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Artigos-->ISRAEL X HAMAS 2014 OPERAÇÃO MARGEM PROTETORA -- 11/08/2014 - 14:30 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



ISRAEL X HAMAS 2014  OPERAÇÃO MARGEM PROTETORA



 



Edson Pereira Bueno Leal, agosto de 2014.



 



 



O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou no dia 15 de junho o Hamas de ter sequestrado três adolescentes israelenses que estão desaparecidos desde a noite do dia 12, quando tentavam voltar para casa , depois da aula, perto da cidade de Hebron , na Cisjordânia. O Hamas negou a autoria, mas celebrou o sequestro como um ato de resistência á ocupação de Israel na Cisjordânia. ( F S P , 16.06.2014, p.A-10) .



Israel prendeu 150 palestinos, sendo 40 membros do Hamas , entre eles o presidente do Parlamento e cinco deputados. ( F S P , 17.06.2014, p. A-13) . Mais pessoas foram presas no dia 17 de junho, ultrapassando a 200 . Trata-se da maior operação israelense na Cisjordânia desde a Muro da Defesa , em 2002, na qual Israel, em plena segunda Intifada, desmantelou as estruturas da ANP. A operação não vai terminar até que os três desaparecidos sejam encontrados. ( F S P , 18.06.2014, p. A-14) .



Um palestino de 14 anos foi morto no dia 20 com um tiro no peito disparado pelo Exército Israelense que entrou no povoado de Dura para deter um terrorista e reagiram a um ataque de pedradas e coquetéis molotov. No dia 16 outro jovem palestino morreu nas mesmas circunstâncias, no campo de refugiados de Jalazon, perto de Ramallah . Desde o dia 12, 330 palestinos, entre eles 240 supostos integrantes do Hamas já foram detidos. ( F S P , 21.06.2014, p. A-14).



Forças israelenses atacaram alvos de militantes na faixa de Gaza no dia 29, matando um atirador do Hamas e ferindo outros dois, depois de uma série de lançamentos de foguetes vindos do território palestino. Os militares israelenses disseram ter como alvo uma grupo de palestinos prestes a disparar foguetes para o outro lado da fronteira. Dois foguetes foram derrubados pelo sistema de defesa interceptador de mísseis, o Domo de Ferro. Mas outros foguetes passaram e deixaram em chamas na cidade de Siderot uma fábrica, ferindo três pessoas.  O Hamas continua com sua política de lançar foguetes sobre o território israelense.  ( F S P , 30.06.2014, p. A-13) .



 



Foram encontrados na Cisjordânia , no dia 30 de junho, os corpos dos três adolescentes que estavam desaparecidos há 18 dias.



Voluntários civis acharam os corpos sob pedras em um campo próximo à vila palestina de Halhul e notificaram o Exército. Os jovens foram baleados logo após o sequestro.



A partir de informações das próprias autoridades palestinas, o Shin Bet, serviço secreto israelense, identificou Marwan Aawasmeh e Amar Abu Aisha como os sequestradores dos adolescentes.



Os palestinos, fazendo-se passar por colonos judeus , deram carona aos jovens quando eles voltavam de um colégio religioso. Um dos meninos, Gilad, conseguiu fazer  uma ligação do celular para o serviço de emergência  e sussurrou “ Fomos sequestrados”. Uma voz em árabe se segue: “Tira o telefone dele. Cabeça e mãos para baixo”. Em seguida são ouvidos tiros e gritos e segundos depois, ainda ao som da rádio ao fundo, dois terroristas comemoraram o feito e cantam: ”Três, três, pegamos três”. ( Revista Veja, 9.7.2014, p. 58-59) .



O sequestro seria de  responsabilidade do clã Qawaeh, que seria composto por 10 mil pessoas, o que o torna o terceiro mais importante na região de Hebron , em cuja vizinhança se deu o sequestro. Nessa região, um punhado de colonos judeus vive cercado por cerca de 250 mil palestinos.



O clã é vinculado ao Hamas, mas tem um histórico de ações violentas por conta própria.



O Hamas não assumiu a autoria do sequestro, mas louvou a ação, o que dá na mesma. Realmente a loucura predomina na região, pois não há outra explicação para um grupo que sequestra e mata três jovens de 16 a 19 anos que eram apenas estudantes .



 O sequestro pode ter aberto, como afirmou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, “ as portas do inferno”.



O premiê israelense, Binyamin Netanyahu prometeu reação contra o Hamas , a quem responsabiliza pelo crime:” O Hamas é o responsável e eles vão pagar”. O Hamas negou :” Nenhum grupo palestino , nem o Hamas, assumiu responsabilidade pela ação, portanto não se pode acreditar na versão de Israel”. O vice-ministro da Defesa , Danny Danon, pediu uma ação militar e disse que o governo “ não vai parar até que o Hamas seja derrotado”. ( F S P , 1.7.2014, p.A-10/12) .



O primeiro-ministro , Binyamin Netanyahu, anunciou no dia 1º de julho,  três ações contra o Hamas como retaliação à morte dos três adolescentes judeus.



Ele disse que as prioridades são encontrar os culpados , enfraquecer a estrutura do Hamas na Cisjordânia e criar uma operação contra o grupo na faixa de Gaza. “Não  vamos descansar enquanto não encontrarmos o último[ dos culpados] . É a nossa primeira missão.



O porta-voz do Hamas, Abu Zuhri disse, Netanyahu não deve testar nossa paciência”.



Um grupo desconhecido, intitulado Partidários do Estado Islâmico  e que jurou lealdade do EIIL, reivindicou as mortes.



Um palestino foi morto em uma ação no campo de refugiados próximo à cidade de Jenin, na Cisjordânia , por soldados de Israel ao lançar uma granada contra os militares. Foi o sexto palestino morto desde que os adolescentes foram sequestrados. O resultado preliminar da autópsia mostra que os legistas encontraram traços de fuligem e fumaça em seu pulmão, sinal de que ele respirava quando o seu corpo foi queimado. ( F S P , 6.7.2014, p. A-14) .



Netanyahu , por meio de seu porta-voz pediu ao presidente da Autoridade Nacional  Palestina, Mahmoud Abbas, que desfaça a aliança com o Hamas, grupo considerado terrorista. “Essa atrocidade [...] mostrou que o Hamas não mudou. Ele  continua uma organização terrorista vil que ameaça todos os civis israelenses”. ( F S P, 2.7.2014, p. A-10) .



A situação continuou se agravando. No dia 2 de julho foi encontrado em Jerusalém, o corpo de um adolescente palestino.  Segundo parentes e testemunhas, Muhammad Hussein Abu Khdeir, 16 , foi obrigado a entrar em um carro por volta das 3h45 em frente a uma mesquita no bairro de Beit Hanina, onde estava esperando pela oração do amanhecer e seu corpo , parcialmente queimado e com marcas de violência, foi encontrado em uma floresta em Jerusalém Ocidental.



O crime pode ter sido um ato de vingança pela morte dos três adolescentes judeus na Cisjordânia. O primeiro ministro da ANP, Mahmoud Abbas pediu que Israel condene à morte os responsáveis pelo crime “ como nós condenamos às dos israelenses”. Netanyahu pediu uma investigação para encontrar responsáveis pelo “assassinato desprezível”. “Não pratiquem a lei com as próprias mãos”, afirmou.



Judeus extremistas costumeiramente atrapalham a colheita das oliveiras palestinas , depredam e ateiam fogo em mesquitas, mas desta vez foram além. A cientista política israelense Miri Eisin, coronel aposentada da inteligência militar israelense afirma “ Esse terrorismo judaico é algo novo e uma das coisas que mais temíamos”.



Para piorar a situação , o EIIL , ou Isis divulgou um ultimato de adesão a todas as organizações jihadistas sunitas do mundo e o Hamas, que também pertence à facção sunita do islamismo recusou, mas indivíduos ou grupos na Faixa de Gaza podem tentar cometer atentados contra Israel em nome do Isis. A Faixa de Gaza e a Cisjordânia estão repletas de extremistas e o resultado é um ciclo de violência que não tem fim. O historiador americano Aaron David Miller, do Wilson Center, em Washington afirma: “Os dois lados se iludem ao achar que tem o monopólio da justiça e da dor”. ( Revista Veja, 9.7.2014, p. 58-59) .



O Hamas , porém , disse em nota que Israel vai “pagar o preço pelo crime cometido pelos colonos”. ( F S P , 3.7.2014, p. A-14) .



Com o assassinato de Muhammad , Jerusalém Oriental , região de maioria árabe, foi tomada por protestos de palestinos. No dia 3, manifestantes bloquearam uma linha de trem e atiraram pedras na polícia , que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha. Cerca de 232 pessoas ficaram feridas nos confrontos. ( F S P , 4.7.2014, p. A-13) .



O Exército de Israel mobilizou tropas e convocou reservistas para a fronteira  com Gaza no dia 3 de julho. A manobra aconteceu depois que ao menos 21 foguetes foram lançados durante a madrugada  em direção á cidade de Sderot. Os mísseis não deixaram feridos, apenas danificaram casas e dois foram interceptados pelo sistema Domo de Ferro.



A Faixa de Gaza tem apenas 360 km2, e uma população de 1.816.379 palestinos. O PIB é de US$ 1,3 bilhão e o PIB per capita de apenas US$ 876.



Em Gaza o Exército israelense realizou 15 ataques aéreos contra bases do Hamas, deixando 11 feridos nas cidades de Gaza e Beit Lahiya.



Israel não pretendia invadir Gaza e ampliar o conflito.  O premiê de Israel , Ninyamin Netanyahu , disse que interromperá as ações se Gaza parar de lançar foguetes. “Caso contrário, os ataques continuarão, e as tropas reforçadas no sul de Israel usarão a força”.



Milhares de pessoas acompanharam o enterro do palestino Mohammed Abu Khdeir no dia 4 de julho em Jerusalém, suspeito de ter sido assassinado por extremistas judeus . O enterro aconteceu no bairro Shuafat , de maioria árabe, onde vivia Mohammed. Enquanto o corpo era levado envolto em uma bandeira da Palestina, jovens encapuzados cantavam sobre sangue, armas, sacrifício e luta. Durante o ritual houve enfrentamentos , com manifestantes atirando pedras e a polícia , bombas de efeito moral e balas de borracha. Ao menos 15 pessoas ficaram feridas , mas não houve detenções.



