Folha de S. Paulo - 27/03/2014
ALEXANDRE PADILHA - TENDÊNCIAS/DEBATES
O ASSUNTO É: A DITADURA MILITAR EM DEBATE
FILHOS DA RESISTÊNCIA
Como Ulysses, tenho ódio e nojo da ditadura. Mas não carrego ressentimento. A
infância incomum me proporcionou valores firmes
Eu estava prestes a completar oito anos de idade quando abracei meu pai pela
primeira vez.
Até então, a ditadura nos havia mantido afastados. Meu pai ficou 11 meses sob
tortura. Um tempo depois de sair da prisão, teve de partir para o exílio, quando minha
mãe já estava grávida de mim.
Depois da anistia, ele pôde voltar ao Brasil. Foi quando o vi chorar pela primeira vez.
Até os três anos, não tive endereço permanente --para escapar da repressão, minha
mãe, que também militava em grupos de contestação à ditadura, mudava-se
constantemente. Fui, como tantas outras, uma das crianças da resistência.
Muitos são os significados de ser filho de pais da resistência, separados pela ditadura.
Em primeiro lugar, por força das circunstâncias, ganhei uma consciência política de
maneira tão precoce quanto natural. Desde muito cedo, tinham de me explicar o que
era ditadura, o que era a luta pela democracia, para compreender a distância do meu
pai.
Aos quatro anos de idade, minha avó paterna me ensinou a ler e a escrever para
poder me comunicar com meu pai. Nas cartas e presentes que chegavam, vivi um
pouco da sua vida no exterior. Soube que ele falava outra língua, convivia com outra
realidade e fui informado de que tinha ganhado uma madrasta americana, um irmão e
depois outro. Pude abraçar minha madrasta anos antes de poder abraçar meu pai e
meus irmãos.
Nas cartas que enviava, dividi com ele minha infância no Butantã, o bom desempenho
escolar, o fim dos 23 anos de fila do Corinthians no Campeonato Paulista de 1977 e
as férias no litoral com minha mãe e meu padrasto. Sabia que essa separação entre
pai e filho era consequência de um regime ditatorial, que nos priva da liberdade, que
persegue e mata quem tem ideias diferentes.
Também vivi histórias engraçadas. Nos comunicávamos muitas vezes por fitas
cassetes, que amigos levavam e traziam. Foi assim que ouvi pela primeira vez a voz
dos meus irmãos e eles a minha.
Um dia, quando já tinha mais de dez anos e meu pai tinha voltado para o Brasil,
estava jogando bola no quintal da casa da minha avó, meu irmão mais novo
perguntou: "Ô, Alexandre, como você jogava futebol quando vivia naquela caixinha?".
A caixinha era o gravador e, na inocência de um garoto de quatro anos, era lá que o
irmão dele morava, porque era daquele alto falante que saía a sua voz.
Como outras crianças da resistência, tive o privilégio de ter uma família muito ampla.
Tenho incontáveis tios da resistência --aqueles solidários amigos e amigas da minha
mãe e do meu pai. Eram pessoas que se arriscavam para levar e trazer essas cartas
e fitas cassetes, sabedores do valor do diálogo entre um pai e seu filho, entre os
irmãos, entre as famílias. Gente que nos acolhia com afeto, que nos protegia nas
piores horas porque compartilhava o sentimento de viver perseguido, censurado,
agredido. Sou grato a eles.
Como o doutor Ulysses Guimarães, também tenho ódio e nojo da ditadura. Mas não
carrego ressentimento. Conto essas histórias com leveza. Tive uma infância
incomum, e ela me proporcionou valores firmes: acredito nos benefícios do diálogo,
na liberdade de imprensa e opinião, na possibilidade das pessoas reverem suas
posições, no valor dos partidos, na capacidade transformadora da sociedade civil.
Vivi a campanha da anistia, as Diretas-Já e fui às ruas como líder estudantil carapintada
para tirar um presidente da República do poder pela força da democracia.
Ao lutar pela democracia, meus pais ergueram biografias que os engrandecem.
Tenho orgulho da vitória que eles ajudaram a construir.
ALEXANDRE PADILHA, 42, é médico. Foi ministro das Relações Institucionais (governo Lula) e ministro da Saúde (governo Dilma Rousseff)
Obs.: Alexandre Padilha disse que tem nojo da ditadura militar brasileira. No entanto, o farsante adora a ditadura cubana, que provocou a morte de cerca de 150.000 pessoas em Cuba, além de provocar o exílio de cerca de 2 milhões de cubanos (20% da população). Na América Latina, o terrorismo cubano já matou centenas de milhares de inocentes, e continua a matar até nossos dias, como é o caso da Venezuela bolivariana. Alexandre Padilha adora tanto a ditadura dos manos Castro que até se empenhou pessoalmente, como ministro da Saúde, junto com a eterna terrorista Dilma Rousseff, em trazer milhares de agentes cubanos fantasiados de médicos - um verdadeiro cavalo-de-troia comunista que espalhou arapongas cubanos em todos os cantos do Brasil. Pior: 90% do salário dos médicos cubanos são direcionados para a ditadura cubana, os falsos médicos só recebem 10% do salário, configurando verdadeiro trabalho de escravos. Esse farsante ainda pensa ser governador de São Paulo... Fora Padilha! Vai para a Cuba que o pariu! (F. Maier)
MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
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