A história é uma ciência, que procura reviver o passado para dar
vida ao presente. Se a história das Américas, especialmente o
Brasil; fosse feita a partir das senzalas e não da casa grande. A
história da colonização seria outra, da Igreja, da burguesia, dos negros,
os índios, etc... Mas como contista, poeta, vou contar uma história
do homem forte da França em meados do século XVI. O Cardeal
Mazarin. Um dos homens mais importante e poderosos de seu tempo,
o Cardeal Jules Mazarin , foi o chefe de Governo da França, quando
Luiz XIV. - O futuro " Rei-sol " - ainda era menor de idade e Ana da
Aústria era a regente, depois da morte de Luis XIII. Isso, a partir de
1642 até 1661. Nesse longo periodo de poder, o italiano Mazarin,
na verdade Giúlio Mazzarino teve a França e boa parte da Europa
em suas mãos. Mandou e desmandou, torturou inimigos, mentiu
deslavadamente e criou um clima de terror tal que os franceses mal
ousavam pensar diante dele, com medo de que o poderoso Cardeal
lesse suas mentes. O temor não era infundado. Cardeal Mazarin,
era tão diabolicamente astuto que, muitas vezes, parecia realmente
saber o que todos estavam pensando. Mais maquiavélico do que o
próprio Maquiavél, o Cardeal Mazarin, acabou elencando, em suas
décadas de força, uma série de frases, e conselhos para pavimentar
o caminho rumo ao poder, graças à manipulação pura e simples do
consenso. Agradando ou fingindo agradar, na verdade amigos e
inimigos, adulando àqueles que interessavam, apenas para conseguir
seus intuitos raramente nobres. Como católico, contista, poeta, é
bom rever a história e levar até você leitor, mais conhecimento e
informações. Este Cardeal mostra sem meias-palavras os artificios
que usou para ser, em sua época, um dos mais poderosos e odiados
governantes. Há ainda, um dado curioso a respeito disso. A filosofia
do Cardeal Mazarin dífere, em muito, daquela de seu antecessor, o
também Cardeal Richelieu, ministro de Luis XIII. Se o Cardeal Richelieu,
apesar de sua idêntica mesquinhez e amor pelo poder, parecia mais
dissimulado, mas o Cardeal Mazarin não se preocupa em esconder
nada. Pelo menos eu seus textos. Afinal, o que pensar de um homem
que disse com todas as letras, que " quando um homem é atingido
por grande desgosto, aproveita a ocasião para adulá-lo e consolá-lo".
É com frequência em tais circustâncias que ele deixará transparecer
seus pensamentos mais secretos e, mais oculto. O Cardeal, ainda
por cima, era partidário do que se chamava de " guerra de todos
contra todos". Ou seja, de jogar uns contra os outros para que ele
sempre se sobressaisse. Quero dizer que este meus conto, não se
destina apenas àquela classe política que não mede esforços para
conquistar seus objetivos. Até porque, naquela época, ser político
diferenciava bem do que hoje entendemos como tal. Quero demostrar
sem disfarces a teatralidade das relações políticas entre a igreja.
E tem sua serventia para informar como os chamados " representantes
do povo", agian e pensavam naqueles tempos. Eu pergunto, será
que mudou muita coisa, hoje em dia ? Um exemplo : deves ter
informações sobre todo o mundo, não confiar teus próprios segredos
a ninguem, mas coloca toda a tua perseverança em descobrir os
dos outros. Parece que as coisas não mudaram tanto assim. O
Cardeal Mazarin, na verdade, elevou à enésima potência aquilo
que muito governantes pré-iluminissimo pensavam e fizeram. Em
segundo lugar, com o distanciamento temporal da obra, podi-se
observar melhor como se deu, em muitas partes a evolução do
pensamento político ao longo dos séculos. É um trabalho instigante,
daqueles que se lê com um olho na história e outro no próprio
mundo que nos cerca. Tamanhas são as referências que podemos
usar hoje em dia. Afinal de contas, o Cardeal Mazarin estava certo
em muitas coisas que escreveu, como nesta frase, que mais se
assemelha a um auto-retrato : " Um homem astucioso se reconhece
com frequência por sua doçura afetada, por seu nariz adunco e
seu olhar penetrante". Dificil imaginar que o astuto Cardeal não se
olhava no espelho quando resolveu redigir essas linhas.
-José Angelo Cardoso.- Poeta, contista, artista plástico.
Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras.
São José do Albertópolis. - Guaira-sp. |