Seguiram as trocas de ataques entre a Faixa de Gaza e Israel. Quatro foguetes foram atirados em direção a Israel, e o Exército israelense lançou três bombas em Gaza. Dois palestinos foram baleados por estarem colocando explosivos na fronteira.



O representante do Hamas, Mushur al-Masri , disse que estão sendo feitos contatos para cessar-fogo:” Calma será respondida com calma”. ( F S P , 5.7.2014, p. A-13) .



A polícia israelense prendeu  no domingo dia 6 de julho, seis suspeitos do assassinato do adolescente palestino  e três deles confessaram o crime e apontaram  a participação dos outros detidos. Autoridades israelenses confirmaram que o assassinato foi cometido por motivos “nacionalistas”.



O primeiro ministro de Israel Binyamin Netanyahu disse na televisão em pronunciamento oficial” Não vamos permitir que extremistas, não importa de que lado, inflamem a região e causem derramamento de sangue”.



Segundo o Exército Israelense ao menos 25 foguetes foram disparados da faixa de Gaza no domingo. Em resposta aos ataques , aeronaves israelenses bombardearam áreas palestinas e pelo menos dois homens foram mortos e um ficou ferido no ataque. ( F S P, 7.7.2014, p.A-11) .



A situação continuou se agravando. Cerca de sete militantes do Hamas foram mortos em ataques aéreos de Israel sobre Gaza. Seis estavam em um túnel em Gaza. Israel negou responsabilidades por essas mortes.



Sami Abu Zohri, um dos porta-vozes do Hamas afirmou: “ O inimigo sionista pagará um preço pesado”.



Mais de 70 foguetes foram atirados por palestinos contra cidades do sul de Israel , mas ninguém se feriu. Um dos mísseis chegou a alcançar Beersheva, a 40 km de Gaza, mas a  maioria não ultrapassa 1 km.



Por sua vez o porta-voz do Exército de Israel , Peter Lerner, declarou:” Estamos nos preparando para uma escalada [ nas hostilidades]”. Outro oficial foi além dizendo que os ataques serão “cada dia piores.. Nós vamos aumentar os ataques para deixar claro para eles [ Hamas] que é do interesse deles parar de atirar foguetes”.



Israel tem dado mostras que vai punir os assassinos do adolescente palestino. Seis pessoas foram presas e três confessaram o crime. No dia 7 de julho, o próprio primeiro-ministro de Israel , Binyamin Netanyahu, ligou para o pai da vítima , Hussein Abu Khdeir , para expressar os pêsames: “ Os assassinos serão julgados e processados com todo o rigor da lei”. O presidente de Israel , Shimon Perez, publicou um artigo condenando os atos de vingança dos dois lados: “Nós temos a escolha: dar ao mundo a impressão de que racistas e extremistas estão à nossa frente, ou combate-los até os eliminarmos”. ( F S P , 8.7.2014, p. A-9) .



O governo israelense autorizou em 8 de julho a convocação de 40 mil reservistas do Exército para reforçar a ofensiva sobre a faixa de Gaza, chamada de Operação “Margem Protetora”. Segundo a imprensa israelense o primeiro ministro Binyamin Netanyahu disse em uma reunião  com assessores: “Todas as opções estão na mesa, incluindo invasão por terra”.



Desde o dia 7, o Exército israelense realizou ao menos 146 ataques aéreos em Gaza, deixando 20 mortos, a maioria civis e mais de 50 feridos. Em alguns casos, os militares ligam para os moradores saírem de suas casas antes dos ataques.



Do outro lado, militantes do Hamas atiraram mais de 90 foguetes em Israel sem deixar nenhum ferido.



As Brigadas Ezzedin al-Qassam, braço armado do Hamas, disseram que Israel “cruzou a linha vermelha” e “vai lidar com as consequências de sua agressão bárbara e criminosa.  Não temos medo de suas ameaças e não vamos nos render às suas condições.



Já do lado israelense o ministro da Defesa, Moshe Yaalon disse que a operação vai durar: “ Nós estamos preparados para uma batalha contra o Hamas que não vai terminar nos próximos dias”. ( F S P , 9.7.2014, p. A-8) .



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu prometeu no dia 9 de julho intensificar os ataques contra o Hamas. “Decidimos intensificar os ataques contra o Hamas e as outras organizações terroristas na Faixa de Gaza. O Hamas pagará preço alto pelos tiros contra a população civil. A segurança dos israelenses é primordial , e esta operação continuará até que os disparos contra as localidades israelenses parem e a calma volte”.



Hamas



O Hamas continuou a  disparar contra alvos israelenses. Foram lançados 48 foguetes pelos palestinos e o Domo de Ferro interceptou outros 14.No dia 9 , mísseis do sistema Domo de Ferro interceptaram pelo segundo dia seguido foguetes lançados contra Tel Aviv. Outros foguetes cujo alvo era a usina nuclear de Dimona, a 80 km de Gaza, foram abatidos ou caíram em campo aberto. Outro caiu em Hadera, no noroeste de Israel , sem deixar vítimas e as sirenes soaram também em Ashkelon, cidade israelense mais ao sul e mais próxima de Gaza.



O Hamas conta com uma gama maior de foguetes. Tem os pequenos e  imprecisos da família Grad, com alcance de 20 a 48 km, Qassam 18km, Grad 48 km, WS-1E 45 km e M-75/Fajr-5 , 75 km,  mas também está atacando com foguetes M-302, construído na Síria e que tem alcance de 190 km, ou seja , todo o território de Israel . Os israelenses estimam que haja cerca de 10 mil foguetes no arsenal do Hamas.



Ali Hashem do site “Al Monitor” diz que os iranianos essencialmente contrabandeiam foguetes via os cérebros dos palestinos , mantendo intacto o know-how, apesar de guerras e ataques”. Parte do  princípio de que o know-how não pode ser bombardeado. Ou seja, mesmo que Israel reocupe Gaza, nada garante que , quando tiver que sair de novo, pois não pode ficar permanentemente na área, os foguetes não estarão prontos para serem disparados de novo. ( Clóvis Rossi ,  F S P , 22.07.2014, p. A-12) .



Nenhum projétil da Faixa de Gaza é teleguiado , pois o Hamas não possui esta tecnologia.



O general Itay Brun, comandante da unidade de análise de inteligência e produção militar de Israel , disse em junho que o conhecimento técnico para a fabricação de foguetes de médio alcance em Gaza veio do Irã.



Em março , forças israelenses interceptaram um navio no sul do Mar Vermelho, a 1.600 km de Israel , contendo um carregamento de M-302,  que supostamente iriam para Gaza. ( F S P , 11.07.2014, p. A-14) .



Conforme assinala Julia Sweig, “ O Hamas não é representante legítimo do povo palestino... O Hamas é uma organização terrorista que perdeu mais de US$ 200 mil em receita mensal quando o governo egípcio pós-Mursi fechou os túneis entre o Egito e a faixa de Gaza...A finalidade dos túneis não é permitir a entrada irregular de dinheiro ou coisas para romper o cerco econômico . É permitir ataques contra Israel , dentro de Israel”



O Washington Post descreve o cinismo do Hamas em sua estratégia:” A perversidade da estratégia do Hamas parece passar desapercebida de boa parte do mundo externo, que – aceitando o roteiro traçado pelos terroristas – culpa Israel pelas baixas civis que ele causa. Enquanto crianças morrem nos ataques contra a infraestrutura militar que os líderes do Hamas posicionaram deliberadamente em casas e no meio delas, esses líderes permanecem em segurança em seus túneis”. ( F S P , 30.07.2014, p. A-14) .



Segundo autoridades médicas palestinas, dos 47 mortos em dois dias, 41 eram civis e 12 deles crianças . Houve ainda cerca de 300 feridos. Não foram reportados mortos ou feridos do lado israelense, graças à eficiência do Domo de Ferro, que é financiado em parte pelos EUA. ( F S P , 10.07.2014, p. A-12) .



Os EUA tentaram evitar a invasão de Gaza por Israel. O presidente Barak Obama disse no dia 10 que os EUA estão dispostos e negociar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O secretário de Estado americano , John Kerry condenou os ataques de foguetes por militantes de Gaza, e exaltou o direito de defesa de Israel: “Nenhum país pode aceitar ataques com mísseis  contra a população civil , portanto apoiamos completamente o direito de Israel de se defender”, disse em visita à China. Ele está com a razão. Não é possível a qualquer país que seja, conviver com um vizinho que todo dia lança mísseis contra alvos civis em seu território, sem ações de resposta.



O Hamas reagiu, dizendo que Kerry, é “responsável pelo assassinato de crianças palestinas “. O responsável é o terrorismo palestino. Basta parar de lançar mísseis sobre Israel que o revide israelense também vai cessar.



Militantes de Gaza já atiraram mais de 350 foguetes em território israelense e pela primeira vez desde 2012, um míssil palestino caiu perto de Jerusalém. É uma batalha perdida. A maioria dos mísseis lançada pelo Hamas foi interceptada pelo “Domo de Ferro”.  Guiados por sensores, os interceptadores do Domo de Ferro são disparados quando há centros populacionais em risco e lançam pedaços explosivos de metal nas proximidades do foguete para destruir a ogiva. O sistema tem índice de sucesso de quase 90%.



Já os palestinos não tem nada para protege-los da resposta israelense. Desde o dia 8 de julho, Israel já realizou mais de 860 ataques aéreos, deixando ao menos 81 palestinos mortos. A baixa correlação entre o número de ataques e o número de vítimas decorre da precisão cirúrgica dos ataques, destinados a destruir bases de lançamento de mísseis e instalações do Hamas, sendo que o Exército de Israel liga para os moradores saírem de suas casas em 5 minutos se estiverem próximos a alvos.



O Conselho de Segurança da ONU se reuniu no dia 10 para discutir a situação, mas os EUA não vão permitir qualquer condenação a Israel enquanto o Hamas não parar de lançar foguetes.



