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Artigos-->COREIA DO NORTE - PROGRAMA NUCLEAR, RISCO PARA O MUNDO. -- 17/09/2013 - 09:31 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



CORÉIA DO NORTE PROGRAMA NUCLEAR RISCO PARA O MUNDO.



Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2013



 



 



 



PRIMEIRO TESTE NUCLEAR – OUTUBRO DE 2006



 



Em oito de outubro de 2006 a Coréia do Norte realizou o seu primeiro teste nuclear, tornando-se o nono país a possuir este tipo de arma juntamente com Estados Unidos, China, Rússia, Inglaterra, França, Israel, Índia e Paquistão.  Os EUA estimam que o país tenha material nuclear suficiente para fazer oito ou nove bombas nucleares.  Em consequência o país foi punido com sanções do Conselho de Segurança do ONU, A Resolução 1.718, foi aprovada até pelos chineses, seus maiores parceiros e principais aliados.



 



 



DESATIVAÇÃO DE YONGBYON 2007



 



Em 13 de fevereiro de 2007 a Coréia do Norte prometeu fechar em 60 dias seu principal reator, o de Yongbyon, e abrir suas instalações aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica recebendo em troca 50 mil toneladas de combustível ou ajuda econômica equivalente. O acordo multilateral foi articulado pelo Grupo dos Seis. Em uma etapa posterior a Coréia se comprometeu a desmobilizar o conjunto de suas instalações nucleares e entregar um inventário de seus estoques de plutônio, recebendo 950 mil toneladas de combustível. O combustível é vital, pois o país atravessa grave crise energética. O carvão representa 82% da energia consumida e as usinas termoelétricas coreanas tem no mínimo 40 anos e dificuldade para produzir peças de reposição, pois a maioria das fábricas simplesmente deixou de funcionar com o país gerando apenas 2.000 megawatts. (F S P 14.02.2007, p. A-9). 



Em julho de 2007 a Coréia comunicou aos EUA a desativação do reator nuclear e permitiu a entrada de uma equipe da Agência Internacional de Energia Atômica para fazer inspeções no complexo de Yongbyon. (F S P 15.07.2007, p. A-20). 



Em setembro de 2007 a Coréia do Norte aceitou detalhar e desativar todo o seu programa nuclear até o fim de 2007 em troca de 950 mil toneladas de combustível ou valor equivalente em ajuda econômica. ( F S P , 3.9.2007 , p. A-9) . O compromisso deveria ser cumprido, pois foi assumido junto a cinco países, principalmente a China que exerce grande influência sobre o país.



Em outubro de 2007 a Coréia do Norte assinou um documento em Pequim, em conjunto com o Grupo dos Seis, onde se comprometeu a destruir, até o final de dezembro, o reator com o qual produziu plutônio para testar sua bomba atômica em 2006 e em fornecer uma lista detalhada de seus equipamentos nucleares. Em troca além do combustível, recebeu a garantia de que os EUA vai retirar o país da lista dos países que apoiam o terrorismo. No dia 3 de outubro, o ditador da Coréia do Norte Kim Kong-il, e o presidente da Coréia dó Sul, Roh Moo-huyun se encontraram em uma cúpula destinada a melhorar as relações entre os dois países.  Os sul coreanos se comprometeram a investir numa cidade portuária e a construir uma estrada de ferro, uma rodovia e um estaleiro na Coréia do Norte. Com isso aumentando os laços comerciais inviabilizariam um ataque militar do Norte e diminuiriam o abismo econômico entre os dois países, criando condições para uma futura reunificação. ( F S P , 4.10.2007 , p. A-17) .



A Coréia do Norte entregou em 26 de junho de 2008 uma declaração de 60 páginas sobre o possível desmantelamento de seu programa nuclear. O documento apresentava detalhes do reator de Yongbyon, que foi desmontado com supervisão de inspetores americanos e teve a chaminé implodida com a presença de jornalistas estrangeiros em 27 de junho de 2008. O relatório não incluiu detalhes sobre os estoques de plutônio e sobre bombas ainda armazenadas, que serão fornecidos depois.



