Pelo Tempo Sem Fim amém: Adhemar Fernandes Dantas: Campina Grande/Pb: governo da Paraíba/SEC,1982.175p.
Por: Maria do Socorro cardoso xavier
Este é o primeiro livro do autor, cuja leitura fértil empolga. Emocionou-me sua profunda e original dedicatória "procurando gente para fincar raízes, antes que a noite venha".
Pelo tempo sem fim amém é uma obra mista de ficção e realidade, na qual histórias e estórias se entrelaçam, mergulhando nas árvores genealógicas das principais famílias do Vale do Sabugi (Santa Luzia, na Paraíba), fincadas de dois séculos atrás: Portugal, o avózinho!
Trata-se de narrativas singulares, não lineares, em que o autor utiliza vários tempos, passado e presente se entrecruzam com várias falas, "pelo tempo sem fim amém". Diria ser um livro de memórias, de cunho histórico-sociológico, cuja narrativa animada, heróico-humorística, se refere a acontecimentos que remontam ao século passado. São mergulhos nos dias longínquos das brenhas do Sabugi.
O autor narra com um tal dinamismo semiótico, que cheguei a cotejar "Pelo tempo sem fim amém" com a genialidade de "Cem Anos de Solidão".
O fervilhar de imagens de um inconsciente coletivo nos transporta com cores vivas ao século passado, vislumbrando um realismo quase fantástico, numa obra que traduz um mundo restrito e quase imutável "pelo tempo sem fim amém".
O autor, sempre fincado ao chão tórrido e aos seus filhos guerreiros de suor, seca e dor, processa uma catarse de si e de sua ancestralidade. É vida, realismo, fantasia, ideologia religiosa, tragédia, comédia. Aí o autor fincou seu marco de obstinação e originalidade ao resgatar suas raízes e seus duendes ocultos.
|