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Contos-->Tudo recomeçou......parte 2 -- 11/01/2003 - 20:32 (Lucilene Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vou sair e busca novos rios, novos mares.
Vou seguir a direção da minha Estrela, lembra? Te mostrei ela.
Às vezes pensava que você era louca, mas continuei ali só ouvindo:
-Quero conhecer o mundo, quero viajar, conhecer novos povos.
Quero, me dar a chance de viver intensamente, não quero passar pela vida, quero vive-la.
Dei risada e imaginei, que você era mesmo maluca.
Vivia sonhando acordada, como você achava possível conseguir tudo aquilo.
Era apenas uma garotinha frágil e sonhadora.
Mas de repente você levantou-se e falou:
-Não precisa acreditar em mim se não quiser, mas também não duvide. Melhor eu ir embora.
Tchau!
Você saiu tão rapidamente que nem tive tempo de me desculpar.
Cheguei em casa e fiquei me lembrando de suas palavras.
Logo depois do jantar, meu primo me chamou e disse:
-Esta tudo bem?
Você me parece preocupado, que houve?
Então contei a ele tudo que havia acontecido e ele me falou:
-Não sou ninguém para te dar conselhos, mas acho melhor se afastar da Izabel!
Achei estranhas aquelas palavras e perguntei o por que:
-Carlos, você foi criado e educado pra ser um Padre.
Acho que nunca imaginou que um dia iria se apaixonar, não é mesmo?
Apaixonar-me? Que conversa era aquela? Do que Cláudio estaria falando?
E ele continuou:
-Então se você realmente quer ser Padre, é melhor ir embora daqui.
Cada vez mais achava aquela conversa confusa e não me contendo:
-Do que você esta falando?
Por que acha que devo ir embora?
E Cláudio com ar irônico me respondeu:
-Mesmo sendo um seminarista, duvido que não tenha percebido o que Izabel esta fazendo com você.
Você esta apaixonado por ela e ela por você.
Se você quer mesmo ser Padre, esqueça ela e vá embora.
Fiquei furioso e respondi:
-Como você acha possível eu estar apaixonado por uma garota que mal conheço?
Ela é só mais uma das muitas que já conheci.
Cláudio sorriu e disse:
-Se você acha isso me responde, por que se importa tanto com ela?
Por que toda vez que fala dela, seus olhos brilham?
Estava furioso, mas não tinha resposta.
Calei-me e sai.
Lá fora a Lua brilhava e o Céu estava repleto de Estrelas.
E a sua Estrela estava lá, brilhando e me lembrando de suas palavras.
Na manhã seguinte resolvi que já era hora de voltar.
Não queria mais ficar ali.
Despedi-me de todos e fui para rodoviária.
Estava lá esperando o ônibus, quando de repente você apareceu.
Olhou-me com tristeza e disse:
-Já vai embora? Não gostou da nossa cidade?
E eu quem nem sabia o que responder, burramente disse:
-Vou atrás da minha realidade, e ela não esta aqui.
Você sorriu, mas foi um sorriso triste.
Se afastando disse:
-Espero que você consiga ser feliz. Embora essa sua realidade não seja a sua verdadeira felicidade.
O ônibus chegou eu embarquei e quando passei por você, pude ver que estava chorando.
Aquilo me deixou arrasado, mas eu não conseguia entender o por que.
Durante toda a viagem, você esteve em meus pensamentos. Não conseguia esquecer você.
Lembrava de você chorando e meu coração ficava apertado.
Assim que cheguei no colégio, liguei para Cláudio e pedi que me desse seu telefone, eu precisava falar com você.
Mas a resposta que tive me assustou:
-Sinto muito Carlos, não vou fazer isso.
Deixe ela em paz. Ela não merece ser iludida.
Não queria iludir ninguém só queria tentar entender, por que você tinha agido assim.
Mas concordei com Cláudio e desisti da idéia.
Como fui covarde. Devia ter insistido e te ligado. Mas eu era assim mesmo, covarde e acomodado.
Os dias foram passando, eu sempre sonhava com você.
Nas aulas às vezes me perdia em recordações, às vezes até, tinha vontade de chorar.
Tudo isso começou a me incomodar muito e meu professor o Padre Diego percebendo, mandou me chamar para conversar.
Ele já era um homem idoso, tinha uma expressão serena e eu me senti seguro para abrir meu coração.
Então ele começou a falar:
-Percebi que você anda meio alheio a tudo desde que voltou das férias.
Não sei o que aconteceu por lá, mas vejo que você esta precisando desabar, se confiar em mim, estou aqui.
Fiquei com medo, mas precisava falar com alguém e então comecei:
-Sei que o senhor pode achar estranho o que vou dizer, mas conheci uma pessoa que mexeu muito comigo. Penso nela todo o tempo e não sei como lidar com esse sentimento.
Padre Diego sorriu e disse:
-Paixão?
Esse é o sentimento que você não consegue entender?
Ele tinha encontrado a palavra certa, mas eu não queria admitir isso.
Fiquei calado e continuei a ouvi-lo:
-Meu filho, todos somos falíveis, não é porque você tenha escolhido ser Padre, que estará livre desse sentimento.