O Instituto pelas Ciências e Segurança Internacional, baseado em Washington calcula que os norte-coreanos têm em estoque de 46 a 64 quilos de plutônio, o suficiente para produzir de cinco a doze bombas nucleares.



Inspetores internacionais iriam analisar o relatório e com base nesta avaliação os EUA poderia retirar as sanções econômicas contra o país e retirar a designação de “país que patrocina o terrorismo”. Porém o presidente americano Bush ressaltou “os Estados Unidos não tem ilusões quanto ao regime de Pyongyang. Continuamos profundamente preocupados com o desrespeito aos direitos humanos, enriquecimento de urânio, mísseis balísticos e as ameaças do país à Coréia do Sul e a seus vizinhos regionais”. (F S P, 27.06.2008, p. A-12).



Em 19 de setembro de 2008, após meses de queixas sobre atrasos na entrega de combustível e a permanência do país na lista negra dos EUA, Pyongyang voltou atrás no desarmamento e disse já não ter interesse em deixar o “eixo do mal” e anunciou que está trabalhando para reativar a planta nuclear de Yongbyon. (F S P, 20.09.2008, p. A-18).



A AIEA retirou seus inspetores e mais de uma centena de câmeras que monitoravam a central de reprocessamento de combustível nuclear de Yongbyon. Os norte-coreanos informaram que em uma semana a central receberia um novo carregamento de combustível. (F S P, 25.09.2008, p. A-17).



NOVO TESTE NUCLEAR MAIO DE 2009



 



Em 25 de maio de 2009 a Coréia do Norte fez um segundo teste nuclear subterrâneo. Horas depois testou também três mísseis de pequeno alcance.



O Conselho de Segurança da ONU condenou a ação: “Os membros do CS expressaram sua forte oposição e condenação ao teste nuclear conduzido pela República Democrática Popular da Coréia em 25 de maio de 2009, que constitui uma clara violação da resolução 1.718.” A resolução 1718 foi elaborada em condenação a outro teste nuclear realizado pelos norte-coreanos em outubro de 2006 e incluía sanções e proibições a novas explosões.



O presidente americano Barak Obama afirmou ““ A Coréia do Norte está diretamente e irresponsavelmente desafiando a comunidade internacional. Convida a pressão internacional mais forte (...) A Coréia do Norte não encontrará segurança e respeito por meio de ameaças e armas ilegais” . (F S P , 26.05.2009, p. A-10).



A possibilidade de a Coréia do Norte desfechar um ataque nuclear é pequena. Os dois dispositivos testados possuem mais de três metros de comprimento e pesam quatro toneladas. Não poderiam ser colocados na ponta de um míssil e não podem nem mesmo ser transportados a bordo de um avião.  (Veja, 3.6.2009, p. 86).



Em 26 de maio de 2009, a Coréia do Norte voltou a desafiar a comunidade internacional lançando três novos mísseis de curto alcance no mar do Japão, em ação condenada até pela China.



A China é o principal parceiro comercial do país e sua fonte primordial de energia. Fornece alimentos para as safras fracassadas do país e policia a fronteira para evitar uma fuga em massa de refugiados. Portanto a Coréia não sobreviveria sem a China, Desta vez parece que Kim Jong-íl foi longe demais. Segundo o chefe de gabinete de Obama, Rahm Emanuel “Todos ficamos impressionados pelo fato de os russos e os chineses terem expressado condenação tão forte”. O “Global Times” jornal ligado ao “Diário do Povo”, oficial , citou analistas dizendo que “é mais do que hora de a China reconsiderar sua política” , para a Coréia do Norte . Sun Zhe, do Instituto de Relações China-EUA na Universidade de Tsinghua disse “Não existe mais necessidade alguma de a China manter a política para seu vizinho encrenqueiro”. Não interessa para a China a unificação coreana que poderia instalar em sua fronteira um forte aliado dos EUA, mas também não interessa um Japão com armas nucleares. (F S P, 27.05.2009, p. A-10).



