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Artigos-->CLACK - TRATAMENTO -- 10/09/2014 - 11:19 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CLACK - TRATAMENTO



 



Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2014, atualizado até outubro de 2014. .



 



O tratamento é demorado e caro. Nas clínicas mais caras do país , as mensalidades podem chegar a R$ 50.000,00 .  Exige sessões de psicoterapia e remédios , principalmente tranqüilizantes . Quando a mania de perseguição é muito forte , a pessoa , também precisa de antipsicóticos .



Porém a dependência é eterna . Como afirma Pedro Eugênio Ferreira, psiquiatra do Hospital São Lucas e professor da PUC RS , “É como uma vela que queima até a metade e você guarda na gaveta . Se você acendê-la 20 anos depois, ela vai recomeçar a queimar do ponto onde havia parado . Ela não se restaura” . Marcelo Ribeiro , psiquiatra e professor da Unifesp e um dos organizadores do livro “O Tratamento do usuário do Crack”, diz que “preferimos falar em abstinência estável”. Segundo ele , o processo de desintoxicação é só o começo de um tratamento longo que estará fadado ao fracasso se não houver suporte psicossocial associado à terapia. ( F s P ,17.01.2012 , p. C-1) .



Esta é a questão que deve ser salientada para aquele que se aventura a consumir drogas e especialmente o crack . A droga age diretamente no cérebro e provoca uma desestruturação do tecido cerebral que é irreversível e que , mesmo que a pessoa se recupere do vício , terá problemas pelo resto da vida que afetarão seu raciocínio e sua personalidade .



Segundo o psiquiatra André Malbergier , do Hospital das Clínicas de São Paulo , “em média , apenas 30% dos dependentes de crack permanecem na abstinência por mais de um ano “ . ( Veja, 19.11.2008 , p. 114-117). Os resultados em São Paulo se assemelham aos registros encontrados em outros locais do mundo : a porcentagem de viciados que conclui o tratamento não chega a 35%. ( F s P ,17.01.2012 , p. C-1) .



Segundo estudo feito pela primeira clínica pública paulista para dependentes químicos aberta em Cotia em 2009 , quase a metade (45%) dos 223 garotos atendidos na clínica conseguiu se livrar das drogas ( a maioria , crack)  em dois anos . ( F S P , 19.02.2011, p. 4-2) .



Andrea Matarazzo , cita estudo de 2010 da Universidade Federal de São Paulo , que acompanhou 107 usuários de crack por 12 anos , e depois deste período, “27 tinham morrido , a maior parte de morte violenta ou de Aids; dois estavam desaparecidos ; 13 foram presos  e outros 22 continuavam usando a droga. Apenas 43 deles conseguiram se curar do vício . Número pequeno , mas que dá esperança”.( F S P , 9.8.2011, p. A-3) .



O site www.enfrenteocrack.org.brlista locais de atendimento em todo o Brasil .



 



TRATAMENTO COMPULSÓRIO  RIO DE JANEIRO



 



Desde 30 de maio de 2011, após entendimentos com o Ministério Público e a Justiça , crianças e adolescentes usuários de drogas, quando recolhidos das ruas do Rio de Janeiro , são obrigados a permanecer em tratamento . Até então o tratamento dependia da concordância . Segundo o promotor Reynaldo Mapelli Júnior “ não há dúvida de que , em um Estado Democrático  de Direito , o princípio da dignidade humana e todos os atributos que compõem a cidadania ( art. 5º , incisos II e III da Constituição ) , impedem o Poder Público de restringir indevidamente a liberdade das pessoas . Desde que embasada em laudo médico , no entanto, é perfeitamente possível a internação psiquiátrica sem o consentimento destas pessoas ( involuntária ou por ordem de juiz ; art. 6º da lei 10216/2001), para tratamento , reabilitação e reinserção social . ( F S P , 21.06.2011, p. C-4) .  



O Estatuto da Criança e do Adolescente permite o acolhimento sem que a Justiça tenha que avaliar previamente cada caso.



De maio de 2011 a outubro de 2012, cerca de 170 jovens passaram por abrigos e 120 continuavam internados.



