Resta sempre uma esperança
De sonho e de imensidade
Quando não morre a lembrança
De quem deixa uma saudade.
Pois vendo os seres humanos
Vivendo apenas de amor
O capeta, em tons mundanos,
Resolveu fazer a dor.
E ao ver que o Senhor nos deu
Amor e felicidade,
O diabo resolveu:
“Vou inventar a saudade!”
E fê-lo de tal maneira,
Tecendo os fios do destino,
Que a humanidade inteira
A tem desde pequenino.
E desde então a maldade
Dessa invenção infeliz
Vem expressa na saudade
Que sente quem é feliz!
E ainda não satisfeito
Bem mais o diabo quis,
E pôs saudades no peito
Mesmo de quem é infeliz!
Mas Deus, que a tudo atentava,
Não podendo desfazer
O que o capeta aprontava,
Resolveu interceder:
Pegou toda essa saudade
Que a humanidade expia
Juntou à felicidade
E inventou a poesia!
* * *
A terceira estrofe foi premiada em 8/03/2003 com Menção Honrosa no tema “Saudade”, pela União Brasileira dos Trovadores (UBT) Secção São Paulo, da qual o autor faz parte.
Os versos foram escritos em Redondilha Maior como forma de homenagear uma das mais antigas formas de poesia que se conhece, a Trova, e os maravilhosos trovadores que fazem do Brasil o país mais proeminente nesse gênero de literatura.
* * *
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