O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon , com as mãos amarradas, apenas apelou por um acordo de cessar-fogo na região, disse que a paz não será possível enquanto o Hamas não parar de atirar foguetes em Israel, mas que “ o uso excessivo da força e a ameaça à vida de civis não são aceitáveis. Mais uma vez, civis palestinos estão entre a irresponsabilidade do Hamas e a resposta dura de Israel”



O embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, disse que o Hamas se esconde atrás de civis palestinos: “ O Exército de Israel avisa os palestinos de ataques iminentes. Ao mesmo tempo, o Hamas os instrui a ficarem nos telhados, agindo como escudos humanos”. ( F S P , 11.07.2014, p. A-14) .



No dia 11 de julho, Israel foi alvo de foguetes vindos do Líbano , levando á ampliação do conflito na região. Cinco mísseis foram lançados de uma área sob controle da milícia xiita Hizbullah, embora não esteja claro se foram lançados pelo grupo.



Dois atingiram a cidade de Metula, sem deixar feridos , dois foram interceptados , e um caiu em território libanês. Em resposta, o Exército de Israel atacou com ao menos 25 projéteis de artilharia,



As autoridades libanesas prenderam dois membros da FPLP ( Frente Popular para a Libertação da Palestina), suspeitos de atirarem os foguetes. Um deles estava ferido.



O ministro libanês das Relações Exteriores e Emigrantes, Gebran Bassil disse o Líbano não vai entrar neste conflito: “Pode haver ataques individuais , já que é muito fácil lançar um foguete hoje em dia. Mas as forças de segurança já prenderam o responsável por esses foguetes. O que aconteceu na sexta-feira não veio do Exército Libanês”. ( F S P , 13.07.2014, p. A-18) .



Os ataques na faixa de Gaza entraram pelo quarto dia. A Operação Margem Protetora, realizada por Israel em Gaza, deixou saldo de ao menos 103 palestinos mortos e mais de 700 feridos, em sua maioria civis. Do outro lado, militantes do Hamas atiraram mais de 500 foguetes em Israel, a maioria interceptada pelo Domo de Ferro.



Se a força aérea e a artilharia não conseguirem silenciar as baterias de mísseis do Hamas, Israel não terá outra alternativa a não ser reconquistar a Faixa de Gaza e ocupa-la por longo período. É uma alternativa a ser evitada porque o conflito passará a ser de grandes proporções e com consequências imprevisíveis. ( F S P , 12.7.2014, p. A-12).



Entrar na Faixa de Gaza com tanques é uma ação quase suicida, pois poria os soldados israelenses frente a frente com os militantes do Hamas. Por outro lado, herdar um território cheio de terroristas e fanáticos, onde 40% de seus habitantes estão desempregados, certamente não é uma boa decisão. ( Revista Veja, 16.07.2014, p. 79) .



Porém , como assinala Hussein Ibish, colunista do “The National” ( Emirados Árabes Unidos): “As metas declaradas de Israel  de degradar – se não eliminar – a capacidade do Hamas de disparar foguetes são diretas, mas inalcançáveis, a menos que o país parta para reocupar plenamente Gaza e reverter o ‘desengajamento unilateral’ efetuado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em 2005”. ( Clóvis Rossi, F S P , 22.07.2014, p. A-12) .



Os fatos mostram que o Hamas deliberadamente tem procurado fazer o maior número de vítimas civis entre seu próprio povo para impulsionar a causa.



Os ataques feitos por Israel começam a ser planejados pelo serviço de inteligência  que determina os alvos de acordo com dados coletados ao longo dos anos. O piloto parte para a missão com instruções detalhadas para o ataque . No entanto , a decisão final é dele. Se ele perceber a presença de civis ou movimento de carros da rua, pode abortar o ataque. Os mísseis usados são teleguiados e possuem câmeras em suas pontas. Quatro outros aviões acompanham o ataque , para grava a missão. A partir do material capturado pelas câmeras, e pelo acompanhamento da inteligência o Exército avalia o número de mortes e outras consequências. ( F S P , 20.07.2014, p. A-16) .



Israel liga para os telefones dos moradores de Gaza para que eles tenham tempo de fugir. Com isso perde o elemento surpresa , pois os terroristas também ficam sabendo. Os alvos são sempre lideranças do Hamas e seus arsenais, mas há os vizinhos.



Hamas



Os integrantes do Hamas , porém, ordenam que os civis, inclusive crianças , permaneçam onde estão e morram como mártires. Muitos dos que contrariaram as ordens foram linchados, pois são considerados traidores, colaboradores do sionismo.



Esses são os palestinos. De um lado tem Israel, um vizinho quase invulnerável por causa do escudo tecnológico.  Seus vizinhos, os líderes do Hamas, não querem manter sua integridade,  preservar suas vidas , mas ao contrário os utilizam como escudos humanos. Comentarista egípcios acusam o Hamas de arriscar a própria população , enquanto seus chefes no exílio, ficam em hotéis, à beira da piscina, ou numa praia nudista, comendo de tudo, casados com quatro esposas. ( Revista Veja, 23.07.2014, p. 39) .



Conforme assinala Luiz Felipe Pondé, o Hamas  finge que quer a paz, mas na realidade , quer matar os israelenses. O Hamas não lança foguetes pela criação do Estado Palestino, lança pela destruição do Estado de Israel. Desde 1948, alguns países árabes tem uma política chamada de “judeus ao mar”.



O Hamas é uma organização terrorista e islamita que não reconhece o direito à existência de Israel. Conforme assinala João Pereira Coutinho, na carta fundamental do grupo, depois de prestar vassalagem à Irmandade Muçulmana ( artigo 2) e de invocar os Protocolos dos Sábios do Sião” ( artigo 32)  ( um documento forjado pela polícia czarista no século 19 para “provar” o conluio judaico para dominar o mundo), o Hamas não quer  um Estado palestino junto ao Estado judaico. Quer, sem compromissos de qualquer espécie , a destruição da “invasão sionista” ( artigo 28) – do mar Mediterrâneo até o rio Jordão. Os foguetes que o Hamas lança não são formas de reivindicar nada: são a expressão da incapacidade de aceitar que os judeus vivam na “waaf” ( terra inalienável dos muçulmanos – artigo 11).



Portanto, fica claro que o Hamas não pode ser considerado como “parceiro” para qualquer “processo de paz”. O Hamas , que tem natureza jihadista, não luta em nome da Palestina. Lula em nome de Alá,



A solução para a região já está dada. A Faixa de Gaza já é território palestino. Israel se retirou do território em 2005, e a região , agora um antro de pobreza e corrupção é governada pelo Hamas desde a vitória nas eleições parlamentares de 2006. Do outro lado está a Cisjordânia  comandada com mais moderação pela Autoridade Palestina, e que precisa que sejam retiradas colônias judaicas instaladas em seu território e por fim Israel. Trata-se portanto de consolidar as fronteiras e estabelecer um modo pacífico de vida, mas com o Hamas defendendo a eliminação de Israel isso jamais será possível. A situação poderia ter sido resolvida em Camp David em 2000, mas foi o lado palestino, com Yasser Arafat que recusou e cometeu um crime contra seu próprio povo. ( F S P , 22.07.2014, p. E-6) .



O filósofo britânico, nascido em Riga, Isaiah Berlin ( 1909-1997) , descreve Israel no artigo “ The Origins of Israel”, de 1953 como um anacronismo, porque fundado nos mais puros ideais da “intelligentsia” liberal russa do século 19: liberdade, igualdade, justiça, ciência, democracia, ou seja, a busca de assimilação dos judeus aos modos de vida moderna da Europa ocidental. Esse processo entrou em choque com as comunidades religiosas judaicas do Leste Europeu que são muito conservadoras , não foram assimilados pelo modo de vida secular e criaram um conflito interno no Estado judeu entre seculares e ortodoxos. ( F S P ,21.07.2014, p. E-6) .



Devido à uma absoluta oposição de valores é muito difícil Israel e os Palestinos chegarem a um entendimento.



Se os civis não saem , um drone israelense despeja um míssil pequeno e sem pólvora no telhado, como aviso. A técnica é chamada “knock on the roof” ( bater no telhado)  .



Um vídeo gravado por um avião israelense mostra moradores fugindo após um alerta dado por um pequeno disparo, mas um grupo ainda maior retorna e sobe ao topo de um prédio, para atuar como escudo humano. O ataque nesse caso foi cancelado. Ou seja, como diz o cientista política israelense Ely Karmon, , do Instituto de Contraterrorismo de Hertzlia, “ Para mostrar que ainda é relevante, o Hamas não hesita em sacrificar a sua população”.



O Hamas tenta resolver uma de suas piores crises.



Na guerra civil síria, o chefe político do Hamas em Damasco, Khaled Meshaal , se recusou a ajudar o governo alauíta de Bashar Assad e massacrar sunitas,  e por isso teve de se mudar para o Catar , em 2012.



Em 2013, no Egito, a Irmandade Muçulmana , que inspirou a criação do Hamas, foi apeada do poder pelo governo militar e depois colocada na clandestinidade. O novo governo destruiu 90% dos túneis de contrabando entre o Egito e a Faixa de Gaza, impedindo a chegada de armas, carros e mercadorias, minando uma  das principais fontes de recurso do Hamas que é o comércio pelos túneis.



O Irã, um dos patrocinadores do grupo , está atualmente preocupado com os terroristas da organização sunita EIIL ou Isis, que ameaça os xiitas no Iraque.



Até o Catar, outro financiador, está com dificuldade para transferir dinheiro para o Hamas, que assim não consegue sequer pagar o salário dos funcionários públicos em Gaza e foi essa penúria que levou o Hamas a fazer uma aliança com o Fatah, da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. Mas o Fatah também não está pagando direito as contas da Faixa de Gaza. ( Revista Veja, 16.07.2014, p. 78-79) .



O Conselho de Segurança da ONU pediu no dia 12 de julho , um cessar-fogo entre palestinos e israelenses e expressou preocupação com o bem-estar e a segurança dos civis dos dois lados. ( F S P , 13.07.2014, p. A-19) .



A vitimização da população , estratégia usada pelo Hamas se agravou em 13 de julho.  Uma militar israelense observou:” O inimigo construiu infraestrutura para foguetes entre as casas. Ele quer que um ataque machuque civis.



