Pra falar com abestado
Tem que falar só besteira
Se te passar na peneira
Só vai sobrar o passado
Será triste o resultado
Vi que gosta de blefar
Fica louco pra enganar
Querendo ser muito macho,
Mas eu logo te despacho
E acabo com o teu penar.
Cê nem conhece cordel
Nem sabe o que tá falando
Muda assunto retrucando
Nunca viu um menestrel
Teus versos são dum berel
Nada disse cê me cobre
Tua rima é muito pobre
Sem lógica e sem sentido
Quem cantar com o ouvido
Não pode ser muito nobre.
Primeiro fala um assunto
Confunde tudo de novo
Pare com esse estorvo
Ou você vira um defunto
Na hora queu chego junto
pra acabar tua trapalhada
Deixo tua língua enrolada
Vai deixar de ser metido
Cabra assim meio enxerido
Fala muito e não diz nada.
Ignorante é sua pessoa
Que herdou isso do pai
Inventa coisa e não sai
Não garimpa coisa boa
Com essa cara de broa
Só tem verso sistemático
Não é um sujeito prático
Não canta nada direito
No verso perde o respeito
Se tornando antipático
Teu cheiro é de amargar
Eu já disse e até grito
Se precisar eu repito
Cê fede mais que gambá
É difícil suportar
Até um pai de chiqueiro
quando sente teu cheiro
Sai correndo sem parar
Depressa vai se lavar
Toma banho o dia inteiro.
Zé Ferro vou te levar
Pra casa de Asmudeu
Onde o cão se perdeu
e logo cê vai penar
nem adianta chorar
Insinuando mentira
No teu reduto se vira
sou Manezinho de Icó
Canto feito um curió
Quando Lili me inspira.
Eu tenho a mente sadia
A tua é que nem geléia
Você fala igual uma véia
Teu ferro não tem valia
Não passa de porcaria
Como é teu argumento
Falta cérebro cinzento
Nessa tua mente obscura
Sendo pobre criatura
Da pobre rima detento.
Deus me livre de imitar
A tua histeria louca
Você que dorme de touca
Se metendo a brigar
Vai morrer de apanhar
Até um dia aprender
Que mulher só quer fazer
Com um homem de verdade
Você não é nem metade
Pra elas não dá prazer.
Teu orgasmo deve ser
Produto de uma aposta
Numa promessa imposta
Difícil de entender
Até mesmo pra você
Você num passa no teste
Nunca faz nada que preste
Se mete com cara brabo
Escorrega no quiabo
Fica sofrendo inerte.
Sou garanhão de primeira
Coice pra mim é carinho
No atalho do caminho
Eu faço a brincadeira
Monto sem fazer besteira
Deixo ela me apreciar,
No galope aproveitar
Esse amor em disparada
Vai ser feliz bem amada
para sempre me agradar.
Cala a boca encriciado
Eu não sou da tua laia
Pede licença e saia
Cê tá muito deslumbrado
vai ficar destinhorado
Querendo ser muito macho,
Mas só serve pra capacho
Se prepare pro pavor,
Porque bonzinho não sou
Vou te cozinhar no tacho.
caboclo cê me respeite
Eu nunca bebo cachaça
Só no vinho acho graça
Esse é o meu deleite
Minha finura aceite
Não me compare a você
Que passa a vida a beber
Numa vida de cachaceiro
Se embebedar primeiro
Esse é seu único lazer.
Quem nada sabe na vida
Nada na vida ensina
levar porrada é sina
com vontade enrustida
Na existência perdida
Procurando o que fazer
Naquele ser ou não ser
Não está lá, nem aqui
Fica enganando a Lili
mostrando falso poder.
O que cê precisa agora
É aprender a cordelar
Senão eu vou te jantar
Sem nem escolher a hora
É melhor ir logo embora
Pede desculpa é sai
Pega a viola e vai
Para outra freguesia
Se mande dessa porfia
Peça ajuda ao seu pai.
A tua mente é cansada
Qualquer esforço é demais
Nem pra pensar é capaz
Não agüenta essa parada
Se mande não pense nada
Nem fique aí resmungado
Como asno relinchando
Zé Ferro é meio biró
Sou Manezinho de Icó
o que ta te massacrando.