A sanção mais pesada contra a Coréia está na resolução da ONU aprovada em 2006. Ela autoriza os EUA e outros países a bloquear e inspecionar navios que vão e vêm da Coréia do Norte, para procurar componentes de mísseis ou materiais nucleares contrabandeados. A sanção nunca chegou a ser aplicada, em parte devido ao receio de que pudesse provocar uma escalada de hostilidades com a Coréia do Norte. ( F S P, 27.05.2009, p.A-11) .



 



SANÇÕES CONTRA A CORÉIA DO NORTE JUNHO 2009



 



O Conselho de Segurança da ONU aprovou em 12 de junho de 2009, por unanimidade, a resolução 1.784 condenando o teste nuclear:



1. Proíbe a compra de qualquer arma pela Coréia do Norte e a venda ao regime por terceiros países, exceto as de pequeno porte;



2. Prevê inspeção de todas as embarcações com destino à ou proveniente da Coréia do Norte; armamentos proibidos deverão ser confiscados;



3. Proíbe os Estados-membros da ONU de reabastecer em seus portos, embarcações suspeitas de transportar armamento para a Coréia do Norte;



4. Exorta os Estados-membros a proibir atividades financeiras norte-coreanas em seus territórios, inclusive eventualmente congelando fundos do país;



5. Exorta Estados-membros e órgãos financeiros internacionais e sustar empréstimos e ajuda a Pyongyang com a exceção das voltas á ajuda humanitária. (F s P, 13.06.2009, p. A-12).



A Coréia do Norte reagindo á resolução declarou que pretende manter seu programa nuclear e que começará a enriquecer urânio e que irá utilizar todo o plutônio armazenado como arma nuclear, caso seus navios sejam bloqueados pelos EUA ou por outros países. (F S P, 14.06.2009, p. A-17).



Em encontro com o presidente da Coréia do Sul, Lede Myung-bak, o presidente americano Barak Obama afirmou “Vamos procurar, de modo vigoroso, livrar a península Coreana de armas atômicas; isso significa que não aceitamos que a Coréia do Norte seja ou venha a ser uma potência atômica. Tem havido um padrão até aqui pelo qual a Coréia do Norte se comporta de forma beligerante e é recompensada com comida, combustível, empréstimos e outros benefícios. A mensagem que queremos dar é a de que vamos romper com esse padrão”. (F S P, 17.06.2009, p. A-11).



 



NOVAS SANÇÕES AMERICANAS 2010



 



A Secretária de Estado americana Hillary Clinton afirmou em 21 de julho de 2010 em visita na Coréia do Sul que os EUA imporão novas sanções unilaterais à Coréia do Norte com o intuito de minar o programa nuclear e “desmotivar outros atos de provocação”. As sanções têm como alvo a compra e venda de armas e materiais relacionados, além da aquisição de itens de luxo usados para cooptar a elite. Serão aumentados os esforços para “identificar, pressionar e bloquear negócios com entidades norte-coreanas envolvidas na proliferação nuclear e em outras práticas ilícitas no exterior.”.



O Secretário da Defesa, Robert Gates afirmou na área desmilitarizada “Queremos enviar um sinal forte ao Norte, à região e ao mundo de que o compromisso dos EUA com a segurança da Coréia do Sul é firme. Nossa aliança militar nunca foi tão forte e capaz de deter qualquer agressor”. Os EUA, todavia, tem de pressionar Kim, sem irritar seu principal aliado, a China”. (F S P, 22.07.2010, p A-16).



 



MORATÓRIA NUCLEAR FEVEREIRO DE 2012



 



Em fevereiro de 2012, o novo ditador norte-coreano Kim Jong-Um se comprometeu a abrir seu principal complexo nuclear para inspetores internacionais e a suspender testes de armas nucleares e enriquecimento de urânio em troca de 240 mil toneladas de alimentos a serem enviadas pelos EUA (F S P, 1.3.2012, p. A-12).