O exército israelense então lançou panfletos sobre a cidade de Beit Lahia  exigindo a retirada coletiva dos palestinos. Os avisos anteriores, feitos por telefone, tinham sido individuais, destinados a casas. Os panfletos , em árabe, diziam “ Aqueles que não cumprirem com as instruções de saírem imediatamente irão pôr suas vidas e as de seus familiares em perigo. Cuidado”.



O Hamas, por sua vez, afirmou via rádio, que os avisos israelenses não passavam de “arma psicológica “ e que quem os respeita está “ajudando o inimigo”.



Como os palestinos não estão a fim de morrer, cerca de 10 mil pessoas saíram de suas casas no dia 13 e chegaram  a bordo de carros, táxis e até burros em busca de refúgio nas escolas geridas pela ONU na Cidade de Gaza, ao sul do território palestino. Salem Abu Halima, 25 afirmou :” O que podíamos fazer. Tivemos que fugir para salvar a vida de nossos filhos”.  Cerca de 300 palestinos que possuem dupla cidadania também deixaram Gaza em direção a outros países.



A operação chegou no domingo dia 13 ao sexto dia, com pelo menos 166 palestinos mortos, 77% civis segundo a ONU  e mais de 1.100 feridos. O Hamas e a Jihad Islâmica, lançaram  896 foguetes em direção a Israel, que deixaram dez pessoas feridas. ( F S P , 14.07.2014, p. A-8) . 



Um foguete que atingiu a região das colinas de Golã, no norte de Israel , no dia 13 foi disparado da Síria . Ninguém ficou ferido, mas , em retaliação, as forças judaicas dispararam mísseis de artilharia em direção a bases militares do regime sírio. ( F S P , 14.07.2014, p. A-8) . 



O Exército Israelense derrubou no dia 14 um drone na costa sul do país. O drone foi lançado de Gaza e abatido perto da cidade de Ashdod . O Hamas divulgou um comunicado em Gaza que conta com três tipos de drones batizados como Abadi: O AB1, para missões de espionagem; o AB2 para ataques e o AB3 , um planador suicida. Segundo o Hamas, três drones foram lançados, mas fracassaram, sem dizer os alvos citados nem o objetivo das missões.



No dia 14 o número de mortos já aumentou para 175, mais de 1.280 feridos e quase mil foguetes lançados em direção a Israel. ( F S P , 15.07.2014, p. A-11) .



No dia 15 de julho, o Hamas rejeitou proposta de cessar-fogo do Egito e Israel retomou seu intenso bombardeio à Faixa de Gaza.



Um foguete lançado de Gaza matou um civil israelense de 37 anos nas cercanias da passagem de Erez, na divida com a área controlada pelo Hamas. O homem entregava comida a soldados que atuam na região.



O plano egípcio de trégua, primeira tentativa de suspender o conflito, foi aceito brevemente por Israel, mas caiu por terra quando novos disparos feitos de Gaza em direção á cidade israelense de Ashdod. Ou seja, o Hamas não quer saber de trégua. Quer continuar matando a população de Gaza.



Estima-se que militantes do Hamas tenham disparado no dia 15, terça-feira, mais de 120 foguetes e morteiros contra o território israelense. O Hamas diz não considerar o atual governo do Egito, que derrubou a Irmandade Muçulmana, um mediador imparcial . O conflito anterior com Israel, em 2012, foi resolvido com mediação egípcia. Hoje, porém, o Hamas vê a trégua proposta como um “ultimato” e diz que o plano não resolve problemas como o bloqueio da fronteira de Gaza imposto por Israel e Egito , em diferentes graus desde 2007. O bloqueio é inócuo . Com bloqueio e tudo o Hamas tem um arsenal de 10.000 foguetes.



No dia 15 os números de palestinos mortos já chegam a 194 e mais de 1.400 feridos. ( F S P , 16.07.2014, p. A-19) .



No dia 16, um ataque de artilharia feito por um navio de guerra israelense matou quatro crianças  e deixou outra em estado grave em uma praia de Gaza. O Exército de Israel disse em comunicado que os alvos do ataque eram “agentes terroristas do Hamas”. As vítimas civis deste ataque são um trágico resultado, afirmaram os militares israelenses.



Após o ocorrido, Israel aceitou conceder um cessar-fogo humanitário de cinco horas no dia 17, das 10 às 15 horas.



Apesar disso, militares israelenses afirmam ser provável uma invasão por terra nos próximos dias:” Se você quer eficiência na luta contra o terror, tem que estar presente com as tropas em terra”, disse um oficial do Exército.



No nono dia, a Operação Margem Protetora teve saldo de 214 palestinos mortos e mais de 1.100 feridos e do lado do Hamas e da Jihad Islâmica, mais de 1.215 foguetes foram lançados contra Israel.



Clóvis Rossi comenta as declarações do primeiro ministro de Israel , Binyamin Netanyahu, de que Israel tem de assegurar de que “ não haverá outra Gaza na Judeia e Samaria”, ou seja na Cisjordânia.



Isso traduzido segundo David Horovitz , do “Times of Israel” significa:” Não renunciar ao controle de segurança a oeste do rio Jordão, deve-se enfatizar, significa não aceitar as demandas de Mahmoud Abas, as demandas de Barak Obama, as demandas da comunidade internacional(...) Essa sentença , muito  simplesmente, determina o fim da noção de que Netanyahu consentiria no estabelecimento de um Estado palestino”. Com isso, “torna-se fora de questão uma Palestina plenamente soberana”. ( F S P , 17.07.2014, p. A-18) .



Ou seja, em outras palavras a situação na região não tem solução. Israel não vai concordar com a soberania dos palestinos porque isso significaria dar total liberdade a terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica a se munirem com armamento mais destrutivo o que provocaria uma catástrofe na região. Israel também não pode radicalizar e anexar pela força os territórios palestinos porque isso teria um preço elevadíssimo e a oposição total da comunidade internacional e principalmente dos EUA. Isso quer dizer que a situação vai continuar do jeito em que está , com períodos de paz, seguidos por períodos de confronto com Israel separado por muros dos territórios palestinos e com o Domo de Ferro em ação para proteger o território dos inevitáveis mísseis palestinos.



Invasão da Faixa de Gaza



O Exército de Israel iniciou no dia 17 de julho,  uma invasão por terra em Gaza. O objetivo é destruir túneis usados pelo Hamas para entrar no território israelense. A operação, envolve infantaria, tanques, engenharia , ataques aéreos , navais e inteligência e não tem dia previsto para terminar.



O número de palestinos mortos até o dia 17 aumentou para 240 e mais de 1.700 ficaram feridos.  No dia 17, funcionários da ONU encontraram cerca de 20 foguetes em uma escola da Agência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina no Oriente Médio ( UNRWA), uma violação do direito internacional. O número de foguetes lançados contra Israel aumentou para 1.241 e uma pessoa morreu do lado israelense. ( F S P , 18.07.2014, p A-18) .



O primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu pediu no dia 18 aos militares que “ se preparem para a possibilidade de uma ampla e significativa ofensiva na faixa de Gaza, embora não haja garantia de 100% de sucesso”.



Cerca de cinco túneis foram destruídos, 100 locais foram atingidos e 14 membros do Hamas , “neutralizados”. O número de mortos entre os palestinos aumentou para 280 e 2 israelenses. O posto de fronteira israelense de Erez, único ponto de passagem para pedestres foi fechado e a maior parte de Gaza ficou sem energia. ( F S P , 19.07.2014, p. A-17) .



Israel já experimentou dez tecnologias para detectar escavações, mas nenhuma delas foi bem sucedida ou capaz de monitorar toda a fronteira com a Faixa de Gaza.



No dia 19 de julho dois soldados israelenses foram mortos por um comando palestino que se infiltrou em Israel através de um túnel a partir da Faixa de Gaza, elevando a três o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre.



No dia 19 o total de palestinos mortos na ofensiva contra a faixa de Gaza foi de 46, elevando para 330 o total de vítimas. Mas Israel pretende intensificar sua operação terrestre. ( F S P , 20.07.2014, p. A-15) .



O domingo dia 20 de julho foi o mais sangrento de todos. O governo palestino declarou que ao menos 87 civis foram mortos, a maioria na região de Shejaiya. Já militares israelenses anunciaram que 13 soldos morreram em emboscadas, sendo sete que estavam em um transporte blindado atingido por disparos antitanque , em Shejaiya. Outros foram atingidos quando se posicionavam dentro de casas que haviam tomado,



Desde o dia 8 de julho o total de palestinos mortos subiu para 423, incluindo  100 crianças e mais de 3.000 feridos. Do lado israelense o número de mortos aumentou para 18, confirmando a expectativa de que se houvesse invasão terrestre em Gaza, o número de baixas iria aumentar. Mas somente os 13 soldados mortos no dia 20, ultrapassa o número de baixas nas duas últimas ofensivas em Gaza, em 2008 e 2009, mostrando que o Hamas está sendo mais mortal. ( F S P ,21.07.2014, p. A-10)..



Com o aumento do número de mortos civis , aumenta a pressão internacional por um cessar-fogo e pela desocupação de Gaza. Se isso ocorrer Israel vai perder no campo de batalha porque não terá alcançado suas metas de  eliminar a capacidade do Hamas de atacar território israelense com seus foguetes e destruir os túneis que os militantes do Hamas construíram para entrar em Israel e pratica atentados. Eliminar a capacidade do Hamas será uma tarefa só alcançável se ocorresse uma ocupação prolongada. Porque até agora , com mais de 3.000 alvos atingidos em Gaza, pelo ar e na operação terrestre, cerca de 1.930 foguetes foram disparados contra Israel, 131 apenas no dia 21 de julho. ( Clóvis Rossi, F S P , 22.07.2014, p. A-12) .



Na segunda dia 21 sete soldados israelenses morreram em combate com militantes palestinos em Gaza. Quatro soldados foram mortos no território israelense por militantes de Gaza que se infiltraram por um túnel. Outro grupo entrou em Israel  por um túnel , mas foi atingido por um ataque aéreo rapidamente. Os demais soldados morreram em tiroteios ou emboscadas em Gaza.  Todas as mortes de militares israelenses aconteceram após o início da incursão por terra, no dia 17.



Com isso Israel soma 25 baixas de militares e duas de civis e do lado palestino 556 pessoas morreram .



