina de maneira segura, sem interferências de idéias preconcebidas que o autor desta má acabada peça possa executar.

Tenho transitado também por diferentes terreiros e centros espíritas, distinguindo, de modo efetivo, o que se passa nuns e noutros, quais as categorias de irmãos que trabalham ali e como exercem o privilégio de influenciar a mentalidade dos que procuram acomodar-se aos princípios da espiritualidade, sempre no esforço de adaptarem os dizeres e formas de culto aos patrocinadores terrestres, conforme a extensão do entendimento destes.

Não tenho encontrado substanciais diferenças na transmissão mas é profundamente disparatada a maneira de assimilação dos encarnados, sempre eivados de preconceitos, na recepção dos conselhos e das instruções.

Não se pense que esteja criticando uns e outros. Por favor, creiam-me imparcial e justo. Se estivesse encarnado, com a estrutura mental da derradeira vez em que estive na Crosta, aí poderiam censurar-me a acepção das pessoas, inclusive por causa da cor da pele, discriminando raças e categorias sociais, pretendendo-me superior por ser branco, loiro e de olhos azuis. Imaginava o Cristo com a minha aparência, pela iconografia católica, tendo deixado crescer a barba, repartindo-a ao meio, enquanto a cabeleira esvoaçava a maior parte do tempo, disciplinando-se perante os magistrados na primeira fase profissional e diante do chefe da repartição, nos últimos tempos de funcionalismo público, quando levava já o rosto glabro.



Minha mulher, Criseide, nome que detestava, apesar de lhe explicar o magnífico significado cultural e etimológico, não se agradou de mim por outra razão senão que representava para ela a juventude revoltada, agressiva e ousada dos cabeludos, contestadores da ordem social e dos privilégios dos poderosos. Desiludiu-se, evidentemente, depois que fracassei como defensor dos fracos e oprimidos, acusando-me de aproveitador das circunstâncias infelizes dos recolhidos na malha fina estendida para eles pelos burgueses e pela “élite”.

Estranha o médium a inusitada forma francesa que lhe pedi para assinalar a última palavra. Entenda-se, com isso, que a minha esposa pretendia insuflar em meu espírito o desprezo que devotava a tal setor da sociedade, ironizando.

Deu-me dois filhos, Geraldo e Francisco, nomes escolhidos por ela dentre os ascendentes de sua família. Teve medo que lhes brindasse com outros nomes de origem helênica, podendo chamá-los, que sei eu, de Poseidão, de Heracles, de Pátroclo ou outro quejando de gosto duvidoso.

Escolhi Criseide dentre inúmeras moçoilas em idade de casar que me rodeavam a beleza física e a possibilidade de sucesso financeiro. Só possibilidade, porque o curso superior precisei financiar com muito trabalho, uma vez que, como se viu, minha mãe não iria poder sustentar-me “filhinho-de-papai”, mesmo com a perspectiva de vir a ganhar para devolver-lhe com lucros as despesas de vários anos de ociosidade.

Mas Criseide, que conheci fora do campo acadêmico, era abonada e experiente no trato com rapazes mais velhos, tendo sido encaminhada no campo sexual desde os quinze anos. A bem da verdade, para que não se pense que me enganou mesmo antes do casamento, Criseide me contou as várias aventuras que teve, esmiuçando o desempenho de cada namorado, deixando-me muitíssimo claro que, se eu falhasse nesse mesmo setor do matrimônio, iria propor a separação.

Machista e chauvinista, tive de engolir as prerrogativas do sexo masculino, eu, sim, levando-a a supor que estivesse de acordo com as idéias libertárias dos anos sessenta, sob o signo do lema “paz e amor” dos malfadados “hippies”...

Quase me vejo falando mal de pessoas totalmente cônscias de seu papel revolucionário na sociedade. Se descambaram para o consumo exagerado dos psicotrópicos, da maconha e dos diversos produtos alucinógenos, como o L.S.D. e a cocaína, também alcançaram despertar na mentalidade vigente o sentido mais puro de existência próxima da natureza, despojando-se de tudo o que a civilização tem de perverso.

Na época, eu sorria, desacreditando da sinceridade deles, imaginando o que seria dessas pessoas, quase todas jovens, se toda a população resolvesse adotar os mesmos princípios. Julgava-os aproveitadores do trabalho sério dos que produziam bens de consumo, marginais perigosos capazes de fazer ruir todas as possibilidades de enriquecimento. Mas deixava-os em paz, porque não eram concorrentes. Afinal, diziam para fazer o amor e não a guerra.

Perante Criseide, entretanto, elogiava os peralvilhos e prometia que, assim que terminasse o curso superior, iria trilhar os caminhos do mundo, acompanhando-a pelos campos e praias, ouvindo o “rock” alucinado das bandas mais...

Em suma, para não entediar o leitor espírita e para não espantar de vez o amigo fã dessa forma de luta em favor da igualdade de direitos dos cidadãos, Criseide me deu Geraldo e Francisco e se abalou, levando consigo a herança dos pais, dando sustento a extenso grupo de desocupados e viciados.

Eu não fui capaz de abandonar o conforto de casa de classe média. Dei a desculpa de que as crianças não iriam ser educadas na rua, ao deus-dará das influências perniciosas dos drogados, sob o prisma do amor livre, tese vigente na época e que resultou, como estamos vendo, em promiscuidade, a facilitar os desajustes mentais da juventude resultante. Digo-o de forma até simpática, para não provocar reações muito hostis, mas meu desejo é o de espicaçar os que ainda primam por essas idéias, referindo-me às doenças sexualmente transmissíveis, que hoje em dia proíbem as pessoas de se portarem segundo aqueles princípios.

De qualquer modo, Criseide ainda está entre os mortais, desconhecendo que os filhos estão comigo, débil mental, esclerosada, vagando pelos acontecimentos com que sonhou a vida toda, reclusa em casa de detenção para criminosos loucos, recolhida a maior parte do tempo em cela de isolamento, à vista da extrema agressividade com que trata os companheiros de infortúnio e os funcionários.

Ninguém há de dizer que tenha adotado forma linear de expor a história de minha vida. Vai aos trancos e barrancos, permitindo-me a memória ir dando vazão aos fatos que julgo mais importantes para a compreensão de como cheguei ao suicídio e a este momento de redenção.

Não cheguei ao final, mas esta história está entrando por uma porta e saindo por outra.; quem não gostou que conte outra.

Peço perdão se estou passando a idéia de ser agressivo, de entidade perturbada, de espírito das Trevas. É que não vou disfarçar os momentos de crise, só para dar aos encarnados a doce ilusão de que, no espaço espiritual, tudo é pura felicidade. É preciso destruir o apego à matéria, eliminando todos os fatores que nos prendem ao Mundo, o que só se consegue executando tarefas de socorrismo, com muito conhecimento de causa e muito amor no coração.

Kardec é quem dizia que...

Será deveras importante e necessário citar o Codificador? Façam-no por mim. O.K.? Posso contar com isso?

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