Sobre a mesa da sala de jantar a menina inventa sorrindo uma única valsa, prá lá e pra cá.Depois
ri à toa.
Não entende nada, parece não entender. Ela rola a xicará e lambuza a colher de leite, fica em pé e ri à toa.
Quando inquerida pela mãe, ela joga beijos e ri à toa. Enquanto pela janela resvala o vento de inverno, que sussura os seus castanhos cabelos.
Nua , dá um sorriso meigo e estilhaçado.
De repente bate as tampas das panelas, tira a flor do vaso, no centro da mesa. OLha em volta e ri à toa.
É um palhaço, um soprano quando grita.
Sobre a mesa, sobre o sofá, ela outra vez valsa, valsa sem qualquer música eletrônica, pois a música que ela ouve está no ar.
Agacha-se e ri à toa.
De súbito, ela canta em qualquer língua, bate palmas e pede colo ao pai.
Um minuto, esfrega os olhinhos, faz beiçinho e chora.
Do colo já quer descer, há coisas mais interessantes no chão pra fazer.
A flor em sua mão direita ainda respira, ela a beija e tropeçando a deixa jogada no canto.
Quando o gato passa, na parede se agarra e segue feliz dizendo devagar, papai, mamãe, bebê.
Sem conseguir pegar o bichano, ela pára,assenta-se no pé da cama, se mija. E quando todo mundo vai lá pra ver, no meio do aguaceiro, ela se assenta e ri à toa. |