Um oficial israelense, veterano em operações em Gaza, afirmou: “ Eu estive em Shejaia, antes, mas nunca tinha visto o Hamas assim. Seus equipamentos e táticas são como os do Hizbullah”, ou seja, o Hamas aumentou o seu poderio bélico e o treinamento de seus militantes.



Cerca de 36 túneis já foram descobertos pelas tropas e no dia 21 um ataque de artilharia israelense atingiu um hospital em Deir al-Balah, no centro de Gaza, porque o Hamas tinha instalado uma bateria ao lado, matando quatro pessoas e deixando mais de 50 feridos. Cerca de 100 túneis foram danificados durante o conflito entre Israel e o Hamas ocorrido em 2012, mas muitos foram restaurados semanas depois.



Um episódio inédito aconteceu. Cerca de 150 homens armados do Hamas que estavam há dias tomando conta de um túnel na região de Rafah , renderam-se com as mãos para o alto. Uma cena rara, pois os militantes do Hamas são doutrinados para morrer como mártires e jamais se entregar ao inimigo. ( Revista Veja, 30.07.2014, p. 75)



O Conselho de Segurança da ONU pediu no dia 20 um cessar-fogo imediato na região e expressou “séria preocupação” com a situação. Obama pediu o mesmo no dia 21: “ Nós temos preocupações sérias sobre o número crescente de civis palestinos mortos e perdas de vidas de israelenses e é por isso que agora o nosso foco tem que ser alcançar um cessar-fogo”. Mas o Hamas põe o fim do bloqueio econômico imposto por Israel a Gaza, como condição mínima para um cessar-fogo. ( Clóvis Rossi, F S P , 22.07.2014, p. A-13) .



No dia 22 de julho, um foguete lançado pelo Hamas, caiu em uma casa em Yehud a 2 km do aeroporto internacional Bem Gurion , em Tel Aviv, causando insegurança em companhias aéreas. Por isso, empresas americanas cancelaram voos chegando ou partindo do aeroporto, o principal do país. Diversas linhas europeias fizeram o mesmo, além da Air Canadá e da Turkish Airlines. A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos proibiu voos ao aeroporto por 24 horas , e a Agência de Segurança Aérea da Europa  recomendou “fortemente “ que companhias europeias evirem a região. A Administração de Aviação Civil israelense disse que a ação é um “prêmio ao terrorismo” e negou que haja risco. O cancelamento de voos prejudica Israel em uma época do ano que costuma ser boa para o turismo. É o auge do verão no hemisfério norte e, da temporada turística.



O Hamas afirmou no dia 23 de julho que considerou “uma grande vitória” a decisão de companhias aéreas de EUA e Europa de suspenderem seus voos para o aeroporto de Tel Aviv, por falta de segurança. ( F S P , 24.07.2014, p. A-14) .



Mais de 2.000 foguetes já foram lançados por palestinos contra o território israelense mais 22 palestinos morreram elevando o total para 616. Do lado israelense  são 27 militares e dois civis. ( F S P , 23.07.2014, p. A-10) .



Diplomacia Brasileira



A diplomacia brasileira perdeu uma boa oportunidade de ficar calada.



Em apenas um dia, o Itamaraty votou a favor de uma resolução dura contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, soltou uma nota falando bobagens sobre a situação na Faixa de Gaza e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv e chamou o embaixador israelense em Brasília, em gestos de reprovação diplomática.



O Brasil no dia 23 de julho votou a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU  que aprovou a abertura de uma investigação para avaliar se Israel cometeu crime de guerra em Gaza. A resolução foi aprovada por 29 dos 47 países presentes. Os EUA, aliados de Israel , foram os únicos contra. Abstiveram-se 17 países, um número significativo, na maioria europeus. Mais uma vez a diplomacia brasileira posicionou-se contra EUA e União Europeia.



No mesmo dia , o governo  brasileiro soltou uma nota em que considera “inaceitável” o que chamou de “uso desproporcional da força”, por parte de Israel. O texto também “reitera” o “chamado a um imediato cessar fogo entre as partes”.



Não há referência na nota aos foguetes lançados pelo Hamas contra território israelense. Isso marca uma grande mudança em relação a um comunicado do dia 17  , este sim equilibrado, em que o ministério afirmava condenar “igualmente” os bombardeios israelenses e os ataques vindos de Gaza e expressava “solidariedade” com as  vítimas “ na Palestina e em Israel” e agora menciona apenas o “elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças” , deixado pelos ataques israelenses.



Para fechar esse dia negro da diplomacia brasileira , o Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou ainda que chamou a Brasília, para consultas , seu embaixador em Tel Aviv, Henrique Pinto. O que, na linguagem diplomática é considerado uma repreensão. Também fez uma reclamação ao embaixador israelense em Brasília, Rafael Eldad.( F S P , 24.07.2014, p. A-14) .



Em 1º de maio de 2006, com soldados armados e assistência venezuelana , o presidente boliviano Evo Morales se apropriou de refinarias da Petrobrás . O Brasil não fez nada.



O Brasil em 2009 acolheu o presidente deposto Manuel Zelaya na sua embaixada em Tegucigalpa por quatro meses, onde ficou fazendo política contra o governo hondurenho.



Em 2010 , o Brasil achou que podia , junto com a Turquia , resolver o problema nuclear do Irã . Sem EUA e países europeus isso seria impossível, mas tentou e evidentemente não deu em nada.



Em 2012 o congresso paraguaio , funcionando normalmente, votou o impeachment do presidente Fernando Lugo. O Brasil , ao lado de Venezuela e Argentina, não reconheceu a decisão e para piorar concordou em suspender o país do Mercosul, suspensão que perdurou até agosto de 2013.



 Em 2012, o senador boliviano Roger Pinto Molina recebeu asilo após alegar  perseguição de Evo Morales que decidiu transformá-lo em um prisioneiro na embaixada brasileira sob o beneplácito do governo brasileiro.



A Venezuela massacra a sua população civil em manifestações, diplomacia brasileira apoia o governo venezuelano, soltando nota do Mercosul de apoio a Nicolás Maduro.



A Rússia invade a Criméia , apossa-se da região , tomando-a da Ucrânia e continua financiando separatistas em outras regiões e que resultou na derrubada de um Boeing 777, com 298 pessoas a bordo, matando todas e a diplomacia brasileira não se manifesta e ao contrário, oferece palco para o presidente russo Putin tentar sair de seu isolamento político.  



Cuba é uma ditadura , mas o Brasil para ajuda-la , financia a reforma do Porto de Mariel e faz um acordo para contratar 12.000 médicos , pagando para Cuba 70% de seu salário . A propósito, Raúl Castro veio ao Brasil e ao invés de ficar hospedado em um hotel, foi-lhe cedida pelo governo brasileiro a Granja do Torto que ele transformou em seu escritório. Dispensou os servidores brasileiros e os substituiu por cubanos . Em vez de usar a embaixada  de Cuba para despachar, transformou a Granja do Torto em sua “embaixada pessoal” e recebeu na Granja o colombiano Juan Manuel Santos e o boliviano Evo Morales. Dilma Rousseff disse que a cortesia foi um gesto de reciprocidade, mas quando vai a Havana sempre se hospeda no Hotel Meliá Cohiba.



Algumas ditaduras africanas não pagam suas dívidas e o Brasil condoído as perdoa. 



As negociações com do Mercosul com a União Europeia estão paralisadas por causa da Argentina e o Brasil não faz nada.



Essa é a diplomacia brasileira no governo Dilma Rousseff e agora para piorar , mais essa violência contra Israel, que era um país amigo.



Como não poderia deixar de ser a resposta de Israel a esse posicionamento brasileiro teria que ser dura e foi.



A chancelaria de Israel afirmou que “ o Brasil está escolhendo ser parte do problema , em vez de integrar a solução. Seu comportamento nesta questão ilustra a razão porque esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante”



Israel também emitiu um comunicado à imprensa expressando  seu “desapontamento “ com a decisão brasileira que “ignora o direito de Israel se defender”. “Tais medidas não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região . Em vez disso, elas fornecem suporte ao terrorismo  e, naturalmente afetam a capacidade do Brasil de exercer influência”.



Para um porta-voz da chancelaria, o Brasil comporta-se como um ator “irrelevante”. Ao  jornal “Jerusalem Post”, a chancelaria chamou o Brasil de “anão diplomático”. Em entrevista ao “Jornal Nacional “, Yigal Palmor, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que “desproporcional” é perder de 7 a 1 , em referência ao jogo entre Brasil e Alemanha, na Copa. Palmor depois disse que não esperava uma repercussão tão barulhenta a suas declarações e que queria mostrar ao Brasil como os israelenses se decepcionaram: “ Israelenses sentem amor e admiração pelo Brasil , e agora estão se sentindo machucados e traídos. Nós esperamos mais do Brasil. Sempre”. Até isso o Brasil conseguiu. ( F S P , 26.07.2014, p. A-16) .



Yigal Palmor falando à Revista Veja tenta explicar a atitude do Brasil: “ Uma possibilidade é que o país tenha tentado mandar um sinal positivo ao mundo árabe. O Brasil lidera  um bloco da América do Sul na ONU e deve almejar o apoio dos 22 países da Liga Árabe. Israel é apenas um . Que importância nós temos? Seja como for, essa tentativa brasileira foi um fracasso, porque muitas nações árabes já deixaram de apoiar o Hamas . Muito pelo contrário, estão contra esse grupo. Outra explicação provável é que o Brasil queira dar vazão a uma linha antiamericana. Por fim, existe a possibilidade de que simplesmente não compreenda a realidade do Oriente Médio”. ( Revista Veja, 30.07.2014, p. 66-67).



Em São Paulo, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo,  procurou minimizar o caso. Teve a coragem de dizer que não haverá prejuízo na relação com Israel . “ O Brasil é um dos 11 países com relações diplomáticas com todos os membros da  ONU. Se há um anão diplomático, o Brasil não é um deles”. Disse que o país também condena o Hamas, mas comportou-se como se o apoiasse “ Nós somos absolutamente contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel . A condenação que tínhamos feito continua . Mas nós jamais contestamos o direito de Israel se defender, o que contestamos é a desproporcionalidade”.



Naturalmente, a presidente Dilma Rousseff,    orientou a sua equipe a “ignorar “ a ofensa, pois “bater boca” seria um erro.  Neste caso o melhor mesmo agora é ficar quieto porque o estrago já foi feito. Ao soltar um comunicado sem menção ao lançamento de foguetes por parte de Hamas, o Brasil  deu uma sinalização clara de que assumiu um lado do conflito, o da Palestina.



O resultado, além de ouvir a avaliação de que o país é um “anão diplomático”, e que a embaixada brasileira em Israel vai ficar vazia por um bom tempo  e a comunidade judaica no Brasil , bastante influente em São Paulo , não vai ficar quieta.



O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia , que é o ministro informal de Relações Exteriores, em uma posição estranha que vem desde o governo Lula , muito amigo da Venezuela e de Cuba , também ajudou a afundar mais ainda o Brasil. Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar no jornal SBT Brasil, declarou que os ataques de Israel são “um genocídio” contra os palestinos. “O que temos assistido no Oriente Médio , pelo amor de Deus, é um genocídio, um massacre”.



Questionado no dia 25 sobre as declarações de Yigal Palmor , afirmou a jornalistas que não iria comentar “Ele é um sub do sub do sub do sub do sub”. Perguntado se as declarações foram deselegantes, respondeu: ”Não sou especialista em deselegância”. ( F S P , 26.07.2014, p. A-16) .



João Paulo Charleaux analisa o que é proporcionalidade nas leis de guerra.  A proporcionalidade ao qual o direito da guerra se refere, diz respeito à escolha das armas, munições e estratégias das quais os combatentes dos países desenvolvidos podem lançar mão para obter uma determinada vantagem no campo de batalha.



O artigo 51, do Protocolo Adicional 1, às Convenções de Genebra de 1949, diz que são indiscriminados e, portanto proibidos, os “ataques em que sejam utilizados meios de combate cujos efeitos não possam ser limitados (...) e que consequentemente são próprios para atingir indistintamente objetivos militares e pessoas civis ou bens de caráter civil”.



Em termos concretos, significa que embora Israel tenha capacidade militar para varrer Gaza do mapa para acabar com os túneis secretos do Hamas, terá que usar meios e métodos  proporcionais a este objetivo, sob risco de violar, além da “proporcionalidade”, outros princípios caros ao direito de guerra , como o de “distinção” entre bens civis e alvos militares e o da “precaução” diante da presença de civis em terreno. Esses princípios não são seguidos pelo Hamas no lançamento de foguetes contra alvos israelenses e o Brasil não pode ignorar isso. ( F  S P , 26.07.2014, p. A-15) . 



O Hamas, como não poderia deixar de ser, aplaudiu a atitude do governo brasileiro:” O passo do Brasil é muito importante  e está sempre ao lado da Justiça.”, disse o porta-voz Ihab al-Gussein. “Pedimos que todos ao países façam o mesmo”. ( F S P , 24.07.2014, p. A-10) .



A OLP enviou  carta ao Brasil , elogiando a posição do Brasil. “ Seu país [...] enviou uma mensagem a  muitos membros da comunidade internacional de que a responsabilidade de proteger um povo ocupado [...] vai além de simples declarações. Israel matou praticamente mil palestinos desde o começou de sua agressão a Gaza, a grande maioria deles civis, incluindo crianças , mulheres e anciãos . É a consequência de uma cultura de impunidade que a comunidade internacional garantiu a Israel... O povo palestino e as centenas de milhões de amigos ao redor do mundo nunca vão se esquecer do posicionamento dos países que decidiram estar no lado certo da história”. ( F S P , 27.07.2014, p A-16) .



O filósofo Denis Rosenfeld afirma:” O Brasil só se posiciona contra Israel , porque existe o antissemitismo implícito em políticas de alguns grupos de esquerda, mas não condena a Líbia, o Irã, a Síria, a Turquia. É a conivência com o terror . Em alguns casos, com o Hamas”. ( Revista Veja, 30.07.2014, p. 70).



É razoável supor , como afirma Clóvis Rossi, que a quase totalidade  dos judeus de Israel ficou furiosa com a posição do governo brasileiro.  Três pesquisas feitas pelo Instituto Democracia de Israel mostram apoio à operação em Gaza de respectivamente , 96%, 92% e 97% dos judeus pesquisados.  Na média das três pesquisas, 45% acham que não foi usado suficiente poder de fogo , exatamente o contrário do que pensa o governo brasileiro. Cerca de 89% dos consultados em pesquisa feita no dia 27 pelo canal 10, são favoráveis a que a operação em curso resulte na derrubada do governo do Hamas em Gaza. ( F S P , 31.07.2014, p. A-14) .



Em vez de ficar quieta que seria o melhor, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar no dia 29 de julho Israel , em discurso na reunião de cúpula do Mercosul, mas já agora acrescentando os foguetes do Hamas que haviam sido omitidos na nota inicial “ Desde o princípio , o Brasil condenou o lançamento de foguetes contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender. No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza”.  Ou seja, o adendo é um reconhecimento à infelicidade da nota que omitiu a ação do Hamas, mas agora o estrago já está feito, não adianta tentar consertar. ( F S P , 30.07.2014, p. A-14) .



Entre a própria população palestina  já há críticas abertas ao que se considera o alto preço a pagar em vidas e estabilidade econômica  pela ação do grupo  que tem, como únicos aliados , o Hizbullah libanês , o Irã , e agora o Brasil.



Os islamitas do Hamas não tem se mostrado capazes sequer de levantar as massas palestinas. Não estão ocorrendo levantes de protesto nos territórios ocupados.



O presidente da Autoridade Palestina, Mahmmoud Abbas , rival do Hamas, criticou publicamente o grupo , num pronunciamento de TV. Acusou os islamitas de provocarem mortes desnecessárias e jogarem com sangue palestino ao provocar Israel. O representante da Autoridade Palestina no Conselho de Direitos Humanos da ONU, reforçou as críticas aos extremistas, acusando-os de cometerem “crimes de guerra “ ao tentarem atingir alvos civis em Israel.  No Egito , o governo, em vez de condenar Israel como fez o Brasil, pede ao Estado judeu que contenha suas ações militares , para que se efetive um cessar fogo. ( F S P , 24.07.2014, p. A-13) .



No dia 23 de julho 695 palestinos já morreram e do lado israelense são 30 militares e dois civis. Os  2.158 foguetes lançados pelo Hamas contra Israel , de 8 a 22 de julho, se não fossem interceptados pelo Domo de Ferro, teriam provocado milhares de mortes em Israel . Isso o governo brasileiro ignorou. Israel visa na Faixa de Gaza, apenas alvos militares. Procura alcançar a máxima precisão nos ataques, mas o Hamas está usando a população como escudo, pois Israel avisa que vai atacar um determinado local, dando tempo para que os moradores saiam do local, mas o Hamas impede a saída e considera traidores os que saem. Isso o governo brasileiro ignorou. Ao preocupar-se em avisar a população do ataque iminente , Israel está favorecendo o Hamas pois elimina o elemento surpresa. A população sai, mas os terroristas também. Os foguetes do Hamas voam a esmo e portanto poderiam atingir qualquer um se não fosse a proteção do Domo de Ferro. Mais de 100 caíram em território palestino.



O Exército Israelense atacou no dia 23 de julho o hospital de Wafa, porque militantes palestinos do Hamas se escondiam no complexo, disparando dali contra soldados israelenses.



Em 24 de julho, ocorreu um ataque a uma escola administrada pela ONU , em Beit Hanun, norte da faixa de Gaza. O local abriga refugiados do conflito com as forças de Israel. Ao menos 15 morreram e 200 ficaram feridos , sendo levados ao Hospital Beit Hanun, que fica próximo.



O Exército de Israel sugeriu que as explosões podem ter sido causadas por foguete disparados pelo Hamas ou outras facções, sem atingir o território israelense. Já a liderança palestina culpa o Exército israelense. ( F S P , 25.07.2014, p. A-12).



Em 25 de julho o gabinete de segurança de Israel, rejeitou por unanimidade a proposta do secretário de Estado americano, John Kerry para um cessar-fogo com o Hamas.



O premiê israelense, Binyamin Netanyahu aceitou , porém, uma trégua humanitária de 12 horas na faixa de Gaza.



Israel insistirá em uma nova versão do acordo , em que possa dar continuidade à destruição dos túneis entre Gaza e o território israelense.



Após 18 dias de ação militar israelense em Gaza, há mais de 822 mortos entre palestinos , centenas deles civis. Israel teve 35 soldados e três civis mortos.



O Hamas exige o fim do bloqueio israelense imposto a Gaza, em que a entrada e a saída de bens e pessoas são controladas.



A crise humanitária em Gaza, produziu um “dia de fúria” na Cisjordânia , no dia 25, uma das maiores manifestações desde 2005. Ao menos cinco palestinos foram mortos em disparos envolvendo as forças de segurança israelenses. Pode ser o começo de uma terceira intifada. ( F  S P , 26.07.2014, p. A-15) . 



A guerra em Gaza está arruinando as relações entre árabes e judeus em Israel. Há 1,6 milhões de árabes entre os 8 milhões de habitantes de Israel. Os judeus de Israel estão achando que seus soldados estão defendendo sua terra de terroristas dotados de foguetes de longo alcance  e os árabes de Israel  estão vendo estes soldados como os que massacram seus parentes em Gaza.



A guerra de Gaza pode marcar um ponto de não retorno , a partir do qual se torne definitivamente inviável a já difícil convivência entre as duas comunidades, obrigadas a dividir um espaço que é, aproximadamente, do tamanho de Alagoas, o segundo menor Estado brasileiro. ( F S P , 27.07.2014, p. A-17) .



O cerco a Gaza começou a 2007 , após a facção radical Hamas chegar ao poder à região , derrotando o Fatah, que governa a Cisjordânia. O Egito está restringindo a passagem pelo sul. Faltam água potável, alimentos e remédios. O Hamas exige em negociações, que o bloqueio israelense termine. Israel por outro lado , justifica o controle por questões de segurança.



Para a Coordenação de Atividade Governamental nos Territórios ( Cogat) , autoridade responsável pelo controle da passagem a Gaza, “ não há realmente um bloqueio”. Israel controla as passagens , mas para combater o terrorismo.



