Jesus chamou a João,
Dando-lhe a revelação
Dos atributos do Pai.
Falou-lhe do Criador,
Como ser puro de amor,
Dizendo-lhe: — “Agora vai...”
Sendo João bem fiel,
Prometeu-lhe dar-lhe mel,
Para as maçãs que comia.
Advertiu-o Jesus
Que haveria uma cruz,
Antes da sabedoria.
Muito depois do Calvário,
Pôs João, no seu diário,
A saga do seu Senhor,
Sem esquecer a lição,
Guardada no coração:
— “Por ser Pai, Deus é amor.”
Escreveu aos seus amigos,
Prevenindo-os dos perigos,
A alertá-los para a Vida,
Repetindo o doce ensino
Que ouvira quase menino:
— “Deus é amor! — Quem duvida?”
Mas houve perseguições
A dar em desilusões,
Nas almas dos protegidos.
Alguns venceram a dor,
Outros guardaram rancor,
Mas todos foram feridos.
João sofreu o tormento.
Leu o “Velho Testamento”,
Onde Deus era guerreiro,
E pediu aos seus mentores
Explicação para as dores:
Dos médiuns era o primeiro.
Caducando, nesta altura,
Não entendeu a postura
De quem perdoa a maldade.
Sem lembrar ser Deus amor,
Às igrejas quis dispor
O caminho da verdade.
O “Apocalipse”, então,
Brotou de seu coração,
Em terrível devaneio,
Prometendo à humanidade,
Em vez da felicidade,
Retirar-lhe o bom esteio.
Nunca houve tais promessas,
O que seria às avessas
Do que lhe ensinou Jesus,
Mas, cego em seu desatino,
Já não cantava seu hino,
Já não se banhava em luz.
Quem prestar muita atenção
Vai ver que o nosso João
Previu tremendas desgraças.
Fê-lo até no “Testamento”,
Por sentir o sofrimento
De quem se fora sem jaças.
Se lhe dissera Jesus
Que somente após a cruz
O povo seria sábio,
Talvez tivesse pensado
Que o mel ficasse de lado,
P’ra não adoçar-lhe o lábio.
Por onde andará João,
Após a revelação
Do “Espírito de Verdade”?
Terá percorrido o mundo,
Sem perder qualquer segundo,
A salvar com caridade?
Todos temos de aprender
Que, ao se cumprir o dever,
Sobrará alguma dor:
Em terras de expiação,
Há de valer o perdão
Do Pai, pois Deus é amor.
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