Muitos de nos já passamos por essa provação, só vai depender de você.
Ou você supera ou deixa tudo e vai vive-la.
Só você poderá fazer essa escolha.
Nesse momento comei a chorar e nem conseguia falar e então ele sentando-se a meu lado disse:
-Calma filho. Sei o que você esta sentindo, também já fui jovem e passei por isso.
Também me apaixonei e tive que fazer essa escolha, que agora te proponho.
Só que eu errei e quando tentei consertar era tarde.
Por isso, pense bem. Não vai querer ficar velho como eu para se arrepender da escolha vai?
Não consegui responder, só olhei nos olhos dele, me levantei e sai.
Agora tudo ficava ainda mais difícil.
Jamais voltaria atrás em minha decisão.
Tinha feito minha escolha, então iria esquecer aquela aventura e seguir meu destino.
Só não sabia que seria tão cruel.
Os anos se passaram, nunca mais tinha voltado a sua cidade. Até que um dia, quando já era Padre, fui chamado para ser assumir minha comunidade.
E por incrível que pareça, o destino me preparou uma cilada.
Fui enviado para a sua cidade, de onde anos atrás tinha partido para fugir de uma aventura. E agora eu estava lá novamente, e desta vez como Padre.
Assim que cheguei fui muito bem recebido por todos.
Na primeira missa que realizei, pude ver alguns rostos conhecidos.
Mas você não estava lá.
Logo após a missa, fui à casa de meus tios para almoçar e matar saudades.
Todos estavam bem, a casa agora estava cheia de crianças, meus primos haviam casado e estavam lá com suas famílias.
Fiquei encantado com o clima que existia ali.
Há muito tempo não sentia isso, há muito tempo não participava de uma reunião familiar.
Após o almoço, as mulheres foram cuidar das louças, as crianças saíram para brincar e nos os homens sentamos na varanda da casa para conversar.
Cláudio, também havia se casado e já tinha dois filhos.
Mas sua expressão não era de muita felicidade. Então o convidei para dar uma volta e conversarmos, ele aceitou e fomos.
Durante algum tempo, nos mantivemos calados.
Até que ele falou:
-Você hoje deve estar muito feliz.
Pois a primeira missa deve ser a melhor e mais esperada, certo?
Sorrindo, eu disse:
-É você tem razão. Foi muito emocionante, mas confesso que fiquei meio assustado.
Sorrimos e continuamos a caminhar, então você me perguntou:
-Carlos, você é totalmente feliz?
Achei estranha àquela pergunta, mas como já havia notado sua expressão de preocupação:
-Ninguém jamais é totalmente feliz, mas sou feliz sim, e você?
Cláudio sorriu e disse:
-Até sou, mas.......
Mas?O que ele estaria querendo dizer com aquele, mas?
E sem pensar eu disse:
-Você tem uma família linda. Seus filhos são sadios e perfeitos, sua esposa parece ser uma boa pessoa, o que você acha que esta faltando?
Cláudio sorriu tentando disfarçar e respondeu:
-Você mesmo disse, ninguém pode ser totalmente feliz.
Eu tive uma oportunidade de buscar essa felicidade total e acho que não insisti o suficiente.
Agora tenho que ser feliz, com essa que escolhi.
Ainda não havia entendido e novamente perguntei:
-Mas por que deixou que essa chance passasse, porque não a insistiu?
Cláudio disse:
-Às vezes as pessoas não são como parecem ser.
Eu amava muito uma garota, mas ela não me amava.
Deixei que ela partisse, sem nem ao menos tentar conquista-la, quer dizer, tentar ate que tentei, mais poderia ter insistido mais, ou quem sabe, partido com ela. Fui prepotente, arrogante e orgulhoso demais para lutar por ela e por seu amor.
Hoje vivemos em mundos diferentes, sempre que possível nos falamos e sinto que ela também não é feliz, mas não é minha culpa.
Não entendia nada. Do que Cláudio estaria falando?
Mas mesmo assim não o interrompi.
-Ela é uma pessoa diferente de nos, tem seu objetivos, razões e sonhos.
Não fui capaz de faze-la aceitar meu amor, pois em seu coração já existia outro, e até hoje é ele que mora lá.
E você, você conseguiu realizar todos os seus sonhos?
Você sente-se completamente feliz?
Está satisfeito com sua vida?
Nesse momento, lembrei-me do quando havia sofrido há alguns anos atrás e respondi:
-Na vida Cláudio, nem sempre conseguimos realizar todos os nossos sonhos.
Às vezes esses sonhos poderiam mudar toda a nossa vida, mas por medo, covardia, insegurança, nos preferimos deixa-los lá.
Deixa-los apenas sendo o que são, “sonhos”.
Sou feliz com a vida que escolhi, sou feliz por ter feito meus pais felizes, sou feliz por estar aqui agora, junto a vocês.
Será que isso não é o suficiente?
Cláudio me olhou, baixou os olhos e nem respondeu.
Nossa conversa ficou assim, meia que inacabada.
