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Ensaios-->Os temas atuais da Filosofia -- 29/12/2016 - 22:49 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os temas atuais da filosofia
João Ferreira
2016-12-28

Nas introduções e nas iniciações à filosofia tanto os compêndios e os tratados quanto as monografias independentes e os professores sempre iniciam suas preleções sobre a questão: o que é a Filosofia. Assim Ortega y Gasset: “Qué es la Filosofia?”, assim Martin Heidegger (Was ist das die Philosophie?) e outros autores conhecidos. É lógico dizer que tentar saber de que trata e de que se ocupa a filosofia, saber de seu método e de seu campo de pesquisa, é, acima de tudo, uma questão preliminar indispensável. Ter uma noção de filosofia é importante para muitas coisas inclusive para elaborar um verbete de um Dicionário de Filosofia, para compêndios que têm como objetivo iniciar jovens ou adultos no questionamento filosófico e até para pesquisadores que desejam se aprofundar em questões mais específicas.
Todo este preâmbulo vem a propósito de um pequeno livro de bolso da autoria de Émile Bréhier intitulado “Les Thèmes atuels de la Philosophie” [Os temas atuais da Filosofia]. É. Bréhier (1876-1952) é autor de uma Histoire de la Philosophie em vários tomos,abrangendo o Oriente e o Ocidente, tornando-se um dos notáveis conhecedores do pensamento filosófico da Humanidade. O livrinho relativo aos Temas atuais da Filosofia e que agora comentamos é constituído por apenas 80 páginas, mas com um conteúdo de alto valor informativo e reflexivo. Para termos dele uma ideia de conjunto, é importante acompanhar as temáticas em seu conjunto e na ordem de apresentação: I. Considerações gerais. II. A filosofia no início do século XX. III.Um novo método: a fenomenologia. IV. Uma nova psicologia: a psicologia da forma [ a Getaltpsychologie]. V. Uma nova teoria psicológica: a psicanálise. VI.O Homem (I): o Homem na história. VII. O Homem (II): o Homem na sociedade. VIII. O Homem (III): o Homem e o Transcendente. IX. Filosofia e Moral: a Moral concreta. X. Os valores. XI. A crítica dos princípios.XII. O materialismo dialético. XIII. O existencialismo.XIV. Conclusão: Tendências da Filosofia contemporânea.
A partir do conjunto dos temas apresentados no índice podemos avaliar o que é que fazia a essência do debate em filosofia no ano de 1961, ou seja, 55 anos atrás. Analisando as temáticas em sentido histórico, esses títulos seriam hoje, literalmente, capítulos importantes da história da Filosofia do século XX. É verdade, em parte. Mas não é só isso. Seria pertinente pensar também que as correntes que vigoraram no século XX não nasceram para serem suspensas por decreto. O pensamento humano flui e vive nos e pelos sujeitos, pelas instituições, pelas sociedades e faz parte da evolução e do permanente debate de ideias. Uma grande parte das ideias debatidas no século XX são ainda matéria de debate no século XXI. Por outro lado, temas como a Psicologia das formas (a Gestaltheorie), o existencialismo e o materialismo dialético já perderam parte do charme que tiveram noutros tempos. Em contrapartida, porém, ainda continuam de pé e com muito vigor a fenomenologia, a ética e a moral concreta, a psicanálise, a antropologia cultural, o Homem histórico, o Homem social, o Homem e o transcendente, a crítica dos princípios e em certos meios e escolas, a crítica axiológica ou o mundo dos valores.
No que diz respeito à psicanálise, tanto Freud, quando Jung quanto Lacan continuam mestres de enorme apelo para uma sociedade que ainda não descobriu quanto o inconsciente comanda a real vida dos homens tanto a nível individual quanto coletivo.
A ética é hoje o grande instrumento de denúncia apresentado para controlar e até para condenar a corrupção de dirigentes políticos e dos representantes dos grandes poderes republicanos. Grandes investigações são levadas a cabo em vários países do mundo, muitas vezes com sensacionalismo, mas partindo de denúncias premiadas por procuradores e juízes para que se chegue mais longe e mais fundo na investigação. Por estar no centro da governação e administração da coisa pública, a ética tornou-se um ponto de referência atual e indissociável da política.
Por outro lado, nunca o homem irá cessar de querer saber o seu passado, ou os grandes momentos de sua história, seus regimes, suas teorias, seus erros e seus acertos, seus avanços e seus recuos. Tudo isto lhe vai dizer a pesquisa que permanentemente é feita por especialistas sobre o Homem histórico e o Homem social. Conjuntamente e a par dos lados histórico e social, o homem não deixará também de perscrutar o que vai além da sua corporeidade e da materialidade do mundo em que vive. Quer queira quer não, em seu conjunto sempre se envolverá em questionamentos que ora são filosóficos, ora teológicos, ora místicos, mas sempre dialéticos e por vezes até transcendentais. Muito sensíveis se mostram nossos contemporâneos também quando se fala de “princípios”. Ter princípios, ser pessoa de palavra, ter caráter, ter responsabilidade, ter atitude, ser fiel, não trair compromissos, assumir – são formas outras da “crítica de princípios” que Bréhier apontou como uma das temáticas do século XX, mas que permanecem atuais, vivíssimas e válidas nas sociedades do sécuko XXI. Diríamos que a temática “Valores”, de uma forma ou de outra, também continua a ser uma temática válida na filosofia social do século XXI. Podemos ver isso seja na busca de uma filosofia onde o centro se situa na relação do homem com seu destino, seja na análise dos princípios que regem o “homem social”, seja nas coordenadas que permeiam as cavernas transcendentais do homem metafísico.
Navegar por estas páginas deu-nos a sensação de que estava ouvindo vozes familiares, vozes que tinham o timbre de informação e ensinamento. Como se estivesse num grande salão, em clima de congresso relembrando coisas profundas que mantêm a vida do cérebro e o questionamento necessário à nossa condição existencial.
João Ferreira
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