O grito do motorista não consegue me animar. Estou estirado na poltrona do ônibus e não pretendo sair daqui tão cedo.A poucas horas estava preso em um calvário e agora que estou perto de alguma redenção não quero saber de mais nada.
Vejo meus companheiros de viagem saírem e penso se mudo de idéia.Afinal,não estou mais correndo risco algum.O movimento das pessoas acaba me convencendo a descer.Um deles se dirige a mim e diz:
_ Até que esse posto é moderninho...
"Moderninho"...eu odeio essa palavra.Até parece que devo estar preso a ela.Mas isso não importa, pois minha cabeça está longe daqui,mais precisamente na minha velha casa,que eu não vejo a apenas algumas semanas.Ela é familiar a mim em qualquer lugar.Talvez porquê lá seja o meu verdadeiro lar.
Como qualquer posto "moderninho",há guloseimas á vontade pra que viajantes gulosos e gastadores esbanjem suas economias,ou o dinheiro que pode sobrar em seus bolsos,e comam o que puderem.Eu só
pretendo comprar um petisco rápido.Quando abro a carteira,de lá cai minha identidade,que apresento aqui:
"Nome:Júlio César Passos ;Filiação:Marcos Vinícius Mello , Maria Eucina Passos ; Naturalidade:São Paulo - SP"
Volto ao ônibus logo depois do motorista, desejando mais do que ninguêm que essa viagem termine logo,já vim de muito longe pra perder meu tempo em paradas de beira de estrada.Quero voltar a sentir aquele ar de cidade,antes que comece a tossir por aqui.Se isso acontecer,como vou poder explicar minha doença?Já tenho muitas explicações pra dar e não pretendo lembrar disso tão cedo. O caminho até minha casa ainda vai ser longo dentro da metrópole.