Estima-se que o país tenha desde 2011, um pequeno estoque de bombas atômicas rudimentares, mas ainda não possui a tecnologia necessária para colocá-las em ogivas capazes de ameaçar os EUA.



Porém em seu primeiro discurso como ditador da Coréia de Norte, Kim Jong-Um afirmou “A superioridade na tecnologia militar não é mais monopólio dos imperialistas, e a era dos inimigos que usam bombas atômicas para nos ameaçar e chantagear, acabou para sempre” (Veja, 25.04.2012, p. 72).



 



NOVO TESTE NUCLEAR E DE FOGUETES JAN 2013.



 



O governo norte-coreano em comunicado divulgado em 24 de janeiro de 2013, afirmou que pretende continuar a lançar foguetes e fazer testes nucleares e advertiu que eles podem ter como alvo os EUA, que Pyongyang classificou de “inimigos declarados”.



O comunicado, divulgado pela agência estatal de notícias KCNA, foi uma resposta às novas sanções impostas ao país pelo Conselho de Segurança da ONU, em razão do lançamento de um foguete em dezembro.



“Nossos satélites pacíficos continuarão sendo lançados, sem interrupção, em nossa luta nacional para defender o direito à autodefesa”.



O serviço de inteligência da Coréia do Sul, afirmou que o lançamento de dezembro indica que os norte-coreanos já teriam a capacidade de desenvolver um foguete com alcance de 10.000 km, capaz de atingir São Francisco (Costa Oeste dos EUA). (F S P, 25.01.2013, p. A-13).



 



TERCEIRO TESTE NUCLEAR FEVEREIRO DE 2013.



 



Em 12 de fevereiro de 2013 a Coréia do Norte realizou o seu terceiro teste nuclear, em explosão subterrânea conduzida na base de Punggye-ri, em Kilju, no norte do país, mesmo local dos outros dois testes.



É o primeiro teste realizado pelo ditador, Kim-Jong-Um, desde que assumiu o poder em dezembro de 2011. Foi utilizada uma bomba em “miniatura”, menor e mais leve, mas mais potente, estimando-se em 10 quilotons sua potência.



Em sessão de emergência convocada horas depois da confirmação do teste nuclear o Conselho de Segurança da ONU condenou a ação norte-coreana e prometeu tomar atitudes em breve. Em comunicado o Conselho declarou que a ação de Pyongyang é uma “clara ameaça à paz e à segurança internacionais”.



A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, disse que o teste é uma “grande provocação”. Afirmou que o programa nuclear norte-coreano é um dos motivos do crescente isolamento do país. (F S P, 13.02.2013, p. A-12).



Segundo Andrei Lankov em seu livro The Real North Korea: Life and Politics in the Failed Stalinist Utopia, sem a bomba atômica a Coréia do Norte se igualaria a nações como Gana, com quem compartilha a pequena população e os indicadores econômicos miseráveis. E nessa hipótese o ditador Kim Jong-un seria uma figura irrelevante. (Revista Veja, 15.03.2013, p. 100).



 



REATIVAÇÃO DE REATOR DE YONGBYON



 



A Coréia do Norte afirmou em dois de abril de 2013, que planeja acelerar a produção de material atômico para ampliar seu arsenal militar, reativando o reator de Yongbyon, no norte da capital. Especialistas afirmam que o processo pode levar entre três meses e um ano.



O reator de 5MW era a principal fonte de plutônio para bombas nucleares no país até 2007 quando o regime aceitou desativá-lo em troca de um pacote de ajuda econômica oferecido por China, EUA, Coréia do Sul e Rússia.



O complexo nuclear de Yongbyon também tem um reator de 50 MW inacabado, uma usina de reprocessamento para extrair plutônio de barras já gastas e uma usina de fabricação de combustível, com mais de 2.000 centrífugas. Estima-se que a Coréia do Norte tenha plutônio para 6 a 8 bombas nucleares.



Com a reativação, o país passa a ter dois tipos de combustível para bombas – urânio enriquecido e plutônio.



O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que a “crise foi longe demais” e criticou o anúncio norte-coreano, (F S P, 3.4.2013, p. A-15).