Para Fernando Capez, “  a internação involuntária do dependente que perdeu sua capacidade de autodeterminação está autorizada pelo art. 6°, inciso II , da lei nº 10.216/2001 , como meio de afastá-lo do ambiente nocivo e deletério em que convive . Tal internação é importante instrumento para sua reabilitação . Na rua, jamais se libertará da escravidão do vício. As alterações nos elementos cognitivo e volitivo  retiram o livre-arbítrio . O dependente necessita de socorro , não de uma consulta à sua opinião “. ( F S P , 19.07.2011 , p. A-3) . A internação desta forma exige a recomendação de um médico e que seja comunicado ao Ministério Público em até 72 horas , para que se evitem abusos.



Para o psiquiatra Marcelo Ribeiro, professor da Unifesp, a internação voluntária não é para todo mundo, mas deve ser considerada para aqueles que estão numa fase aguda do vício , quando o drogado perde a capacidade de escolher se deixa ou não o consumo do crack . O Conselho Federal de Psicologia é contra , sendo que seu presidente Humberto Verona entende que “ Essas internações são , muitas vezes , pura privação da liberdade ou uma forma de aplacar a culpa das famílias dos viciados”. ( F s P , 25.01.2012, p. C-1) .



O psicólogo americano Adi Jaffe , ele mesmo um ex-dependente , defendeu que “até a reabilitação feita à força é melhor do que nada “. Jaffe foi tratado compulsoriamente  , sobreviveu e retomou o controle sobre sua vida . Hoje, trabalha estabelecendo critérios para avaliar a qualidade do tratamento para dependentes químicos .Está vivo”. ( Matarazzo, Andrea , F S P ,9.8.2011, p. A-3) .



Naturalmente , o tratamento compulsório pressupõe que existam vagas em clínicas públicas de boa qualidade para o tratamento de dependentes químicos .



Para o médico Antonio Nery Filho , coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas da Bahia, “as internações compulsórias nunca deram resultado nos últimos 50 anos . Nem para os doentes mentais inteiramente psicóticos tem sido mais realizadas . Voltar 50 anos para fazer uma higienização das ruas das cidades brasileiras me parece um retrocesso para não dizer um absurdo do ponto de vista técnico .”( F S P , 11.12.2011, p. C-9) .



Pesquisa realizada pela DataFolha em janeiro de 2012 , com 2.575 maiores de 16 anos em 159 cidades,  mostrou que 90% dos entrevistados concordam  com a internação voluntária . ( F s P , 25.01.2012, p. C-1) .



Em setembro de 2011 , a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro , entrou com uma ação civil pública contra o protocolo de atendimento da Secretaria Municipal de Assistência Social . A alegação é que o principal problema é que os jovens não são levados para unidades de saúde , mas para o que a prefeitura chama de abrigos especializados , onde o médico passa apenas uma vez por semana . Segundo a Defensoria , o acolhimento em uma unidade social teria que ser autorizado caso a caso pela Vara de Infância, o que na prática significaria inviabilizar todo o programa . ( F S P , 24.10.2012, p. C-3) .



A Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu em outubro de 2012 internar compulsoriamente adultos dependentes de crack. .( F s P , 23.10.2012, p. C-1) . A ocupação da favela Jacarezinho, para a instalação de uma UPP em 14 de outubro , e que abrigava a maior cracolândia do Rio, fez com que os usuários da droga se espalhassem por outros pontos da cidade.



Para o promotor de Justiça Terapêutica do Ministério Público Estadual , Marcos Kac, “não se pode internar compulsoriamente [ o adulto] sem decisão judicial, senão vira cárcere privado”. Segundo ele , as alternativas serão fazer o pedido de internação com base na legislação de saúde mental ( que prevê internação compulsória a partir de laudo médico) ou no Código Civil , que prevê a interdição de pessoas que não tiverem “discernimento para atos da vida civil”. Nos dois casos, porém, é necessária autorização judicial ( F S P , 23.10.2012, p. C-1).



 



TERAPIA NA BASE DA RECOMPENSA FINANCEIRA



        



O recurso da recompensa financeira no tratamento de dependentes químicos é usado desde meados da década de 90, mas com usuários de cocaína., droga com menor potencial de vício.



Pesquisadores da Unifesp , financiados pela Fapesp, fizeram um trabalho ambulatorial envolvendo 65 dependentes de crack que em sua maioria consumia a droga pelo menos cinco vezes por semana.



