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Poesias-->24. NA CORDA BAMBA -- 16/03/2003 - 08:21 (wladimir olivier) |
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Eu trago esta minh’alma arrependida
De vir apresentar os seus enganos.
Mas como desfazer-me dessa lida,
Sem que os esforços sejam tão insanos?
Rogando ao bom Jesus uma saída
Que ajude a mim e a todos os humanos.
Por conta do mistério, se compreende
Que o verso necessita que se emende.
E como atribuir a quem escreve
A dúvida que n’alma inda vigora?
A vida é passageira e é tão breve:
Por que é que a compreensão tanto demora?
Isso acontece quando o fardo é leve
E não se joga a sorte porta afora.
Então, qualquer bondade nos ensina
Que é fácil de viver pela Doutrina.
Entusiasmado com o verso acima,
Estimulei o meu compadre aqui.
Não vou querer prodígios com a rima:
Por ora basta o som que consegui.
O som é nobre, quando legitima
Toda verdade original, por si.
Quem lê um verso sem sentir-lhe amor
Vai perguntar por que se vem compor.
Eu faço versos sem compor poesia,
Metrificando apenas esta prosa.
Bem sei que toda a gente não diria
Estar assim ruim, quanto é bondosa.
Quem conhece de trova, todavia,
Está a comentar: — “Esse não glosa.
Dá cumprimentos com chapéu alheio.;
E, se fizermos isso, diz que é feio.”
No entanto, aqui verseja um companheiro
Que traz “o coração feito em pedaços”.
E quando uma oração simples requeiro,
Eu tenho de seguir estes compassos.
É regra que se dá no mundo inteiro,
Pois são sagrados todos os espaços.
Quem não respeita o cobro dessa lei,
Quando chamado, vai dizer: — “Não sei...”
Ao aprender, alguma coisa ensino,
Pois o meu treino está sendo aprovado.
Não vou, porém, chamar ninguém “menino”,
Já que a lição sou eu quem arrecado.
Os sons, tenho certeza que combino.;
O tema é que merece contestado.
Se alguém quiser examinar a trova,
Talvez alcance da Justiça a prova.
Tanto castigo, aqui, talvez p’ra nada,
Que os meus leitores têm outras tarefas.
Examinar tais versos mais enfada,
Repetições sagazes, sinalefas,
E existe tanto espinho nesta estrada
Que não importa ouvir: — “Bem sei que blefas!...”
Depois de versejar com tanta verve,
Aí, sou eu quem diz: — “Isso não serve...”
Lá no começo, as dúvidas eu pus,
Que até no fim estão por toda a parte.
Eu afirmei que o bem vem de Jesus,
Sem me importar ser prosa esta minh’arte.
Agora quero que se acenda a luz,
Pois não se aceita aqui qualquer descarte:
Ou bem o caro amigo cria jeito,
Ou bem não haverá de ser aceito.
Duplo sentido tem a minha frase:
Cabe a você vestir a carapuça.
Se for pequena, há de dizer um: — “Quase!...”
Se for mui grande, a coisa há de estar ruça.
De qualquer jeito, agora é só uma fase,
Mas, quando alguém de fato a mente fuça,
Prepare-se p’ro choro convulsivo,
Ou venha aqui escrever, dando de “vivo”...
Andei na corda bamba dos meus versos:
Senti que balançava e não caí.
Não quis saber o quanto são perversos:
Fechei os olhos.; fiz que não ouvi.
No fim, brinquei, que os lucros são diversos:
Quanta alegria existe, se alguém ri!
Por Deus do céu, quem estiver comigo
Emende o verso: fuja do perigo!...
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