Em resposta, o Pentágono disse que um sistema de defesa – que inclui radares, mísseis interceptadores e um caminhão lança mísseis será instalado em Guam, para garantir a segurança dos cidadãos do país e de seus aliados na área.



Em palestra na Universidade de Defesa Nacional, em Washington, o secretário da Defesa, Chuck Hagel, disse que as ameaças norte-coreanas são um perigo e real e uma ameaça aos EUA e a toda a região Ásia-Pacífico.



Imagens de satélite analisadas pelo Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins indicaram obras em uma torre destruída em 2008, após o reator ser desativado. As obras devem ter começado entre fevereiro e março e as imagens sugerem que o reator poderia estar em operação num prazo de semanas. (F S P, 5.4.2013, p. A-14).



 



CORÉIA TEM CAPACIDADE DE TER MÍSSIL NUCLEAR



 



O jornal americano “The New York Times” informou em 11 de abril em seu site que um relatório produzido em março de 2012, pela Agência de inteligência de Defesa do Pentágono chegou à inédita conclusão “com moderada confiança”, de que a Coréia do Norte tem tecnologia para usar armas nucleares em tamanhos compatíveis com mísseis balísticos.



O relatório foi distribuído aos altos escalões do governo e a membros do Congresso norte-americano.



Até então, sabia-se de que Pyongyang tinha capacidade de produzir artefatos nucleares, mas não existia confirmação de que era capaz de lançá-los em mísseis. Segundo o jornal há a ressalva de que a confiabilidade dessas armas deve ser baixa, dados os grandes desafios técnicos na produção adequada de ogivas nucleares que sobrevivam ao voo e detonem no alvo desejado.



A inteligência do Pentágono foi um dos órgãos que argumentava com mais veemência que o regime de Saddam Hussein, no Iraque detinha armas nucleares, o que depois não se mostrou verdade, e por isso, mesmo dentro do governo Obama, há desconfiança sobre essa conclusão do Pentágono.(F S P, 12.04.2013, p. A-13).



Em visita a Seul, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que “é inexato sugerir que a Coréia do Norte já testou completamente ou desenvolveu esse tipo de capacidade”. Ouvido pela agência Reuters sob anonimato, uma funcionário do governo dos EUA disse que o Pentágono vê o relatório da agência como “preliminar”. (F S P, 13.04.2013, p. A-18).



 



A experiência mostra que acidentes graves com usinas nucleares causam consequências pesadas para o meio ambiente e prejuízos elevadíssimos.



No caso do acidente na usina de Chernobyl na Ucrânia, que aconteceu em 26.04.1986, de acordo com o relatório TORCH, 53% da radioatividade foi recebida por outros países europeus que não os mais fortemente atingidos. A inclusão das vítimas causadas pela radiação no restante da Europa levou duas equipes de pesquisadores dirigidas por Elisabeth Cardis do CIRC a estimar em 16 mil o número de mortos por câncer que se poderá atribuir a Chernobyl até 2065.  O relatório TORCH na sua parte estima que o número de vítimas em todo o mundo possa se situar entre 30 e 60 mil. (F S P 26.04.2006, p. A-14).



Por sua vez um estudo feito por cientistas russos divulgado em 2009 estima as vítimas fatais em 980.000, incluindo aí todos os suspeitos de ter contraído doenças ocasionadas pela radiação. (Veja, 4.5.2011, p. 146).



Embora tenha vazado aproximadamente apenas 2% do material do reator, a contaminação na Ucrânia atingiu a aproximadamente 3,5 milhões de pessoas.  .A radioatividade espalhada pela usina continua em níveis preocupantes em várias partes da Europa após 14 anos. Os estudos mostram que os níveis de radiatividade estão caindo em ritmo mais lento do que o esperado. Pesquisadores recomendam que diversos alimentos produzidos em certas regiões da Inglaterra, Escandinávia e dos países bálticos continuem proibidos para consumo humano por mais 15 anos. O mais grave é a carne de ovelha, animal que pasta nos campos contaminados. O consumo de frutas silvestres, cogumelos e peixes em certas regiões da antiga URSS continuará desaconselhável pelos próximos 50 anos. (Veja, 24.05.2000, p. 106).  