No dia 23, Israel facilitou a entrada de 1.098 toneladas de comida, 720 toneladas de material e 31 toneladas de suprimento médico. O controle de bens é feito, para evitar o uso de material na construção de túneis. A passagem de pessoas, restrita a casos excepcionais, tem razões de segurança.



O Hamas aceitou uma trégua humanitária de 24 horas na Faixa de Gaza, mas não a respeitou. O premiê israelense , Binyamin Netanyahu , disse no domingo dia 27 à rede CMN: “ O Hamas continua disparando contra nós enquanto falamos”. Em resposta Israel também cancelou uma trégua que havia anunciado e voltou a atacar Gaza.



Até o dia 27, o número de palestinos mortos chegou a 1.139 e o de israelenses a 46, sendo 42 militares. ( F S P , 28.07.2014, p. A-10) .



Binyamin Netanyahu em discurso no dia 28 de julho disse que a ofensiva só acabará quando o território palestino estiver desmilitarizado. Para isso , seria necessário neutralizar os túneis que o Hamas e outros grupos radicais usam para entrar em Israel:” Nós continuaremos a atuar agressivamente  para proteger nossos cidadãos, soldados e criança”.



O número de mortos de Israel  em 28 de julho chegou a 51, 48 militares e três civis. O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri  disse que não se assusta com a ofensiva  e que Israel “pagará o preço pelos massacres contra crianças e civis”. ( F S P , 29.07.2014, p. C-1).



 Usina Elétrica



Um bombardeio atingiu em 29 de julho a única usina elétrica em Gaza que gera dois terços da energia local. Fontes palestinas dizem que o ataque foi feito pelos israelenses, mas o Exército alega que não está claro quem foi o responsável.



O diretor da usina, Rafiq Maliha, disse que o conserto pode demorar “meses ou anos”. Foram atingidos tanques de combustível e duas turbinas. A situação humanitária na região que já era grave vai piorar. A rede elétrica já funcionava poucas horas por dia e o restante da energia local é fornecido por Israel, mas a maioria das linhas responsáveis por fazer a transferência está danificada. A energia é necessária para movimentar as bombas responsáveis pela distribuição de água. Mais de 200 mil pessoas estão abrigadas nas escolas e edifícios da ONU, tendo saído de suas casas.



O número de palestinos mortos ultrapassa 1.200 , a maioria civis e o de israelenses 53 soldados e três civis. O Exército israelense disse que precisa de mais uma semana para terminar a destruição dos túneis. ( F S P , 30.07.2014, p. A-12) .



No dia 30 de julho, o Exército de Israel atacou mais uma escola da ONU, provocando críticas dos EUA e das Nações Unidas . Segundo as autoridades de saúde de Gaza, pelo menos 15 pessoas morreram após disparos de tanques atingirem duas salas de aula da escola da UNRWA , a agência da ONU para os refugiados palestinos no campo de Jabalya , o maior de Gaza, onde cerca de 3.300 civis estão abrigados.



O porta-voz  da UNRWA disse que Israel foi avisado 17 vezes da localização exata da escola e que ela abrigava refugiados . O Exército israelense alegou que radicais do Hamas lançaram bombas de um ponto próximo à escola e que os militares atiraram de volta. Ban  Ki-moon classificou o ataque como “ultrajante  irresponsável”.



No dia 30 de julho o número de mortos entre os palestinos chegou a 1.346 e o de israelenses 56 solados e três civis.



A UNRWA disse no dia 29 que foguetes foram encontrados em uma de suas escolas no centro de Gaza. “Condenamos o grupo ou grupos que arriscam civis , colocando essas munições em nossa escola”. ( F S P , 31.07.2014, p. A-13) .



Reinaldo Azevedo destaca o ódio dissimulado do Hamas a Israel , que se dependesse de sua vontade já teria “varrido Israel do mapa”.



No estatuto do grupo consta “Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer” Ou no artigo 13: “As iniciativas[ de paz] as assim chamadas soluções pacíficas e conferências internacionais para resolver o problema palestino, se acham em contradição com os princípios do Movimento de Resistência Islâmica pois ceder uma parte da Palestina é negligenciar parte da fé islâmica”.



Jogar  2.000 foguetes sem nenhuma direção contra Israel não é uma ação desproporcional?  Só não há milhares de vítimas em Israel porque o Domo de Ferro intercepta os foguetes no ar. Para ele, “ Não haverá o fim do bloqueio a Gaza, enquanto Gaza for a base dos que querem o fim de Israel”.



Quanto ao uso da população como escudos humanos, o Hamas se orgulha disso.  Sami Abu Zuhri , porta-voz do Hamas afirma em entrevista à TV Al-Aqsa, diante da afirmação do entrevistador:  “ As pessoas [em Gaza] estão adotando o método dos escudos humanos” , Zuhri se regozija “ Isso comprova o caráter dos nossos nobres, dos nossos lutadores da jihad (...) Nós , do Hamas, convocamos o nosso povo para que adote essa política”. ( F S P , 1.8.2014, p. A-8) .



Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo humanitário de 72 horas a partir das 8 horas do dia 1º . É a mais longa trégua desde o início do conflito, há 25 dias e um prenúncio de que ele está no fim.



A trégua não resistiu e foi quebrada nas primeiras horas após ter entrado em vigor. Israel e o Hamas trocaram acusações sobre quem teria violado a trégua. Para Israel , os palestinos romperam o acordo já ás 9h30 ao atacar um grupo de soldados que destruía um túnel clandestino perto de Rafah, sul de Gaza. Eram militantes das brigadas al-Qassam, sendo um homem-bomba. Ele detonou a bomba e matou dois militares israelenses. Por volta das 11 horas os militares fizeram bombardeios aéreos e uma incursão terrestre na faixa de Gaza e na opinião do Hamas, este foi o momento em que o cessar fogo foi quebrado, pois alega que o primeiro conflito aconteceu às 7 horas, uma hora antes de a trégua entrar em vigor. Para os mediadores do acordo, o secretário de Estado americano John Kerry e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a culpa é do Hamas. ( F S P , 2.8.2014, p. A-15) .



A Operação Margem Protetora, alcançou o maior tempo desde que Israel desocupou a Faixa de Gaza e é a mais mortal. A operação Chumbo Fundido de dezembro de  2008 a janeiro de 2009 durou 23 dias e causou 1.417 mortes entre os palestinos e 3 civis e 10 soldados israelenses. A operação Pilar Defensivo em novembro de 2012, durou apenas  sete dias, com 174 mortos entre os palestinos e 4 civis e 2 soldados israelenses.



Lideranças e personalidades da comunidade judaica no Brasil , diferem no tom, mas concordam que as críticas do Itamaraty à ofensiva de Israel sobre Gaza, custarão caro à presidente Dilma Rousseff, inclusive em votos.  Há cerca de 120 mil judeus que vivem no Brasil, uma comunidade pequena numericamente, mas influente, sobretudo em Estados importantes como Rio e São Paulo. ( F S P , 1.8.2014, p. A-12) .



Para o escritor israelense Etgar Keret, 46, “Sim , nós somos mais fortes que o Hamas, mas o preço que temos de pagar é esse que nós estamos vendo. Muitos civis morrendo. Mas o Hamas não se importa com a vida dos civis...Israel deveria ceder Jerusalém Oriental, e o Hamas deveria abandonar alguns princípios radicais que são irreais. Enquanto não atingirmos uma solução, isso vai continuar assim , a cada dois anos essa situação vai se repetir. ( F S P , 4.8.2014, p. A-14) .



Até o dia 2 de agosto são 1.670 mortos do lado palestino e 64 israelenses em 26 dias, desde 8 de julho. ( F S P , 3.8.2014, p. A-16) .



Túneis do Hamas



Existe abaixo da faixa de Gaza e espalhando-se em direção ao território de Israel  uma segunda Gaza, invisível, subterrânea e ameaçadora.



Mais de 30 túneis foram descobertos em julho , desde o início da operação militar Margem Protetora  e de ao menos sete deles foram lançados violentos ataques contra soldados israelenses com baixas de ambos os lados . O Exército de Israel afirma ter frustrado planos de ataques terroristas em larga escala.



Essa Gaza oculta foi escavada durante anos , com um custo de mais de US$ 90 milhões, subtraídos da ajuda humanitária à população de Gaza. O Hamas privilegiou o investimento nos túneis em detrimento da eletricidade e água.



“Esta é uma geração de líderes árabes , palestinos e israelenses especializados em construir túneis e muros. Nenhum deles pensou em erguer pontes e portas”. Thomas L Friedman, ( Revista Veja, 13.08.2014, p. 50) .



Israel controla toda a entrada de bens e pessoas e não há espaço aéreo e marítimo, desde 2007 quando o Hamas assumiu o governo de Gaza.



A situação havia sido temporariamente aliviada pelos túneis ilegais entre Gaza e o Egito , na região sul da Rafah, por onde entravam até carros, mas com a derrubada do presidente islamita egípcio Mohammed Mursi, simpático do Hamas, pelos militares, os túneis foram destruídos. E Israel pretende destruir todos agora. ( F S P , 3.8.2014, p. A-16) .



Na ofensiva contra o Hamas, Israel se depara com um grupo praticamente isolado politicamente, mas que nunca esteve tão bem armado e tão rico como agora. “Eles estão mais fortes, com melhores equipamentos , melhores métodos de comando e controle e se prepararam muito bem para o combate”, avalia Roni Kaplan, porta-voz do Exército.



O Exército calcula que o Hamas tenha perdido 60% dos 10 mil foguetes que tinha antes do início da atual ação em Gaza. Além da estrutura de túneis , também está sendo atingido o efetivo de combatentes.



Segundo o brasileiro André Lajst, da Força Aérea Israelense, “Quando você combate o terrorismo  , o objetivo não é só tirar a capacidade militar, mas também a motivação para fazer ações. Por isso, Israel tem a política de bater forte quando bate”,



O Hamas tenta sair do conflito fortalecido politicamente e tem trunfos. Já matou mais de 60 militares, está conseguindo o apoio de boa parte da opinião internacional e conseguiu interromper os voos no aeroporto de Tel Aviv por algum tempo. Suas lideranças não sofreram nenhum arranhão.



Paris foi palco de manifestações a favor dos palestinos em Gaza. Jovens judeus foram atacados e sinagogas depredadas.  Manifestantes do grupo BDS ( Boicote, Desinvestimento e Sanções), saíram em passeata , acusando Israel de “apartheid”.