Metade foi submetida ao tratamento padrão, feito com remédios e apoio psicológico para controlar a síndrome de abstinência e as doenças psiquiátricas associadas ao uso da droga, como ansiedade e depressão.



A outra metade, além desse tratamento, foi submetida à técnica de incentivos motivacionais. Três vezes por semana, era feito exame de urina. Em caso de resultado negativo para a presença de crack, eles recebiam um cupom a ser trocado por roupas, créditos para o celular  e até comida em lojas previamente determinadas. O valor do cupom subia conforme aumentava o tempo em que o paciente se mantivesse longe do vício. Ao longo dos três meses do estudo, os voluntários receberam até 1.000 reais.



Entre os pacientes tratados apenas com psicoterapia e medicamentos, 100% teve recaída em  até doze semanas.



No grupo dos incentivados motivacionais, 20% conseguiram ficar longe da droga por 12 semanas.  Pode parecer pequena a taxa de sucesso de 20%, mas é extraordinária em se tratando de crack, uma droga que deixa 70% de seus usuários dependentes em apenas seis vezes consecutivas de uso.



A chave para o sucesso da terapia é tratar o dependente como criança. Isso porque ele tornou-se uma criança. Em seu cérebro, uma das regiões mais afetadas pela droga é o córtex-pré-frontal, área associada à razão e à tomada de decisões. Com isso, o usuário perde o discernimento e a capacidade de planejamento. Sem freio , ele não consegue pensar nos riscos a que se submete ao dar mais uma tragada no cachimbo de crack. O que importa é o prazer ligeiro e fugaz proporcionado pelas pedras da pasta de cocaína. “ A lógica, basicamente, consiste em substituir o bem-estar imediato da droga por outro tipo de prazer instantâneo”, diz André Constantino , psicólogo responsável pelo estudo na Unifesp. ( Revista Veja, 10.09.2014, p. 94-95) .



Todavia, os dados devem servir de alerta para quem ainda não se aventurou nessa droga mortal e que está lendo este texto. Taxa de sucesso de 20% neste tipo de tratamento significa que 80% não conseguiram livra-se do vício e vão continuar como zumbis.  Por outro lado, o que o estudo não consegue apontar e o que vai acontecer com o usuário depois dos três meses quando não vai mais haver incentivo monetário para que não consuma. O que garante que ele não vai ter uma recaída. Concluindo, na maioria dos casos o vício de crack é um caminho sem volta e o final da história não tem nada de positivo.



 



IBOGA



 



A raiz de um arbusto que cresce no oeste da África  tem sido usada no tratamento de dependentes químicos em clínicas brasileiras, ainda que faltem pesquisas que deem respaldo a esta prática.



É a ibogaína, princípio ativo extraído da planta Tabernanthe iboga, ou simplesmente iboga.



A UFESP , acaba de concluir o primeiro estudo do mundo realizado com dependentes de crack e de cocaína, publicado no “Journal of Psycopharmacology”.



O estudo avaliou o uso da ibogaína no tratamento de 75 usuários  ( 67 homens e oito mulheres)  de drogas diversas – crack, cocaína, álcool e tabaco. A eles foi ministrada ibogaína em sua forma pura, o hipocloreto de ibogaína (HCL1), importado do Canadá.



Os cientistas relataram que 100% das mulheres e 57% dos homens mantiveram a abstinência por quase um ano após o uso de, em média, duas doses de ibogaína, sendo que dois meses já é considerado um tratamento bem sucedido na literatura científica.



Uma hipótese é que o ibogaína, um alucinógeno, atue sobre o sistema de recompensa do cérebro, que tem sua atividade aumentada sob o efeito de drogas como a cocaína e o crack. Os viciados não se acostumam ao ritmo normal de bem-estar e por isso sempre precisam de mais uma dose , a chamada “fissura”. Cientistas acreditam que  a ibogaína “reinicie “ esse sistema, retornando-o aos níveis normais de atividade.



Mas, como não existe produção no Brasil e a droga é importada de diversas fontes seu uso ainda provoca riscos e já  foram relatados casos de mortes, porque a droga, em alta dosagem, provoca alterações cardíacas. Mesmo assim, seu uso tem se disseminado em clínicas para dependentes. ( F S P , 25.10.2014, p. C-6) .



 

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