"Nas áreas mais contaminadas, 20% dos pássaros apresentam despigmentação na plumagem, causada pela morte das células responsáveis pela cor das penas e os galhos das árvores crescem num padrão desordenado”, segundo o biólogo americano Timothy Mousseau da Universidade da Carolina do Sul. Segundo estatísticas da Agência Internacional de Energia Atômica há nas comunidades vizinhas da usina graves problemas sociais. Os índices de alcoolismo, desemprego e divórcio são altíssimos. Um número elevado de seus integrantes sofre de problemas emocionais causados pela possibilidade iminente de contrair câncer e outras doenças provocadas pela radiação nuclear a que foram e ainda são submetidos. (Veja, 3.5.2006, p. 93-97). 



O governo da Ucrânia investiu US$ 700 milhões na construção de uma estrutura de aço que vai cobrir a usina de Chernobyl, com 105 metros de altura, 105 de largura, 257 metros de comprimento e peso de 18.000 toneladas, para evitar o risco de vazamentos. (Exame, 7.11.2007, p. 95). O custo total até 2007, decorrente do acidente era estimado em US$ 350 bilhões. 



Existe um estudo na Alemanha do custo de recuperação de um acidente nuclear grave e os cálculos chegam a US$ 2 trilhões.



A radiação liberada pela central continua em 2012, afetando milhares de habitantes de Belarus, Ucrânia e Rússia, onde se encontram 70% dos quase 200 mil quilômetros quadrados de terrenos contaminados. (Revista Exame, Internet, 15.08.2012).



Embora Fukushima tenha sido classificado como desastre no grau sete, o máximo da escala criada pela Agência de Energia Atômica (AIEA) para acidentes radioativos, o mesmo de Chernobyl devido a ter liberado 370.000 terabecquerels, as consequências são muito menores comparadas as da usina russa por ser a usina japonesa mais avançada.



Fukushima liberou menos de 10% da radiação que escapou de Chernobyl e o sistema de contenção funcionou, pois os reatores tem uma carapaça de aço que não foi danificada e contém a radiação, o que não havia em Chernobyl. Não houve mortes em Fukushima contra 64 em Chernobyl e a radiação afetou um raio de 60 km contra 500 em Chernobyl. (Veja, 4.5.2011, p. 146-147).



Porém, a exemplo de Chernobyl, Fukushima não afetou apenas o entorno, mas se estendeu para áreas ainda imprevisíveis.



O vazamento de água contaminada para o mar tem potencial de afetar drasticamente a fauna marinha mesmo em regiões afastadas, onde a concentração de sustâncias tóxicas seria menor.



Em julho de 2012, um caso virou manchete dos jornais locais. A dezenas de quilômetros da usina de Fukushima, um robalo capturado revelou um nível de radioatividade inédito em um pescado desta espécie, 10 vezes superior ao limite autorizado no Japão.



O governo do Japão proibiu a pesca comercial na área, cerca de 200 quilômetros a nordeste de Tóquio. Mas a contaminação parece não encontrar barreiras. Em fevereiro de 2013, quase do outro lado do planeta, pesquisadores encontraram, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos, um atum contaminado pela radiação de Fukushima.



Casos como esses são o retrato de como, mesmo dois anos após a tragédia, os danos na usina japonesa de Fukushima continuam dispersos e difíceis de serem conhecidos com precisão. Um verdadeiro martírio nuclear. (Revista Exame, Internet, agosto de 2013).



 



REATIVAÇAO DE YONGBYON CONFIRMADA PELA RÚSSIA



 



 



A Rússia alertou em 12 de setembro de 2013, que a Coréia do Norte vem fazendo obras no reator nuclear de Yongbyon, o que considera um risco, já que a usina está em péssimo estado de conservação e um acidente poderia provocar uma catástrofe.