Talvez, porque nenhum de nós, tivesse a coragem de abrir seu coração ao outro. Mas devíamos ter feito isso.
Os dias e meses foram se passando.
Num domingo, que eu achava fosse comum, como tantos outros. Estava eu na igreja, realizando a missa. E como de costume a igreja estava repleta. Quando de repente....
Olha!
Alguém aponta para porta e todos se viram para olhar.
Eu do altar já havia visto, que uma linda jovem, estava parada a porta e observava a todos. Mas nem podia imaginar que era você.
A missa foi interrompida e todos começaram a falar, fazer comentários e você meia que sem jeito, caminhou pelo corredor lateral e foi ao encontro dos seus pais.
Pedi silencio e continuei a missa. Mas às vezes me pegava te olhando e tentava disfarçar.
A missa terminou e todos começaram a sair, e como de costume eu ficava a porta e cumprimentava um a um.
De repente, lá estava você.
Jovem, linda, com um brilho no olhar que me deixou enfeitiçado. Sorrindo me disse:
-Parece que a Mariana tinha razão. Só mesmo numa igreja eu poderia te reencontrar.
Você esta bem?
Tentei disfarçar minha emoção e respondi:
-Bem obrigado. E também feliz em revê-la.
Você sorriu e se afastou. Sua mãe se aproximou e me disse:
-Padre venha almoçar em nossa casa.
Preparamos um almoço especial para comemorar a volta de Izabel. Gostaríamos de contar com o senhor também.
Meio que sem ter o que dizer sorri e confirmei minha presença.
Quando cheguei a sua casa, vi que muitos de seus amigos já estavam lá.
Até mesmo o meu primo Cláudio, me senti mais à vontade com isso.
Você estava radiante, feliz e dava atenção a todos.
Eu de longe só observava, até que alguém, batendo em meu ombro disse:
-Ela parece mais linda do que antes, não acha?
Virei-me e era Cláudio, que tinha um copo de cerveja na mão, estava meio que embriagado.
Então respondi:
-Ela sempre foi linda, só que agora se tornou uma mulher.
Mas mesmo assim, ainda tem aquele jeitinho de menina assustada.
Rimos com isso e Cláudio disse:
-Sempre tive medo desse dia.
O dia em que teria que olhar para ela de novo e saber o quanto fui covarde. Mas parece que não fui só eu.
Nem entendi direito o que ele dizia.
Sabia que já havia bebido um pouco alem da conta.
Mas de alguma forma também me sentia meio inseguro em sua presença.
Você veio ao nosso encontro e sorrindo falou:
-Que bom que vocês vieram. Senti falta de todos, mas confesso que de vocês dois, eu senti muito mais.
Cláudio que já estava bêbado falou:
-Verdade? E porque nos deixou então?
Você ficou sem graça e percebendo que Cláudio estava embriagado disse:
-Vamos conversar no meu quarto, vem.
Carlos, você me ajuda a leva-lo até lá?
Nos três caminhamos discretamente pela sala e fomos direto para o seu quarto.
Pusemos Cláudio deitado em sua cama e você docemente começou a falar com ele:
-Por que esta agindo assim?
Onde esta Mariana, ela não quis vir?
E Cláudio chorando respondeu:
-Ela não quis vir, ela sabe.
Sabe o que? Do que estariam falando?
E Izabel com toda paciência do mundo, começou a falar:
-Já faz tanto tempo. Por que você ainda se comporta assim?
Falei-te quando parti, que gosto muito de você, e repeti varias vezes isso, quando nos falamos por telefone.
O tempo passou Cláudio, as coisas mudaram, você hoje é casado, tem uma família linda e ainda insiste nisso?
Até quando você vai me magoar, com essa sua atitude?
Eu não entendia mais nada, mas continuava calado ali e ouvindo.
Foi então que Cláudio, sentando-se na cama respondeu:
-Lembra Izabel?
Sempre te disse que o amor só acontece uma vez na vida, apesar de ter me casado é você que eu amo.
E você que vou amar pra sempre, mesmo sabendo que seu coração pertence ao Carlos.
Nesse momento, você se transformou e eu não a reconheci.
Foi curta e direta em suas palavras:
-A quem pertence ou não meu coração, não é de sua conta. Sempre fui sua amiga e tentei ajuda-lo. Agora você age assim, acha que bebendo vai conseguir mudar alguma coisa?
Você esta agindo como uma criança, que sempre quis ter um brinquedo, e mesmo não o conseguindo, insiste.
Mesmo que para isso tenha que pisar e usar as pessoas.
Acha que bebendo vai ter meu amor?
Não, nem mesmo por piedade eu faria isso.
Você sim errou. Por que se casou se nunca amou a Mariana?
Por que teve filhos com ela?
Agora acha que esta sofrendo?
E ela, e os seus filhos, como vão ficar quando souberem que você esta fazendo esse papel de criança mimada diante de seus amigos?
Eu que estava calado me perguntava o que estaria acontecendo ali.
E por que Cláudio havia dito, que era eu quem ela amava?
Mas em momento nenhum tive coragem de interferir e continuei a ouvir:
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