Não vá querer apressar,
Pois iremos devagar,
Na medida do possível.
Sabemos do compromisso,
Mas, por honra do serviço,
Nada haverá imperdível.
Saibamos desconfiar
Que, por sairmos ao mar,
Há perigo de naufrágio.
O que importará, então,
É manter o coração
Bem longe do mau presságio.
Estes versos de improviso
Significam bom aviso
De que a turma está atenta.
Fica a aula preparada,
De certo modo, sustada,
Enquanto a alma se assenta.
Falaríamos de Deus,
Mas vamos dizendo adeus
Às trovas que preparamos.
O tempo ficou mais curto
E dá para um simples surto:
Há frutos verdes nos ramos.
A hora passa depressa,
Pois cumprimos a promessa
De seguirmos devagar.
Quase tudo o que fizemos
Foi dar com os nossos remos,
Na imensidão deste mar.
Treinamento valioso,
A promover simples gozo,
Perante as rimas do dia,
Valeu a pena compor,
Pois foi tudo com amor
Que se imprimiu na poesia.
Lição de simplicidade
Que imitar sempre se há-de,
No desejo de escrever.
As grandes alegorias
Se tornaram alegrias
E se cumpriu o dever.
Ao ir nosso irmão embora,
Não irá fora de hora
E, assim mesmo, irá contente,
Pois não nos deixou na mão,
Ruminando a opinião
De não ter ninguém presente.
Trabalhando com carinho,
Vê a rosa, não o espinho,
E nos segue intimorato.
Pode tropeçar, às vezes,
Mas não faz versos soezes,
Nem é dado a espalhafato.
Concentração, sobretudo,
P’ra dar forma ao conteúdo
Que lhe desperta a memória.
Na repetição da rima,
Percebe aí nossa estima:
Nós vamos contar vitória!
Não correu nem meia hora
E o verso mais se aprimora
Nas sextilhas que se fazem.
É a décima primeira,
De todas a mais faceira,
Mas algum bem todas trazem.
Surpreende-se o mediador,
Pois sabe que existe ardor
Nesta corrente magnética.
Talvez quisesse algo mais
Dentre os temas principais,
Feitos justos, nesta estética.
Devagar, dissemos antes,
Mas nos parecem flagrantes
Os versos que se disparam.
Talvez digam ser mentira
Este improviso caipira,
Nas formas que se mascaram.
Qual a meta desta gente?
Um trabalho permanente,
Junto ao médium que nos serve,
Sem qualquer obsessão,
Pois, para nós, a missão
É fazer que não se enerve.
Se alcançarmos vinte estrofes,
Conteremos os maus bofes
Dos que querem sempre mais.
A nossa alusão persiste.;
Fica o médium muito triste,
Mas sem razão p’ros seus ais.
Se a alusão for brincadeira
De uma poesia maneira,
A tristeza se despede,
“Dá adeus e vai embora”,
Pois chegou fora de hora,
Querendo que o verso azede.
Vamos mudar o ambiente,
Dando seriedade à gente,
Neste arremesso final,
Que o nosso tempo é sagrado,
Para ser posto de lado,
Num exercício banal.
Atender ao expediente
Demonstra ser bem valente
Quem se atreve a versejar,
Mas há que seguir a regra,
Pois a rima desintegra,
Se não se vem devagar.
Aguardamos por Jesus,
Que sempre nos traz a luz
P’ra iluminar nossos versos.
Fazê-los na escuridão
É trocar nossa missão
Apenas por sons perversos.
Unida a turma à “Escolinha”,
Numa estrofe que se alinha
Ao tema desta jornada,
Agradeçamos ao Pai,
Que o poeta agora vai,
Pois já não resta mais nada.
|