O objetivo da reativação é produzir plutônio para armas nucleares. O plutônio tem sido a primeira opção para o arsenal atômico de nações pobres como a Coréia do Norte, Índia e Paquistão. Para enriquecer urânio são necessárias diversas centrífugas, que precisam ser importadas e o processo é mais complexo. O processo do plutônio exige apenas um reator e uma usina, duas coisas mais fáceis de fazer, mas o plutônio é mais radioativo e demanda maiores cuidados.



O reator de Yongbyon pode produzir seis quilos de plutônio radioativo por ano. As atividades nele foram detectadas pelo Instituto John Hopkins (EUA), que tem um centro de estudos sobre a Península Coreana. Foi visto vapor branco saindo da usina em imagens de satélite de 31 de agosto. O vapor pode indicar uma inspeção do gerador, ou mais grave, que o reator foi religado.



Pyongyang afirmou em abril que voltaria a colocar em funcionamento todas as suas instalações em Yongbyon para “reforçar em qualidade e quantidade seu arsenal nuclear”. (F S P, 13.09.2013, p. A-16).



A usina foi construída na década de 1950 e está destruída. Yongbyon foi desativado em 2007, como parte de um acordo de desnuclearização feito com a ONU. Uma das torres de refrigeração foi destruída, o que prejudicaria a retomada da operação. Trata-se, portanto de um modelo obsoleto e, portanto os riscos de acidente são muito maiores.



 



O governo norte-coreano se ajusta ao que se pode chamar de governo irracional. Dentro da racionalidade, princípio da dissuasão nuclear, supõe-se que uma liderança política racional não aceitaria o risco de milhões de mortes entre seus habitantes e por esta razão é que uma guerra nuclear não aconteceu, apesar de fatos terem ocorrido que a justificassem como a crise dos mísseis de Cuba e a queda do Muro de Berlim.



Um ditador com apenas 30 anos e há pouco mais de um ano no poder, tem necessidade de afirmação e ameaça o mundo com uma guerra nuclear para isso. Uma epidemia de fome na Coréia do Norte, na década de 1990 matou milhares de pessoas e não levou a mudanças no regime marxista. A culpa como sempre, era dos “imperialistas”.



No final dos anos 50, Mao Tse Tung em viagem a Moscou, chocou até mesmo ex-stalinistas ao sugerir que uma guerra nuclear talvez não fosse tão ruim, que “se o pior acontecesse e metade da humanidade perecer, restará a outra metade”.



A Coréia do Norte reproduz alguns dos piores traços da China maoísta: isolamento em relação ao mundo exterior, campos de trabalho, culto à personalidade e disposição de tolerar fome em escala letal entre seus habitantes.



Havia certa esperança que o jovem ditador Kim Jong-Un, promovesse uma liberalização do regime norte-coreano, mas os fatos estão mostrando o contrário e suas decisões estão levando o país a uma fronteira perigosa. Embora disponha de armas nucleares, seu poderio é extremamente limitado face à capacidade de retaliação americana e se as suas bravatas se concretizarem poderá arruinar completamente o seu país.  (Gideon Rachman, F S P, 2.4.2013, p. A-10).



A reativação coloca em grave risco toda a península coreana e por extensão toda a humanidade. Um acidente nuclear no reator pode simplesmente acabar com a Coréia do Norte que não tem condições econômicas para controlar uma catástrofe, como o Japão está fazendo em Fukushima e a Ucrânia fez em Chernobyl.



Porém, o mundo mudou em setembro de 2013.  O presidente russo Vladimir Putin, agiu com um estadista, e deu uma formidável mostra de ação efetiva para a paz mundial ao propor a desativação do arsenal químico da Síria para evitar um ataque americano que poderia incendiar a região e alastrar o conflito para outras regiões.



O regime norte-coreano é responsabilidade direta da China. É hora de o governo chinês fazer a mesma coisa, obrigando o governo norte- coreano a desativar definitivamente esse reator, evitando o risco de um acidente de consequências imprevisíveis que pode afetar até a própria China e a toda a humanidade.

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