Jean-Marc Dreyfus, historiador e especialista em Holocausto da Universidade de Manchester na Inglaterra afirma:” Os gritos que ouvimos hoje pedindo as mortes de judeus não eram ouvidos desde o século XIX. Nem mesmo quando Paris estava ocupada por nazistas houve esse tipo de manifestação”.



Por sua vez, desde o início da operação na Faixa de Gaza, mais de 2.000 judeus saíram da Europa para morar em Israel e franceses escolheram a cidade de Ashod, que por sua proximidade geográfica com a Faixa de Gaza, é onde caiu o maior número de foguetes lançados pelo Hamas. ( Revista Veja, 6.8.2014, p. 84-86) .



A força do grupo surpreende pelo isolamento pelo qual passa na região.  O grupo perdeu o apoio de Bashar  al-Assad , seu maior aliado, depois de ficar ao lado dos rebeldes na guerra civil.  O governo iraniano e os libaneses do Hizbullah , alinhados a Assad, também se afastaram.  O Egito virou as costas depois da queda da Irmandade Muçulmana em 2013.



Entretanto , os finanças do Hamas continuam saudáveis. De 2009 a 2014, o orçamento estimado do grupo passou de US$ 428 milhões para US$ 894 milhões, crescimento de 108%.



As receitas vem de doações de países como o Qatar , de grupos muçulmanos no exterior e da Autoridade Palestina. O grupo cobra impostos a empresários de Gaza para a entrada de produtos. ( F S P , 3.8.2014, p. A-18) .



Ataque a escola.



Israel realizou em 3 de agosto um terceiro ataque contra uma escola da ONU. Um míssil , provavelmente disparado por um drone , atingiu as imediações da escola da UNRWA, em Rafah, onde se refugiavam 3.000 pessoas que abandonaram suas casas.



As Forças Armadas de Israel declararam que tinham como alvo três membros do grupo Jihad islâmica, que se deslocavam de moto nas proximidades da escola.



O ataque causou a morte de ao menos dez civis, incluindo crianças e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon reagiu fortemente “ É um ultraje moral e um ato criminoso”. Ele ressaltou que os refúgios da ONU devem ser zonas seguras  e lembrou que “ as Forças Armadas de Israel foram informadas repetidamente sobre a localização dessas instalações”.



A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki,  classificou o ato de “bombardeio vergonhoso” e pediu investigação sobre os ataques a estruturas da ONU. “Nós enfatizamos mais uma vez que Israel precisa fazer mais para alcançar seus próprios padrões e evitar mortes de civis”.



No sábado dia 2 de agosto, Israel começou a retirar boa parte de seus militares de Gaza e leva-los para regiões de fronteira o que indica que a manobra deve estar perto do fim.



Até o dia 3, mais de 1.800 palestinos e 66 israelenses já morreram nos confrontos. ( F S P , 4.8.2014, p. A-10) .



O Hamas colocando civis como escudos está ganhando a batalha da informação no conflito. Dezenas de países e personalidades criticam o que consideram a desproporção na resposta de Israel aos ataques do Hamas. Laurent Fabius , chanceles francês , íntima aliada de Israel afirmou que o direito de Israel se defender “ não justifica a morte de crianças e o massacre de civis”. O ataque a mais uma escola da ONU foi a gota d´´agua.



Os governos britânicos e espanhol anunciaram no dia 4 de agosto medidas que podem restringir o envio de armas aos israelenses. ( F S P , 5.8.2014, p. A-10) .



O jornalista David Horovitz, editor-executivo do “Times of Israel”, levanta dúvidas sobre o sucesso da operação. Escreve que nunca se poderá ter certeza de que todos os túneis foram encontrados. Mais : “ As lideranças [ do Hamas] sobreviveram intactas, escondidas com segurança em ‘bunkers ‘ subterrâneos que construíram nas profundezas do coração de Gaza. A maior parte de seus milhares de lutadores cultores da morte também sobreviveu. Muito de seu armamento está intacto. Tudo pronto, espera o Hamas, para outra, mais perversa , rodada de matanças”.



Conforme Clóvis Rossi, os números da ONU comprovam que o braço armado do Hamas foi relativamente pouco afetado: dos 1.196 mortos já identificados, 1.033 são civis . Se a conta está correta, o Hamas perdeu 163 combatentes, quando tem cerca de 20 mil homens. Para complementar ainda o sucesso do Hamas, o processo de paz , em tese a única solução para o conflito, saiu ferido, talvez de morte. ( F S P , 5.8.2014, p. A-11) .



 Em 4 de agosto, um cessar-fogo humanitário de sete horas foi quebrado pouco depois de começar, com acusações de ataques dos dois lados. Um ataque aéreo a um campo de refugiados palestino, matou uma garota de oito anos e deixou 29 feridos.  Em Jerusalém , dois eventos foram classificados por Israel como “atentados terroristas”.



Em um deles, um palestino derrubou um ônibus com uma retroescavadeira que roubou de uma construção e atropelou uma pessoa. No outro, um homem não identificado, atirou diversas vezes em um ponto de ônibus, subiu em uma moto e fugiu, deixando feridos.



Em 5 de agosto, outra tentativa de cessar-fogo terá início às 8 horas . Israel e o Hamas concordaram em interromper as hostilidades por 72 horas, acatando uma proposta feita pelo Egito.



Em 4 de agosto o número de palestinos mortos chega a 1.834 e do lado israelense 64 soldados e três civis. Mais de 450 mil pessoas , um quarto da população de Gaza , saiu de suas casas.



Representantes palestinos, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica , estão no Cairo, em reuniões com a inteligência do Exército egípcio , apresentando suas demandas para um acordo duradouro e Israel também enviará uma delegação à capital egípcia.



O chanceler israelense, Avigdor Liberman, pediu que seja considerada a transferência do controle da Faixa de Gaza à ONU e citou como exemplo o mandato britânico da Palestina e da ONU em Timor Leste e Kosovo. “Nós vimos que funcionou bem lá. É necessário um acordo entre nós e a Autoridade Palestina”. ( F S P , 5.8.2014, p. A-9) .    



Após 20 dias de ocupação por terra, o Exército de Israel retirou suas tropas da faixa de Gaza, na madrugada do dia 5 de agosto.



O efetivo militar foi colocado em posição de defesa, ao redor da fronteira com Gaza, e foi anunciada a destruição de todos os 32 túneis que ligavam o território palestino ao israelense. “Missão cumprida”, disse o Exercito em sua conta de Twitter.



Muitos palestinos começaram a voltar para suas casas, para ver o que sobrou entre os escombros deixados por mais de 4.000 ataques aéreos realizados por  Israel no conflito.



Em 29 dias de operação Margem Protetora, , mais de 1.800  palestinos morreram , dos quais 208 militantes e os demais civis , e  outros 9.000 ficaram feridos  e do lado israelense 67 morreram, 64 soldados e três civis. De acordo com a Acnur da ONU, os ataques também criaram uma crise humanitária “ sem precedentes”.



Apesar de ter sua estrutura de túneis desmantelada, o Hamas lançou 3.356 foguetes contra Israel, teve 3.000 destruídos em terra por Israel, mas ficou com 3.000 guardados.



A Autoridade Palestina quer que Israel seja alvo de investigação do Tribunal Penal Internacional , para determinar se foram cometidos crimes de guerra durante a operação militar, mas para isso , é preciso que o Hamas autorize, mas o Hamas também poderá ser investigado e, possivelmente, julgado pelo TPI. ( F S P , 6.8.2014, p. A-9) .



O Hamas rejeitou a ideia de estender o cessar-fogo de 72 horas previsto para terminar às 8 horas do dia 8.  Delegações palestinas e israelenses negociam uma trégua duradoura no Egito.



Um dos líderes do Hamas, Moussa Abu Marzouk disse “ Não  há acordo para estender a trégua”. Disse que Israel “não pode obter” o desarmamento do Hamas. Essa é a principal condição israelense para levantar o bloqueio econômico imposto à faixa de Gaza. Na mesma entrevista dada ao “The New York Times que o braço armado do Hamas seguirá “independente” da ala civil e “alerta” para outra eventual guerra contra Israel.



Documento de uma corte de Israel, revelou que desde o dia 11 de julho estão presos três suspeitos de matar três judeus adolescentes em junho, estopim para a crise em Gaza. O palestino Hussam al-Qawasmi admitiu ser filiado ao Hamas e confessou o crime. ( F S P , 7.8.2014, p. A-12) .



Após o fim da trégua de 72 horas , os dois lados retomaram as hostilidades no dia 8. Ataques aéreos israelenses atingiram 70 alvos , deixando cinco mortos , incluindo um menino de 10 anos de idade.  O Hamas por sua vez , atirou ao menos 61 foguetes em Israel . Palestinos atacaram Israel quatro horas antes do fim do cessar-fogo.



Na Cisjordânia, palestinos fizeram uma série de protestos contra a ação israelense em Gaza e em um deles ,um manifestante de 22 anos foi morto por um tiro da polícia israelense e ao menos 50 pessoas ficaram feridas. ( F S P ,9.8.2014, p. A-14) .



Etgar Keret, escritor israelense,  entende que qualquer possibilidade de paz vai demorar muito a ser obtida “ O que eu tento explicar é que a paz não virá de graça, que teremos de construí-la . Eu e a geração dele ( do filho Lev, de 8 anos)”. ( Revista Veja, 13.08.2014, p. 50) .



Na última pesquisa de opinião feita em Gaza, 73% eram a favor de um entendimento pacífico com Israel . Mas o Hamas não vai deixar. Nas últimas semanas, seus membros saíram a executar colegas acusando-os de ser espiões. Mais de trinta foram mortos , incluindo um porta-voz que foi levado ao pelotão de fuzilamento porque teria colaborado com o Egito. O Hamas quer mais  mortes. ( Revista Veja, 13.08.2014, p 86) .



Em 9 de agosto cinco palestinos morreram e pelo menos dez ficaram feridos em dois bombardeios  israelenses no centro da Faixa de Gaza.  O número de mortos na ação entre palestinos alcançou os 1.902 e do lado israelense , 67. ( F S P , 10.08.2014, p. A-15)



 

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