Usina de Letras
Usina de Letras
157 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62265 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50654)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->TEU MILAGRE -- 15/04/2003 - 06:27 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TEU MILAGRE

J.B.Xavier





Sei de tuas lágrimas,

De teus esforços para vencer...

Sei dos teus silêncios,

Das tuas dúvidas,

Dos teus medos,

E do quanto te esforças

Para manter tua integridade...



Sei dos teus planos,

Dos teus desenganos,

Sei das tuas intenções,

De tuas promessas,

Sei da pressão em que vives,

E do quanto te empenhas

Para manter tua dignidade...



Sei das tuas noites de angústia,

Das horas em que esperas pelo filho

Que não chega...

Sei dos amores

Com os quais te frustraste...

Sei da infância distante

Da qual te lembras com saudades...



Sei de teus adiamentos,

Das tuas esperanças,

Dos teus planos para o futuro...

Sei do esforço que tens feito

Para ser feliz!

Sei também do desânimo

Que volta e meia te abate...



Sei das manhãs geladas,

Em que acordas antes do sol

Para ir a um trabalho

Que não te satisfaz...

Sei do beijo de saudade

Que depositas na fronte do filho

Ainda dormindo,

Quando te vais...



Sei do amigo que te traiu...

E dos tantos outros

Que te abandonaram...

Sei da solidão em que vives...

Sei como te sentes só,

Mesmo entre a multidão...

Sei da mão amiga que não vem

Para soerguer-te...



Sei do teu esposo,

Que se transformou em alguém

Que já não reconheces...

Sei de tua esposa,

Que já não tem para ti

O mesmo encanto...

Sei do acalanto

Que já não ouves...



Sei também do teus olhares tristonhos

Quando lembras do quanto te desviaste

Dos teus antigos sonhos...

Sei de tuas intenções de recomeços...

Sei dos teus tropeços,

Do teu medo interior,

Sei dos teus braços sentindo falta

De abraçar o amor...



Sei das quantas vezes

Estiveste prestes a desistir...

Sei do teu insistir,

E das vezes em que oras

Na mais negra melancolia...

Sei dos teus pedidos silenciosos

De socorro,

Do desespero de tuas horas estéreis,

De tua vida sem sentido...



Sei do teu grito

Contido na revolta silenciosa

Por veres tanta injustiça pelo mundo...

Sei o quanto te comoves

Ao ver na esquina

A criança desamparada

E sei do que farias,

Se te fosse dada uma oportunidade...



Tenho acompanhado tua vida com atenção,

E tenho tentado te ajudar...

Não apenas te dando o que me pedes...

Mas, como o que me pedes

Quase nunca é o que necessitas,

Dou-te em triplo

Tudo o que me solicitas...



Pedes-me felicidade,

E eu te dou saúde,

Esperanças e perspectivas...



Pedes-me dinheiro,

E eu te dou disposição para o trabalho,

Inteligência e pertinácia

Para gerires tua própria vida...



Pedes-me amor,

E eu te dou amigos,

Filhos e companheiros...



Mas, o que mais posso fazer por ti,

Se tenho visto quão pouco

Sorris para o que já possuis...

Se tenho visto tuas dúvidas

Transformarem-se em medos,

Quando deverias fazer delas

O triunfo de novas descobertas!

Se tenho visto que tua dignidade

Vem do esforço que fazes,

Quando deveria fluir do prazer

De espalhar felicidade!



O que mais posso fazer por ti,

quando vejo teus planos,

Transformarem-se em desenganos,

E tuas intenções quedarem-se paralisadas,

Pela pressão em que vives,

Quando deverias utilizar essa pressão

Para demonstrares a ti mesmo

Tua fortaleza!



O que mais posso fazer por ti,

Quando sucumbes à angústia

Da espera pelo filho

A quem deste tão pouca atenção genuína,

A quem sobrecarregaste de carinhos

Sem te ateres às pequeninas conquistas

Pelas quais ele esperava apenas teu reconhecimento...



O que fazer por ti,

Se em teus adiamentos,

Vendestes teus tão valiosos planos de vida

Pelo preço tão barato

Do conforto passageiro e imediato?

Se não consegues ver que o desânimo que te abate

É um nada diante de mil outras dificuldades

Com as quais teus semelhantes convivem?



O que mais posso fazer por ti,

Se quando acordas antes do sol

Não paras para ver o espetáculo

Que dou em tua homenagem

A cada nascer de um novo dia?



O que fazer por quem lembra da traição,

Mas não é capaz de dizer aos amigos fiéis

O quanto os admira,

Por quem aguarda a mão amiga

Mas não oferece a sua própria...

Para quem a multidão da qual fazes parte

Parece ainda mais hostil do que a ti?



O que posso fazer por ti,

Que ainda não fiz?

Acaso pensas que não ouço tuas orações?

Que sou alheio aos teus pedidos de socorro?

Mas, mesmo em minha onipotência,

Como te fazer ver

Que tua vida não é o vazio em que a atiras?



Como te fazer compreender

Que teu grito de revolta

Reflete um pouco de tua própria inação?

Como atingir teu coração

Com o amor genuíno aos que te rodeiam?

Como devo agir

Para que deixes de tentar ser o centro,

E faças parte da grande roda da vida,

Cujo centro sou eu, e apenas eu?



Como te fazer compreender

Que ao me pedires por milagres,

Eu te atendi muito antes de teu pedido,

Que és fruto de um ato de amor,

E que, portanto, és o próprio amor

Que nutro pela humanidade...

Mas, tens em ti uma natureza humana

Que tenta te afastar de mim...



Então, nada mais posso fazer por ti,

Até que comeces a me dar,

Ao invés de me pedir...

Que compreendas que, se tens uma parte humana

Que tenta te afastar de mim,

Tens também uma parte de mim,

Que pulsa em ti!



Assim, não posso te oferecer milagres,

Porque o milagre que me pedes

ÉS TU...



* * *

Fale com o autor:

jbxavier@multipremium.com.br



Leia o livro CAMINHOS, com 23 contos do autor.

À venda nas livrarias ou pelo site da editora em

http://www.altabooks.com.br/livro.asp?codigo=85-76080-35-7





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui