Homem de uma inteligência e talento excepcionais, Lucius Annaeus Seneca (55 a. C. - 39 d. C.) foi o primeiro representante latino do estoicismo. Além de filósofo, foi um renomado orador e político, o qual suscitou a inveja do imperador Calígula, que pretendia assassiná-lo mas acabou apenas banindo-o de Roma. foi também um grande moralista e autor de 9 tragedias, as quais expõe seu pensamento. Suas obras mais importantes são: “Cartas Morais”, “Da Brevidade da Vida”, “Sobre a Tranquilidade da Alma”, “Apokolokintosis” e as tragedias “Medéia”, “A Loucura de Hércules” e “As Troianas”.
SOBRE A MORTE Tudo que o sol contempla ao nascer, tudo que contempla ao morrer, tudo que o mar, com suas ondas azuis, banha duas vezes, avançando e fluindo, o tempo arrebatará com a velocidade de Pégaso. Do mesmo modo que as doze constelações giram num turbilhão, do mesmo modo que o senhor dos astros apressa os séculos a volverem, do mesmo modo que a lua se apressa em percorrer sua órbita, nos todos buscamos nossa morte. E quem atingiu os lagos, pelos quais os deuses juram, não mais existirá em parte alguma. Como a fumaça do fogo ardente se desvanece, embora escura por um momento, como a força de Bóreas, o vento norte, dissipa as nuvens, que há pouco vimos pesadas, assim também se evapora o sopro pelo qual somos regidos. Depois da morte nada mais existe e nada é a própria morte, a meta suprema de uma corrida veloz. Que os gananciosos aí deixem a esperança; os tímidos, o medo. O tempo guloso nos devora bem como o caos. A morte é indivisível: destrói o corpo e não poupa a alma. “As Troianas”, Primeiro Estásimo, pag. 118, Coleção “Grandes Momentos do Pensamento”, vol. 12, Folha de São Paulo, 2015. Tradução Zelia de Almeida Cardoso