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Contos-->PERIPÉCIAS DO PERALTINHA -- 25/01/2003 - 09:54 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PERIPÉCIAS DO PERALTINHA

Não é fora do comum eu me deparar com pequenos problemas que me causam grandes aborrecimentos. Isso tem acontecido com regular freqüência ultimamente, principalmente em meu convívio social. Para não fugir `a regra, ou para variar, como se diz, uma vez mais fui atingido em cheio por um desses casos inusitados, justamente numa semana que antecedeu o Natal, e que tradicionalmente costuma ser de alegres expectativas para todos, sendo que para mim um espinho a mais veio cravar em meu coração, já tão dilacerado pela dor.

Em respeito àqueles que detestam o suspense e a prolixidade, vou entrar direto no assunto e relatar uma vez por todas o que de fato me aconteceu. Ocorre que fiquei sabendo, quase por acaso, que todos os meus amigos haviam recebido uma mensagem de Natal, enviada do além por um tal de PERALTINHA (a princípio não soube se era alguém do sexo masculino ou feminino, só descobrindo mais tarde que se tratava de um espírito brincalhão, oriundo das regiões celestes), o qual teve a petulância de só a mim deixar de fora das felicitações de fim de ano.

Diante dessa discriminação, sem a menor razão de ser, confesso que fiquei deveras enciumado e não menos despeitado com tal atitude. Imediatamente procurei descobrir o paradeiro desse endiabrado e cheguei mesmo a pensar ser um daqueles místicos, que com freqüência costumavam se apresentar pela televisão, suplicando-nos piedosamente: “Ligue já, o futuro quem faz é você!” De imediato descartei ser uma dessas bondosas almas, que querem guardar nosso dinheiro, receosas que estão de que o esbanjemos irresponsavelmente, até porque esses gurus da sorte acabaram sendo impedidos de propalar seus poderes ocultos pela TV, como vinham fazendo sistemática e caridosamente.

Enfim, não conseguindo identificar o autor daquelas peraltices, nada me restou a não ser ir para a cama frustrado e tentar conciliar o sono. Confesso que não consegui dormir e até tomei a firme resolução de, nos dias seguintes, mudar-me para bem longe de todos e de tudo, por já não me poder sentir à vontade diante dos íntimos amigos que tiveram a dita sorte de serem lembrados por Papai Noel, sendo que eu já era tido como um filho bastardo.

Enquanto assim conversava com meus botões e lamentava o meu desatino, eis que ouvi uma voz vinda de meu travesseiro e com o susto que levei acabei caindo da cama, deixando por escapar uma imprecação. Refiz-me, contudo, e exigi explicação daquele intrometido e que se me apresentou como sendo o PERALTINHA em pessoa, tendo a paciência de me esclarecer que não me enviara nenhuma mensagem natalina tão somente porque minhas virtudes se equiparavam aos meus vícios, de modo que no livro de minha consciência meu saldo contábil era um redondo zero, enquanto que meus companheiros tinham todos conseguido um superávit no correr do ano, já que suas qualidades superaram em muito os seus defeitos.

Pediu-me em seguida, o porta-voz celestial, que eu me tornasse o seu mensageiro e enviasse a todos um abraço e os costumeiros votos de boas festas, o que me deixou muito lisonjeado e feliz, de modo que consegui finalmente dormir tranqüilo naquela noite venturosa, porquanto até então eu garanto que estava acordado, pois que pude ver perfeitamente meus olhos abertos, fechando-se para mais um sonho.

Com mais esta experiência enriquecedora, acho que estou em condições de alertar a todos sobre o seguinte: Se durante a noite alguém de vocês ouvir uma voz provinda do travesseiro, afirmando que conhece os seus mais inocentes segredos, saiba você que se trata do PERALTINHA. Se, todavia, a voz pronunciar algo terrível, que você tem a esconder de seus semelhantes, não se preocupe e nem perca sequer um minuto de sono, pois que não passa de um simples sonho, ou melhor, de um desses pesadelos de verão, que costumam acontecer até mesmo em noites de Natal.

BENEDITO GENEROSO DA COSTA




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